A ira de Mohamed

4.3K 280 29
                                    

Mohamed continua com o chicote nas mãos olhando de forma extremamente ameaçadora para Aisha, quando ele questiona mais uma vez:

- Aisha. Essa é a ultima chance que estou te dando antes de lhe bater até que eu não aguente mais. Quem lhe deu esse livro?

Aisha estava com muito medo da ameaça do pai, mas decidiu proteger Caivan e sua família a todo custo. E então ela decide dizer a primeira versão que havia inventado:

- Papai, eu juro, encontrei esse livro caído no pátio da escola e como tinha muita curiosidade em saber o que dizia, eu o trouxe para casa e comecei a lê-lo, mas sem nenhuma intenção adicional.

Mohamed responde insatisfeito com a explicação, com outra pergunta:

- Você sabe que esse livro é proibido nessa região?

- Sim papai, eu já ouvi dizer que poderia ser presa, simplesmente por estar portando esse livro. Responde Aisha de forma triste.

- Não só você Aisha, mas eu também iria ser preso por sua culpa caso alguém encontrasse esse livro aqui em casa. Mas que despropósito e falta de responsabilidade essa sua! Diz ele esbravejando enquanto acerta as primeiras chicotadas violentamente contra o corpo da filha, que tentando se proteger vira de costas, quando ele intensifica ainda mais as pancadas sobre a parte de traz do seu corpo coberto pelas roupas.

Aquelas chicotadas batiam com extrema violência, principalmente em suas costas que estavam cobertas pelas roupas espessas usadas na região, mas que pareciam não proteger nada, tamanha a dor que Aisha estava a sentir. Era como se algo queimasse a suas costas a cada batida sonora daquele instrumento contra o seu corpo. Como o seu pai estava muito nervoso, as batidas eram intensamente fortes, cadenciadas e com muita velocidade. E aquilo causava uma agonia intensa a Aisha, que estava a gritar como nunca na sua vida de tanta dor e desespero. Após acertar aproximadamente 30 chicotadas nas costas e nas nádegas de Aisha, Mohamed dá uma pequena pausa e volta a questionar a garota onde ela havia encontrado aquele livro.

Aisha estava incontrolável, o seu corpo na parte da costas estava a queimar feito brasa, ela não conseguia parar de chorar compulsivamente. Era uma dor insuportável. As surras que já havia levado não chegavam nem próximas da violência em que seu corpo estava a sofrer nesse momento e, olha que o seu pai sempre foi extremamente severo em sua educação, a punindo fisicamente de forma muito constante durante a sua infância e depois disso.

Ela tenta parar de chorar e tossir para responder, mas as lágrimas não param, ela começa a soluçar de forma espontânea em uma reação fisiológica do seu corpo, enquanto tentava controlar o choro para tentar algum dialogo, mas essa tentativa também era em vão. Com o tempo passando as suas costas pareciam esfriar nos pontos incandescentes atingidos pelas chicotadas, mas a reação do seu corpo trazia uma dor latejante naqueles locais, que iam e retornavam segundo a segundo.

Depois de mais ou menos uns dois minutos sentado a observar a reação da filha, que estava a soluçar deitada no chão, Mohamed pergunta novamente:

- Aisha, eu quero a verdade. Você vai me dizer quem foi que te deu esse livro proibido? Questiona o seu pai.

- Papai, eu já te disse. Diz Aisha gaguejando em meio aos soluços.

- Aisha, não seja boba, eu te conheço desde o dia em que você saiu da barriga de sua mãe. Eu sei plenamente quando está falando a verdade e quando está mentindo. E você vai me contar quem foi, por bem ou por mal, com mais sofrimento ou menos sofrimento, precisamos extirpar esses vermes da nossa comunidade e eu não vou sossegar enquanto você não me ajudar a fazer isso, nem que tenha que te bater até que você não aguente mais. Diz Mohamed de forma decidida.

- Papai. Por favor, não seja tão mal comigo. Eu sou a sua filha. Você já me bateu demais, de uma forma que nunca apanhei em minha vida. Eu nem sabia que era possível sentir tanta dor. Eu não vou mais aguentar toda essa violência por muito tempo, eu só tenho 14 anos. Por favor, não me agrida mais. Pede Aisha de forma desesperada.

