O retorno para casa

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Parisa vai caminhando pelas ruas na tentativa de chegar na casa de Rashid. Naquela sociedade uma mulher andar pelas ruas sozinha não era recomendável, entretanto, ela tinha como justificativa que a sua sogra estava internada, que a levou para o hospital e precisaria retornar para casa para pegar algumas roupas. Como o seu marido não estava em casa, ela teve que ir sozinha caminhando pelas ruas. Pelo fato de todos daquela cidade conhecerem Osnin, não seria muito difícil checar a veracidade daquelas informações e por ele ser extremamente importante, por fazer parte do Conselho Religioso, nenhum soldado ou homem da sociedade ousaria castigar uma de suas esposas sem questionar se aquelas informações estavam corretas. Portanto, isso deixava Parisa um pouco mais segura diante daquela situação.

Depois de caminhar por alguns minutos, ela chega a casa de Rashid, o melhor amigo de Osnin. Ele a atende e pede para que ela entre em sua casa. Assim que ela se senta no sofá, ele a questiona:

- A que devo a honra da sua visita senhora Parisa?

- Eu estou muito preocupada senhor. Marian deu um princípio de infarto hoje atarde e foi levada as pressas para o hospital.

- Não me diga isso! Logo agora que Osnin está fora? E como ela está? Questiona aquele homem demonstrando uma extrema preocupação.

- Agora ela está melhor senhor. O médico conseguiu estabilizar tudo, mas disse que outras obstruções podem vir a ocorrer nos próximos dias, por isso, ela ficará em observação.

- Nossa. Então a coisa parece ser muito séria.

- É sim, o médico disse que o ideal era ela fazer uma análise sobre um possível procedimento cirúrgico. Mas, ele recomenda que isso não seja feiro aqui devido a estrutura do hospital. O problema é que os melhores hospitais estão em zonas de guerra e nesse momento ela não teria como fazer esse tratamento. Diz Parisa.

- É verdade. Que pena ter descoberto isso logo agora. Bem, eu posso ajudar em alguma coisa no momento enquanto Osnin está fora? Eu estou a disposição para o que necessitar? Diz Rashid.

- Acho que agora já está tudo bem senhor. O que preciso saber é apenas se o senhor tem alguma informação do Conselho Religioso quanto a previsão de retorno do meu marido. A família está precisando muito dele nesse momento, especialmente a sua mãe.

- Pelas informações que recebi ontem, Osnin chega amanhã mesmo. A sua missão no norte do país acabou e ele já está retornando para ajustar as questões da defesa da nossa cidade e como iremos receber possíveis soldados feridos. Ele deve chegar amanhã logo após o almoço.

- Que bom saber disso senhor. Resolver essas coisas sem um homem, muitas vezes é bem complicado.

- Eu sei como é. Se precisar de alguma coisa nesse momento, eu estou a disposição para ajudá-la senhora Parisa.

- Eu agradeço imensamente senhor. Agora eu preciso ir. Tenho que pegar algumas roupas e levar para o hospital.

- A senhora quer que eu te leve até lá. Já está a escurecer e não é bom que uma mulher ande nessas ruas sozinha.

- Eu agradeceria muito senhor, caso pudesse fazer isso. Eu tenho mesmo muito receio de andar pelas ruas sozinha e ser acusada de alguma coisa. Você sabe como a nossa sociedade é não é? Diz Parisa se mostrando um pouco envergonhada.

- Quem bem sabe disso sou eu Parisa. Eu lhe entendo perfeitamente. Você quer que eu te leve em casa agora?

- Acho que eu posso pegar as roupas que preciso e vir até aqui senhor. Vou em casa, retorno e o chamo. Se o senhor puder me levar até o hospital eu ficaria muito agradecida.

- Claro Parisa. Fica combinado assim então.

- Muito obrigado senhor!

- Estou sempre a disposição. Diz Rashid ao abrir a porta de sua casa, se despedindo de Parisa. Naquele momento já estava quase a escurecer naquela cidade. 

Casamento forçado e abusivoOnde histórias criam vida. Descubra agora