A manhã daquele dia passa sem maiores acontecimentos. Muito preocupada porque Aisha não desceu para tomar o café, Sônia vai até o seu quarto para conversar com ela. Sônia bate na porta e Aisha pede que ela entre:
- Como você está Aisha?
- Eu estou muito mal minha amiga. Eu não sei o que será de mim quando Osnin chegar. Ele vai acabar comigo depois do que eu fiz com a mãe dele. Ele não vai me perdoar de jeito nenhum.
- O que você fez foi realmente muito sério Aisha. Mas, acho que Osnin vai entender que é uma fase e que isso vai passar. Ele vai te entender se conseguir explicar para ele o que ocorreu.
- Conhecendo Osnin como eu conheço, a pouco tempo, mas, já o vi nervoso, ele não vai me dar chance de explicar. Eu estou com muito medo. Diz Aisha a chorar novamente, quando Sonya a abraça. A segunda esposa de Osnin sabia que aquilo que dizia era pra tentar confortar Aisha, mas, ela conhecia também o seu marido e sabia que a jovem tinha razão em imaginar que Osnin não iria lhe dar chance para que ela o explique o que aconteceu. Certamente ele iria diretamente para uma forte agressão contra ela.
Depois de um tempo abraçadas, Sonya pede para que Aisha se acalme, dizendo que ela precisa comer alguma coisa, pois já tem muito tempo que não come. Após insistir muito, ela consegue retirar Aisha daquele quarto para poder tomar um café.
Aquela jovem estava irreconhecível tamanho o sofrimento que estava a passar. Os seus olhos estavam intensamente inchados de tanto chorar e suas olheiras estavam enormes, pois ela não conseguiu dormir nada naquela noite, tamanho o desespero que se encontrava depois de tudo que aconteceu.
Ela toma o café e começa a arrumar a parte de cima daquela casa, que estava suja desde o dia anterior quando tudo aconteceu. A jovem queria fazer alguma coisa para que pudesse se distrair. Tudo que Aisha queria naquele momento era não pensar na situação em que se encontrava e na violência que Osnin poderia ter contra ela quando chegasse daquela viagem.
Depois do almoço, Osnin chega em um carro e vai diretamente para uma reunião emergencial com o líder religioso daquela cidade. Ele não sabia o que tinha ocorrido com a sua mãe e aquele senhor também não. Quando ele estava saindo do templo, encontrou então com um dos enfermeiros do hospital, que disse a ele que a sua mãe estava internada. Ele ficou intensamente preocupado, pegou imediatamente um táxi e foi diretamente para o hospital.
Ao chegar lá ele encontrou com Parisa e lhe deu um forte abraço, questionando o que havia acontecido com a sua mãe e como ela estava. Como tinham outras pessoas naquele espaço, Parisa se limitou a dizer o que aconteceu de forma mais rasa para evitar expor a sua família em público. Quando ela diz:
- Marian passou por algumas situações de estresse senhor e acabou tendo um princípio de infarto. A trouxemos para o hospital e agora ela já está em uma situação bem mais controlada, mas, ainda não acordou.
- Eu vou procurar o médico para saber o que ele tem a dizer sobre essa situação minha esposa. Muito obrigado por cuidar de minha mãe com todo esse carinho. Depois quero saber mais detalhes do que aconteceu.
- Claro meu senhor. Eu lhe darei todos os detalhes assim que estivermos em um ponto mais reservado. Quanto a sua mãe e a minha sogra, eu amo ela. Sempre foi perfeita para mim. Eu faria qualquer coisa para a ver bem. Diz Parisa, quando é abraçada pelo esposo e ele parte em direção ao local em que ficavam os médicos.
Quando ele encontra o doutor questiona:
- Doutor, como está a minha mãe e o que aconteceu com ela?
- Senhor Osnin. É um prazer revê-lo.
- Desculpe senhor. Na preocupação eu nem lhe cumprimentei. É um prazer ver o senhor também.
