A chegada ao templo

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Osnin chega ao templo e percebe que ele estava muito movimentado naquele dia. Por ordem do presidente daquele Conselho a reunião teve o seu início adiado por uma hora o preocupando ainda mais intensamente. Osnin sabia que aquele adiamento tinha relação com a reportagem que teve a participação de sua esposa.

Enquanto ele estava sentado em uma cadeira daquele templo, muitos testemunhas presentes naquele espaço na hora da conversa de Aisha foram conversar com Osnin:

- Senhor. Eu tenho que te dizer que o que a sua mulher fez foi muito errado. Eu e esses homens estávamos presentes no dia e temos certeza que foi Aisha que disse aquilo que foi publicado a uma mulher desconhecida. Diz um dos homens.

- E como isso aconteceu? Questiona Osnin demonstrando muita preocupação. Aqueles senhores que estavam presentes a falar com Osnin faziam parte de um grupo de pessoas muito religiosas e respeitadas naquela cidade. Com eles dizendo que Aisha cometeu esse erro ele não teria como negar. Isso realmente aconteceu e agora Osnin tinha certeza disso.

- Ela chegou acompanhada de sua esposa Parisa. A Parisa foi para a parte da frente do templo enquanto ela ficou na parte de trás, por isso a sua esposa mais velha não viu nada. Depois de um tempo chegou uma mulher misteriosa e começou a conversar com Aisha, que disse a ela que não se sentava porque estava a sentir dores por estar sendo castigada pelo senhor diariamente.

Osnin fica estático sem saber o que dizer naquele momento, quando um outro senhor daquele grupo diz:

- Ao final daquele diálogo eu disse a ela que o que ela fez foi muito errado e que não deveria ter dito aquilo. Que aquele assunto era pessoal e que ela tinha que resolver isso com o senhor. Eu esperei encontrar o senhor para lhe dizer o que havia ocorrido aqui, mas, não o encontrei nos últimos dias. Então essa reportagem veio prejudicando intensamente a imagem do nosso regime, da nossa religião e da nossa comunidade. Diz aquele homem em tom preocupado.

- Eu vou ver o que posso fazer. Agradeço intensamente o relato dos senhores. Eu vou resolver isso com Aisha e prometo a vocês que ela será intensamente castigada como merece ser pelo que fez.

- Esperamos que o senhor faça isso, pois, caso não aconteça nada com ela, as outras mulheres poderão se sentir encorajadas a agir da mesma forma e a nossa comunidade poderá cair em desgraça caso as mulheres se rebelem contra as nossas ordens ou comecem a questioná-las.

- Eu entendo a preocupação dos senhores, ela é uma preocupação minha também. Hoje mesmo Aisha será castigada pelo seu erro e eu encaminharei um recado público para que digam as suas mulheres o que ocorreu para que elas não tenham coragem de cometer o mesmo erro que a minha mais jovem esposa pode ter cometido.

- Ficaremos aguardando o seu comunicado senhor. Muito obrigado!

- Eu que agradeço os senhores! Diz Osnin, enquanto vê aqueles homens se afastarem e ele passa as mãos sobre os cabelos demonstrando uma intensa irritação e preocupação, com o que seria de sua reputação daquele momento em diante.

Aisha jamais imaginava que aquele pequeno diálogo que teve com aquela mulher poderia trazer consequências tão pesadas para ela. A jovem ainda estava em casa a se recuperar da violência que havia sofrido no dia anterior. Quando acordou ela estava a sentir intensas dores nas partes atingidas de seu corpo e em seu rosto que estava intensamente machucado pelos socos que Osnin havia a ministrado. Felizmente aquela jovem ainda não sabia de nada sobre aquela situação, pois se soubesse, provavelmente, ficaria extremamente desesperada.

Certamente, aquela repórter e defensora dos direitos das mulheres não imaginava que Aisha poderia ser condenada por aquela parte da história relatada por ela no jornal, quando disse aquilo. Pois, no momento da entrevista, ela imaginava que ninguém estava a observar aquele contexto ou que aquele diálogo não fosse levado tão a sério por aquela comunidade, já que apenas poucas pessoas haviam o presenciado.

Minutos depois de terminar a entrevista, quando foi para casa, ela raciocinou sobre o que havia dito e percebeu, tardiamente, que tinha dado muitos detalhes sobre a localização, idade e características da jovem com quem teve aquele diálogo. Depois de pensar, ela ficou muito preocupada, mas a aquela altura não tinha mais o que fazer, pois, já havia até saído da cidade sob domínio dos rebeldes o qual havia concedido aquela entrevista que seria publicada em um jornal semanal de grande circulação no país naquele domingo.

Então, quando aquela reportagem foi publicada, logo os moradores daquela cidadeligaram aquele contexto e as características de Aisha a aquele fato relatado. Aquelessenhores, extremamente conservadores, logo espalharam que Aisha era aresponsável por aqueles dizeres. Assim, a falta de cuidado da ativista comrelação as características de local, data e da pessoa com quem trocou aquele diálogo, visando proteger a pessoa relatada, poderá custar muito caro ajovem Aisha. Em uma sociedade conservadora como aquela, qualquer pequeno erropor parte das mulheres, sejam elas moradoras comuns ou ativistas, tendem agerar consequências terríveis as mulheres envolvidas. Todo o cuidado era poucopara preservar as mulheres durante aquele regime!

Casamento forçado e abusivoOnde histórias criam vida. Descubra agora