O segundo ato obscuro de Marian

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Após a morte de sua esposa, Andro ficou implacável socialmente. Extremamente revoltado, ele parecia querer fazer todas as pessoas do mundo sofrer. Se tornou extremamente punitivo naquele conselho religioso, estava presente em todas as penas capitais. Adorava acompanhar punições por apedrejamento, as quais ele era sempre o primeiro a jogar a pedra nos condenados, sendo seguido pelos demais. Aquele homem estava completamente revoltado com a sua perda e queria descontar em todos o seu sofrimento.

Em casa as suas ações eram extremamente enérgicas contra as suas esposas e seus filhos que viviam em um ambiente completamente hostil. Se já foram apresentadas situações de extrema violência por parte de Osnin nessa história, essas não chegavam nem perto do nível de violência aplicado contra todos naquela casa por parte de seu pai.

A sua principal revolta era com Marian. De alguma forma, aquele homem colocou na cabeça que a esposa que ele amava havia morrido de infarto graças as raivas que Marian havia a feito passar. Portanto, ele era implacável com aquela sua esposa, criando sempre situações difíceis para ela e a castigando sempre que ela não conseguia sobressair como ele desejava. Depois de muitos erros sucessivos, ele novamente instaurou a punição diária para Marian e era extremamente duro e enérgico na hora de suas aplicações, causando dores insuportáveis a aquela mulher, que já não aguentava mais tamanha violência contra o seu corpo.

Por algumas vezes Andro agia de forma diferente do que a religião pregava para a realização de punições, deixando a sua esposa completamente nua para castigá-la. Esse tipo de ação só era permitido, naquela religião, para atos sexuais visado a procriação. Portanto, aquela ação de Andro era proibida pela religião. Não aguentando mais ser castigada tantas vezes, Marian tomou coragem e foi falar com o líder religioso local que o seu marido estava a puni-la de uma forma proibida segundo as leis sagradas. Então aquele líder repreendeu Andro, que chegou em casa extremamente revoltado com Marian após saber daquela reclamação.

Assim que chegou, ele foi logo ao encontro de sua esposa mais velha com toda a velocidade lhe acertando um intenso soco em seu rosto na frente de todos da sua família, o que a fez cair no chão imediatamente. Osnin vendo aquela ação totalmente desproporcional se seu pai, entrou na frente dele, de forma a evitar que ele castigasse ainda mais a sua mãe. Aquele homem sentiu que Osnin estava a afrontá-lo, algo que era imaginável naquela cultura da época. Ele pediu que Osnin se retirasse imediatamente e o jovem ousou contrariá-lo ficando a frente do seu pai para tentar proteger a sua mãe. Andro, intensamente revoltado, aproximou do seu filho e lhe acertou um soco em seu rosto, que de tão forte, o fez voar longe, fazendo-o cair no chão, já desmaiado. Ele pegou então Marian de forma abrupta e a levou para o quarto em meio a um intenso desespero de todas aquelas pessoas de sua família que estavam na sala. Da forma que ele chegou extremamente nervoso, a sua segunda mulher e os filhos dela achavam que ele poderia matar Marian.

Ele então amarrou Marian contra a cama e começou a castigá-la intensamente com toda a força que tinha, por muitos minutos. Durante esse tempo a sua ira era tão grande que ele chegou a quebrar uma espessa vara nas costas daquela mulher, que estava quase a desfalecer, de tão insuportável que era aquela punição. Mesmo depois de quebrar aquele instrumento, ele pegou outro e continuou, questionando por inúmeras vezes a sua primeira esposa em meio a aquelas punições: - O problema era a roupa, então daqui pra frente a punirei com roupa mesmo, vamos ver se vai aguentar! Gritava ele rispidamente de tempos em tempos. Até que Marian não suportou mais. Depois de aproximadamente 20 minutos de golpes contínuos contra o seu corpo ela desmaiou. Ao ver que a sua mulher não reagia mais a aqueles golpes intensos, e ver que suas costas estavam totalmente envolvidas de sangue, Andro resolveu que aquela surra era suficiente e foi para um outro quarto para dormir.

Marian demorou uma semana para conseguir se levantar de sua cama, tamanha a violência que seu marido havia tratado o seu corpo. Osnin também ficou muito tempo de cama sobre tratamentos médicos a sentir dores de cabeça extrema. O seu pai, mesmo com uma idade mais avançada, a aquela altura tinha 54 anos, ainda era extremamente forte e robusto.