- Tudo bem senhor. Eu sei a preocupação que as pessoas chegam ao hospital. Não se preocupe com isso. Com relação a sua mãe ela teve um princípio de infarto. Isso normalmente é causado por emoções fortes ou algum tipo de estresse, que pode ser o fator inicial para que ela sinta isso em um momento específico. Mas, agora ela está bem melhor. Já a demos os remédios necessários e ela já está em uma situação estável. Os seus batimentos estão normais e ela está com todas as suas taxas normais. Ela ficará aqui por um tempo em observação, mas depois desses primeiros dias ela pode ir pra casa. Vocês vão precisar mudar um pouco a alimentação dela e evitar que ela passe por emoções fortes ou estresse.
- Muito obrigado senhor pelo cuidado com a minha mãe e pelos esclarecimentos. Faremos tudo o que o senhor está recomendando assim que ela receber alta. Ela ainda não acordou?
- A mantivemos sedada até que ela se estabilizasse. Agora que está tudo estável cortamos os sedativos e em poucas horas ela acordará. Acredito que em poucos dias ela estará normal de novo.
- Que bom doutor. Muito obrigado pelas informações. Agora eu vou conversar um pouco com a minha esposa para saber o que aconteceu para que ela tivesse esse estresse. E evitaremos ao máximo que ela passe por isso novamente.
- Sim senhor. Faça isso. Ela precisará de muitos cuidados daqui pra frente, qualquer emoção forte ela poderá ter o mesmo problema de novo, já que a artéria não foi desobstruída. O ideal para a sua mãe seria realizar um procedimento cirúrgico de ponte de safena, mas não recomendo que isso seja realizado aqui com a pequena estrutura que temos. Como estamos em guerra, não sei se o senhor terá condições de levá-la para uma grande cidade para fazer essa operação no momento.
- Nesse momento está realmente difícil senhor. A guerra tem ocupado quase todas as cidades importantes do nosso país. Está muito difícil sair daqui. Responde Osnin.
- Evitando emoções fortes e estresse, ela não terá problemas, mesmo na situação em que está.
- Farei tudo o que estiver ao meu alcance para evitar esse tipo de situação senhor. Mais uma vez muito obrigado.
- Estou a disposição. Diz aquele senhor ao despedir de Osnin e ir atender outros pacientes.
Osnin chama então Parisa para fora daquele hospital em uma área reservada e começa a conversar com ela:
- Parisa, o doutor disse que a situação da minha mãe provavelmente veio de uma situação de emoção forte ou estresse. Aconteceu alguma coisa naquela casa que a deixou estressada? Questiona Osnin já extremamente nervoso.
- Aconteceu. Assim que o senhor saiu daquela casa Aisha virou uma outra mulher. Eu nunca vi alguém tão insolente em minha vida! Não queria mais fazer nenhum trabalho. Afrontou a sua mãe diversas vezes. Ela chegou a mandar a sua mãe para o inferno. E depois a chamou de demente. Quando ela fez isso, a sua mãe não aguentou a humilhação e desmaiou.
Osnin ao ouvir aquelas falas colocou as mãos na cabeça e disse:
- Não é possível isso que você está me dizendo. Aisha não fez isso? Ela ficou maluca? Questiona Osnin como se não pudesse acreditar naquilo que estava escutando.
- Parece que sim senhor. Nem as ameaças de sua mãe em contar tudo para o senhor quando retornasse fez Aisha recuar. Era impressionante! Ela agia com ironia quando dizíamos isso. Eu acho que ela perdeu mesmo o juízo nesses últimos dias ou acreditava que o senhor não iria voltar mais nunca.
- Minha mãe desmaiou depois que ela disse isso e não acordou mais?
- Sim. Quando ela acusou a sua mãe de demência, Marian colocou as mãos no coração disse que estava a morrer e desmaiou. Nós procuramos os vizinhos e ele trouxe eu e ela de carro para o hospital imediatamente. Diz Parisa.
- Eu preciso ir para casa agora Parisa. Se Aisha perdeu o juízo eu vou colocar esse juízo nela imediatamente, nem que seja na base da força. Eu vou acabar com Aisha! Diz Osnin em tom severo e ameaçador. Quando Abraça Parisa e vai em direção a rua a pegar um táxi e se dirigir para a sua casa.
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Casamento forçado e abusivo
General FictionAisha era uma menina que morava em um pequeno vilarejo no norte do Afeganistão. A população de sua região era muito conservadora e extremamente religiosa. Ao chegar na pré-adolescência, ela conheceu um jovem garoto de sua escola, o qual começou a g...