- Aisha, eu sou seu pai, e quero ouvir a verdade. Eu estou te dando uma ultima chance antes que eu perca a paciência novamente. Quem te deu esse livro? Questiona novamente Mohamed.

- Eu já disse papai. Eu achei. Responde Aisha novamente, quando os eu pai se levanta com o chicote em mãos e começa a bater novamente, de forma ainda mais extrema contra o seu corpo.

Como reação, ela vira novamente as costas, mas os impactos estavam tão fortes e intensos, que ela não estava mais aguentando tanta dor naqueles locais já machucados. O seu choro vem de uma forma constante e avassaladora, o seu corpo começa a tremer insistentemente. Ela começa a pular de forma quase que fisiológica de um lado para o outro, como se aquilo pudesse a proteger de toda aquela dor de alguma forma, mas tudo aquilo era inútil, nada a protegeria daquele terrível chicote e dos violentos golpes deferidos pelo seu pai.

Aisha se desespera em meio a tanta violência, mas o seu pai não se comove, e a agride cada vez mais de forma violenta, pela reação insolente da filha o que para ele era considerado uma desonra, haja vista que uma mulher jamais poderia desafiar um homem, ainda mais sendo a sua filha.

A força que estava a deferir golpes na jovem, logo fez com que a sua pele começasse a cortar, mesmo estando embaixo da roupa, e, em meio a todo aquele sofrimento, tudo que a jovem conseguia fazer era tentar se movimentar para reduzir a força dos impactos, gritar e chorar desesperadamente.

Apenas depois de aproximadamente 10 minutos de golpes contínuos e muito intensos, atingindo, aproximadamente umas 80 chicotadas é que Mohamed finalmente parou cansado e ficou a observar a filha e o seu intenso sofrimento.

Aisha estava a tremer intensamente, parecia estar sofrendo uma convulsão de tão violento que eram os seus movimentos de espasmos corporais. Tudo aquilo havia sido muito mais intenso do que ela estava apta a suportar. O seu pai havia passado de qualquer limite razoável de punição a uma jovem e frágil criança, mas para aqueles homens, em uma sociedade totalmente machista, conservadora e patriarcal, tudo aquilo, não significava nada e se ele precisasse continuar a punição a Aisha, até que ela não aguentasse mais e dissesse toda a verdade ele continuaria.

Ele aguarda a jovem recuperar as suas condições de falar. Percebe que as suas costas estavam encharcando as suas roupas, possivelmente de sangue dos cortes de sua pele e com o tempo Aisha vai se acalmando, parando os soluços e conseguindo tentar parar de chorar novamente. As dores eram tão intensas que ela não sentia mais a sua pele, somente dores no local, que com o tempo foi amortecendo, até que tudo adormeceu, como se estivesse anestesiado. Parecia que a endorfina já havia sido espalhada por todo o seu corpo, pois a dor havia cessado quase que completamente. Tudo que ela sentia era o seu corpo a tremer, como nunca tinha visto na vida e os seus pensamentos confusos em meio a todo aquele desespero. Quando Mohamed diz novamente:

- Aisha, você ainda não me respondeu o que eu quero saber. Onde encontrou essa bíblia?

- Papai. Diz Aisha gaguejando. Eu não aguento mais, o senhor vai me matar e não irá acreditar em mim. Eu disse ao senhor que eu encontrei esse livro na escola. Eu não tenho mais o que dizer quanto a isso. Olha a situação em que estou, toda machucada, cortada, o sangue está a escorrer sobre o meu corpo, estou sendo punida como nunca fui em minha vida, acha que não diria a verdade, caso tivesse outra verdade? Questiona Aisha.

- Eu acho que você está protegendo alguém. Mas isso não me importa Aisha, eu vou descobrir. Por hoje eu já estou cansado de te punir. Acho que foi o suficiente, mas amanhã voltarei a lhe interrogar e prometo a você que será muito pior a sua punição, caso não me diga toda a verdade. Diz Mohamed de forma direta.

Aisha fica totalmente desesperada com aquela fala. Ela pensa que não aguentaria outra punição com tamanha violência quanto aquela. Então ela vai tentando se levantar devagar em frente ao seu pai, sem dizer uma só palavra e quando consegue se dirige a sua cama e deita de bruços, por saber que seria impossível deitar com as suas costas viradas para a cama, haja vista, que elas se encontravam totalmente machucadas. 

Casamento forçado e abusivoOnde histórias criam vida. Descubra agora