Ao se recuperar daquela intensa violência, Marian ficou com extremo medo de seu marido. Ela sabia que ele não teria limites e poderia matá-la caso ela lhe desse qualquer motivo para isso. A aquela altura, com o avanço do extremismo religioso naquela região em que moravam, situações de morte de esposas não eram muito raras de serem vistas. Então ela preferiu se recolher. Depois de ver que a recuperação daquela senhora demorou muito, Andro resolveu que não iria a castigar diariamente como estava a fazer antes. Achou que ela já havia aprendido a lição e que o respeitaria dali para frente.

Assim que Osnin fez 18 anos, Marian sabia que aquele jovem seria o herdeiro de toda a herança de seu pai, caso ele viesse a faltar. E ela, muito revoltada com o seu marido, depois daquela intensa surra, começou a preparar um plano para que o seu filho e herdeiro pudesse assumir aquela fortuna o mais rápido possível.

Alguns meses depois do aniversário do seu filho ela retornou então na banca daquela senhora e pediu uma nova porção daquele veneno. Antes de ir dormir, fez um chá para o seu esposo e o serviu em um copo com aquela porção. Ele tomou e foi para o quarto, morrendo lá mesmo durante a madrugada, por morte diagnosticada como do coração assim como a sua esposa havia falecido.

Naquele momento, ninguém desconfiou que ele poderia ter sido envenenado e Osnin se tornou o herdeiro dos negócios de seu pai. Dali em diante Marian se tornou então a guardiã o seu filho, teve a sua liberdade intensamente ampliada e cuidou do filho por toda a sua vida, indicando para ele Parisa como a sua primeira esposa e Sonya como a sua segunda. Osnin escutou sempre tudo que a mãe dizia, a consultando sobre tudo em sua vida. A primeira ação de Marian foi pedir para que o filho desse uma parte da fortuna que seu pai havia deixado para Eleni, para que ela pudesse voltar para casa junto aos filhos com algum recurso e ele, como sempre, aceitou. Assim, o restante da fortuna ficou apenas para ele e ela. Qualquer ação realizada por Osnin passava por aprovação de sua mãe. A relação dos dois era muito próxima e ele confiava intensamente na capacidade e na experiência daquela senhora que era extremamente inteligenete.

Após alguns anos, ele recebeu então a proposta de cassamento com Aisha a qual ele aceitou sem conversar com a Marian e ela quando soube que Osnin casaria novamente, se colocou completamente contra, ainda mais quando recebeu a informação de que Aisha era extremamente jovem assim como havia sido Shabana.

Inconscientemente e até mesmo, conscientemente, aquela senhora logo transferiu o ódio que havia sentido por Shabana para Aisha, especialmente após ela fugir daquele casamento desprezando o seu filho. Ela se viu também em Parisa, quando ela foi desprezada por Osnin em detrimento de Aisha e se sentiu na obrigação de intervir pela sua nora favorita.

Uma das grandes revoltas que Marian tinha em sua vida era não poder ter visto Shabana sofrer mais. Aquela mulher foi a responsável por lhe fazer aguentar surras indescritíveis de seu marido e teve uma morte rápida e quase que indolor depois de tomar aquele veneno. No imaginário de Marian ela queria que aquela jovem pudesse ser espancada, pelo menos uma vez em sua vida, para saber o que é sofrer por ser castigada por um marido tão severo quanto era o seu. Essa revolta ela carregou por toda a sua vida.

Mas, quando apareceu Aisha, ela transferiu logo essa revolta para a jovem, que não tinha culpa de nada, mas em sua cabeça representava Shabana. Ela poderia ter matado Aisha em outros momentos através de porções. Afinal de contas, ela já havia feito isso por duas vezes em sua vida, uma terceira não faria grande diferença. Marian também, depois de algum tempo do casamento de Aisha, teve acesso a uma carta que poderia levar Aisha a morte, quem sabe até da forma mais terrível possível, por apedrejamento.

Mas, aquela senhora queria mais. Ela queria fazer com Aisha o que ela não teve oportunidade de fazer com Shabana. Ela queria ver Aisha morrer aos poucos através das severas punições que Osnin iria ministrar. Ela queria que Aisha sentisse na pele o que a esposa mais jovem de seu marido havia a feito sentir. E por isso ela não queria que Aisha morresse de imediato. O castigo de Aisha seria lento e duradouro, assim como ela sempre sonhou fazer com Shabana.

Todo o ódio que ela tinha na vida, pelas simples lembranças daquela jovem esposa de seu ex-marido, foi transferido automaticamente para a mais jovem esposa do seu filho, que no seu imaginário, deveria sofrer tudo aquilo que Shabana não teve tempo de sofrer. E Marian faria o possível e o impossível para que Aisha herdasse todo esse sofrimento que ela sonhava ver Shabana passar. Daí advinha o grande prazer que aquela senhora sentia ao ver a sua mais jovem nora ser castigada severamente pelo seu filho.

Casamento forçado e abusivoOnde histórias criam vida. Descubra agora