Após Rashid se despedir, Osnin subiu imediatamente aos quartos de Parisa, Marian e Aisha, chamando as suas esposas Parisa e Sonia e a sua mãe para uma conversa na parte de baixo daquela casa. Muito assustadas, elas descem imediatamente, quando Osnin começa a dizer:
- Minhas esposas e minha mãe, recebi a notícia agora a pouco de que a nossa cidade está prestes a ser invadida e que as nossas rotas de fuga estão sendo fechadas.
- Não diga isso meu filho! E o que vamos fazer? Questiona Marian em tom desesperado.
- Ainda não foram fechadas minha mãe, serão interrompidas provavelmente amanhã bem cedo. Por esse motivo precisamos sair da nossa cidade em fuga ainda nessa madrugada.
- Nossa! Diz Parisa também assustada.
- Diante dessa situação extrema eu peço a vocês que preparem tudo, pois, essa madrugada sairemos da cidade. Precisamos fazer isso o mais rápido possível. Eu irei dormir um pouco e assim que acordar todos partimos.
- Eu entendo meu filho. Nós já arrumamos tudo, só estávamos aguardando a sua recomendação. Diz Marian.
- Que bom minha mãe! Então estejam preparadas, partiremos as 4 da manhã!
- Sim senhor. Diz Marian e Sonia, quando Osnin diz:
- Sonia, fique um pouco aqui, quero conversar com você a só. Diz Osnin com um semblante mais fechado.
- Nos já entendemos que é para sairmos não é Parisa, já estamos indo meu filho. Diz Mariam, quando ela e Parisa sobem a escada em direção aos seus quartos.
Ao ver que estava a sós com Sonia, ele diz:
- Como está Aisha?
- Ela está da mesma forma senhor. Você quer que eu a prepare para ela poder ir conosco? Questiona Sonia, com um semblante preocupado.
- Aisha não vai conosco! Diz Osnin em tom direto.
- Como assim senhor? O senhor a levará para o hospital novamente? Questiona Sonia de forma desesperada.
- Não. Aisha ficará aqui!
Quando escuta essa fala, Sonia se desespera intensamente. Ela não acredita que Osnin poderia ser capaz de cometer tamanha atrocidade de deixar alguém tão debilitado e inconsciente em sua cama para morrer sem a possibilidade de se alimentar ou tomar os remédios necessários para a sua sobrevivência. E então ela diz:
- Mas, se ela ficar aqui ela morre meu senhor. Ela ainda está muito debilitada, está inconsciente, não conseguirá se alimentar! Diz Sonia em meio a um desespero enorme perante a fala do seu esposo, gesticulando as suas mãos naquele momento como se interpelasse pela vida daquela jovem.
- Essa é a intensão Sonia. Eu poderia matar Aisha. Esse é o meu grande desejo, mas não farei isso, pois o líder dessa comunidade, pode saber que Wilian pretende ir embora caso Aisha morra e me pegar caso eu a mate. Se isso ocorrer eu ainda posso ser condenado a morte, conforme o líder religioso me ameaçou. Entretanto, se sair daqui sem ela, Aisha vai morrer e eu estarei longe, não sendo condenado por isso. Afinal de contas, eu não a matei. Caso eles me parem no caminho e questionem onde ela está, eu posso dizer que eu estava dando uma saída, mas que iria buscá-la para a fuga. Assim, eles não poderão me condenar.
- Mas, senhor, isso é desumano? Questiona Sonia demonstrando coragem ao interpelar Osnin para que tenha compaixão daquela jovem.
- Desumano é o que Aisha fez comigo Sonia. Ela me tirou tudo. Diz aquele senhor de forma irada em sua fala. Quando Sonia começa a ficar com medo novamente.
- Aisha fica para morrer aqui! Enfim, o meu desejo será realizado e me livrarei dessa mulher que só me trouxe desgosto! Diz Osnin em tom direto e severo, quando Sonia corajosamente diz:
- Senhor, por favor, não deixe Aisha aqui sozinha! Ao dizer isso lágrimas começam a rolar por suas bochechas tamanha a emoção de Sonia naquele momento.
- Eu posso deixar você com ela, o que acha?
- Eu até ficaria senhor, se não fossem os meus filhos que precisam tanto de mim, especialmente, nesse momento de guerra.
- Não diga besteiras Sonia. Você não sabe o que esses rebeldes tem feito com as mulheres das famílias dos conselheiros dos conselhos religiosos para falar dessa forma.
- E o que eles tem feito senhor?
- Eles tem estuprado todas elas e depois as matam.
- E o senhor deixará Aisha passar por isso senhor? Questiona aquela mulher muito angustiada ainda a chorar.
- Aisha está tão debilitada que nem sentiria nada se isso acontecesse. Eu não acho que eles terão coragem de atacar alguém assim. Mas, se tiverem, isso não é problema meu! E chega dessa conversa. Aisha fica e ponto final. Diz Osnin de forma direta.
- Sim senhor. Eu vou acabar de preparar as minhas coisas. E também preparar Aisha para que ela possa ficar bem, pelo menos, nas horas iniciais após a nossa partida. Diz Sonia a chorar ainda mais intensamente, enquanto subia as escadas para ir em direção ao segundo andar daquela casa. Ela havia entendido que questionar Osnin e tentar convencê-lo de salvar Aisha naquele momento seria inútil. Osnin poderia ficar agressivo e as coisas ficarem ainda piores para ela e para Aisha.
Osnin naquele momento, estava com um ódio tão grande de Aisha que não tinha nenhuma compaixão daquela situação em que ela se encontrava. A morte de Aisha naquele momento, para Osnin, era tudo que ele queria. Ele só não fazia uma ação para acabar de vez com aquela jovem, pois, temia ser descoberto e preso antes daquela fuga.
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Casamento forçado e abusivo
General FictionAisha era uma menina que morava em um pequeno vilarejo no norte do Afeganistão. A população de sua região era muito conservadora e extremamente religiosa. Ao chegar na pré-adolescência, ela conheceu um jovem garoto de sua escola, o qual começou a g...