O primeiro dia de dezembro de 2001

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Era sábado e dois soldados da Aliança do Norte, logo no começo daquele dia, retornaram ao hospital para ver se Aisha havia melhorado da sua situação e se já estava em condições de ser interrogada.

Ao entrarem no hospital, eles são recepcionados por Wilian, que diz:

- Bom dia senhores! Em que posso ajudar?

- Queremos ver Aisha. Diz um daqueles oficiais com o semblante sério e intimidador.

- A jovem ainda não acordou senhores, como disse, ela precisará de um tempo maior de recuperação, a crise que ela teve foi muito intensa. Responde Wilian com um semblante amigável.

Quando aqueles soldados simplesmente o ignoram e começam a andar em direção ao quarto de Aisha.

Wilian começa a ficar nervoso e diz:

- Os senhores não podem entrar dessa forma dentro de um hospital, o quarto em que Aisha está é um quarto para pacientes de alta complexidade e que só pode ser acessado por pessoas autorizadas.

Um daqueles soldados então diz de forma direta e seca:

- Nós somos pessoas autorizadas.

- Autorizadas por quem? Questiona Wilian ainda mais nervoso.

- Pelo líder dessa comunidade. Retruca aquele oficial.

- O líder dessa comunidade manda na comunidade, mas aqui nesse hospital ele não manda. Hospitais possuem regras e essas regras estão previstas até mesmo em tratados internacionais de direitos humanos. Não se pode invadir um espaço assim como os senhores estão fazendo. Diz Wilian em tom severo.

- Pois eu quero ver quem é que vai nos impedir. Diz um daqueles homens, ignorando novamente Wilian e caminhando de forma ainda mais intensa em direção ao quarto em que Aisha se encontrava.

Então eles chegam no quarto de Aisha e percebem que ela estava mesmo em sono profundo, eles tocam nela e movimentam o seu corpo para certificar que ela estava mesmo desacordada, em frente o doutor, como se quisessem acordá-la a força. Quando Wilian se irrita ainda mais profundamente:

- Vocês estão violando a minha paciente! Quem os senhores pensam que são para agir dessa forma?

- Somos militares. Atualmente, os militares que mandam nessa cidade. Diz um daqueles oficiais de forma séria, direta e ameaçadora.

- Eu vou denunciá-los ao comando militar central. Os senhores não podem fazer isso. Não estão autorizados a tocar na minha paciente, olha o estado dela? Questiona Wilian em tom irado.

- Senhor, já confirmamos que ela está desacordada como o senhor disse. Agora podemos nos retirar.

Wilian muito nervoso diz:

- Isso não vai ficar assim. Eu vou falar com o líder religioso o que vocês fizeram.

Eles então mais uma vez ignoram Wilian e vão caminhando por aqueles corredores com um olhar direto a passos largos, saindo daquele hospital como se estivessem a marchar naquele espaço. Entram dentro do carro e vão embora, deixando aquele doutor completamente descontrolado de tanta revolta.

Imediatamente ele liga para Johnson e pede que ele venha até aquele hospital. Minutos depois Johnson chega e eles conversam sobre aquela situação em uma sala mais reservada:

- Eu não estou aguentando mais a audácia desses soldados da Aliança do Norte. Nem os soldados do regime anterior eram tão desrespeitosos. Se continuar assim eu vou embora daqui. Diz Wilian furioso.

- O senhor precisa falar isso para o líder religioso senhor. Isso não pode ficar assim. Estão a invadir o hospital e ainda a tocar a sua paciente. Isso é inadmissível.

Casamento forçado e abusivoOnde histórias criam vida. Descubra agora