A segunda discussão do dia no Conselho

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Após uma hora de intervalo, às 19:00 horas, foi retomada a segunda parte daquela reunião para discutir uma eventual punição pública a Aisha por ela ter realizado aqueles atos contra a família dentro daquele templo religioso.

O presidente então passa a palavra a Osnin questionando se ele tinha algo a se pronunciar a respeito:

- Eu tenho senhor. O que eu tenho a dizer é que tenho certeza, conhecendo a minha esposa como eu conheço, que ela disse isso a aquela mulher porque não sabia que isso poderia gerar toda essa repercussão. Aisha não tem o perfil de desafiar o regime vigente e todos sabem disso. Depois do medo que passou naquele casamento e das punições que teve, Aisha ficou absolutamente controlada na sociedade. Ela não faria isso se soubesse que aquela mulher era uma ativista. Portanto, parte do que Aisha fez ela fez sem ter noção dos reflexos. O erro de Aisha não foi atacar o nosso regime, porque isso não foi a intensão dela. O erro dela foi especificamente falar de um assunto privado em público dentro de um templo religioso. A punição dela deve ser nesse sentido. Por ela ter afetado a imagem da minha família eu peço mais uma vez que isso seja resolvido no âmbito do meu lar. Que eu possa realizar a punição a Aisha, conforme tenho feito, já que ela ainda está a sofrer castigos diários pelos seus atos internos a minha casa, que não vem ao caso aqui. É isso que tenho a dizer.

- Alguém quer levantar alguma questão a Osnin? Questiona aquele senhor quando Harry levanta a sua mão pedindo a palavra e essa é concedida:

- O senhor não tem vergonha de estar a dizer isso perante a esse Conselho não é Osnin. A partir do momento em que esse assunto foi publicado em um jornal ele sai da escala familiar e vai para uma escala social. É isso que eu entendo e é isso que essa sociedade que está a cobrar uma ação enérgica contra a sua esposa entende também. Eu estou envergonhado com o seu posicionamento Osnin. Para ordenar castigos a mulher dos outros o senhor é muito bom não é? Para ordenar castigos públicos a sua, que tem sido uma das mais terríveis mulheres dessa cidade, você fica cheio de não me toques. Eu estou impressionado com a sua dissimulação.

Osnin então começa a gritar naquela sala novamente:

- Eu não vou aceitar essas provocações contra a minha honra Harry. Diz Osnin em tom severo.

- E o que você vai fazer? Questiona Harry de forma direta e provocadora.

Outros homens chegam então ao lado de Osnin e pedem para ele se acalmar, quando o presidente daquele conselho pede ordem naquele espaço. E então diz:

- Harry, como te disse eu não vou aceitar mais que faça ataque a honra de Osnin nessas discussões. Você pode argumentar perante as situações, mas falar sobre a honra dele não será mais autorizado. Se fizer isso eu suspendo as suas intervenções nessa reunião.

- Sim senhor. Eu peço desculpas a todos. Mas, é que fico tão nervoso com essas situações e injustiças que eu passo um pouco dos limites em minhas falas.

- Que isso não se repita. Diz o presidente. Quando questiona se mais alguém quer se pronunciar. O segundo senhor mais antigo daquele conselho então pede a palavra:

- Na época em que entrei nesse conselho uma mulher jamais ousaria a fazer uma coisa dessas em público. Porque esse conselho naquela época sim demonstrava a elas que deveriam honrar a sua família e os seus maridos. Essas mulheres de hoje perderam o respeito pelos seus maridos e suas famílias porque temos sido brandos demais. Se tivéssemos punido Aisha publicamente quando ela tentou fugir daquele casamento tenho certeza que ela teria mais cuidado ao agir publicamente e não ousaria a conversar coisas de cunho privado em um espaço religioso cheio de testemunhas com uma mulher o qual nem sequer conhecia. Aisha precisa ser punida publicamente para que aprenda a ter bons modos. Já passou da hora desse conselho demonstrar o seu papel nessa comunidade. E a comunidade está aí fora, esperando o que vamos decidir para saber se ainda podem confiar que esse conselho é imparcial ou se é severo com as mulheres da comunidade e extremamente brando e corporativista com as mulheres dos conselheiros. Lembro aqui aos senhores, que tirando a punição de Aisha que foi negada quando ela fugiu daquele casamento, as outras, acho que mais de 30 mulheres que estiveram aqui foram condenadas por esse conselho. Qual a imagem que passaríamos se novamente absolvêssemos Aisha ou se não a puníssemos de uma forma que essas pessoas pudessem ver publicamente o seu castigo? É isso que questiono aos senhores. Diz aquele senhor quando os membros daquele Conselho começam a balançar a cabeça em concordância.

Casamento forçado e abusivoOnde histórias criam vida. Descubra agora