No dia 17 de novembro de 2001 é espalhado naquela cidade que um destacamento estava preparado para sair da cidade de Cabul em direção a cidade de Osnin no intuito de capturar essa cidade, que era uma das últimas da região que não haviam ainda sido conquistada pelos rebeldes.
Era questão de tempo e aquele regime poderia cair em ruínas naquela cidade. Osnin ao saber dessa notícia, chega em casa e diz para a família preparar as suas coisas, pois em breve eles poderiam ter que sair imediatamente daquela cidade.
Suas esposas, os seus filhos e sua mãe se mobilizam para arrumar os seus pertences para uma possível necessidade de fuga rápida.
Osnin então retorna ao hospital, buscando novas notícias de Aisha, quando ele recebe a notícia animadora de que pelos últimos testes realizados aquela jovem estava bem. Agora ele precisava apenas lutar contra Wilian para que Aisha pudesse receber alta e retornar para a sua casa.
Ele então conversa com três dos médicos daquele hospital e eles concordam que aquele espaço está superlotado e que pessoas de menor grau de debilidade deveriam receber alta para abrir vagas para outros pacientes, ainda mais agora que um ataque americano poderia ocorrer a qualquer momento.
O alerta estava espalhado por todos os lugares daquela cidade. As pessoas estavam desesperadas. De tempos em tempos as sirenes de alerta contra ataques aéreos estavam a tocar. Aquela cidade era puro terror naquele momento. Os líderes religiosos preparavam com suas famílias os seus pertences, assim como os funcionários do governo. Esses eram os grupos mais vulneráveis a um ataque rebelde e os primeiros que deveriam se refugiar. Nesse dia muitos carros saiam da cidade e parte da população decide ir embora caminhando pelas estradas, levando o que era possível, com medo de uma guerra que parecia eminente.
Muito pressionado pelos médicos do hospital que não aguentavam mais a audácia de Wilian em não encerrar o seu plantão, o presidente o chamou para uma conversa no final da manhã daquele dia:
- Wilian, bom dia!
- Bom dia doutor. Em que posso ajudar?
- Primeiramente eu quero saber como está Aisha?
- Aisha demonstrou melhoras. Os testes dela demonstraram que ela está bem. Eu só preciso que ela acorde, o que deve ocorrer nas próximas horas ou dias, dependendo do seu organismo, para saber se ela está com a sua memória e pensamentos sem nenhuma perda.
- Eu vou ser sincero pra você. Eu não tenho mais tempo. Não posso mais deixar Aisha nesse hospital. Estou sendo pressionado pelos médicos, pela sociedade e pelos membros do Conselho Religioso a libertá-la nesse momento de pré-guerra. Precisamos de mais espaço nesse hospital para receber os feridos que devem chegar aos montes nos próximos dias.
- Eu fico impressionado na hipocrisia desses homens senhor. Eles não falam isso de outros pacientes. Porque eles querem dar alta apenas para Aisha. Tem tantos outros pacientes em situação melhor do que a dela. Mas, parece que só Aisha que tem que receber alta? É uma coisa impressionante! Diz Wilian demonstrando um certo nervosismo.
- Vamos ser práticos Wilian. Ela está em condições mínimas de ir pra casa?
- Se for bem tratada e tomar os remédios direitinho, coisa que tenho certeza que não vai acontecer, nessa conjuntura sim.
- Eu quero que você de alta a ela ainda hoje.
- Eu não vou fazer isso senhor. Nega Wilian de forma decidida.
- Wilian eu estou te pedido isso?
- Eu estou aqui para salvar vidas doutor e não para acabar com elas. Eu não vou fazer isso.
- Wilian, eu cansei, isso é uma ordem. Você vai dar alta a Aisha hoje! Diz aquele senhor gritando com Wilian.
- Senhor presidente. Eu não vou dar alta para Aisha nem morto. Outro pode dar e será responsável pela morte dela, que sei que vai acontecer. Eu não.
- Então termine o seu plantão, que outro dará.
- Eu não vou terminar o meu plantão enquanto não tiver garantias que Osnin cuidará bem da sua esposa mais jovem. Eu não fiz todo esse esforço em vão. Inclusive emedando o meu plantão por cinco dias. Se fiz isso por cinco, aumentar para seis, sete, dez e salvar essa menina e outras dezenas de pacientes que estão precisando de mim nesse hospital, para mim não faz a mínima diferença.
- Willian, você está complicando as coisas.
- Eu não senhor. Só estou fazendo o meu papel. Eu jurei isso no dia que me formei, salvar vidas. É isso que estou tentando fazer. Mesmo tendo um monte de gente tentando me impedir. Senhor é muito fácil a gente resolver isso. Me mande embora. O senhor é o presidente e eu sou um simples voluntário. O senhor pode fazer isso a qualquer momento.
- Mas é claro que não vou fazer isso.
- Porque não?
- Nesse momento precisamos mais de você do que nunca.
- Que bom que o senhor reconhece. É exatamente por isso que tenho dobrado os meus plantões. Diz Wilian em tom irônico.
- Que tipo de garantias você quer para que eu consiga dar alta a Aisha?
- Eu quero uma conversa com o líder religioso. Eu preciso dizer para ele o que aconteceu e o que farei se Aisha vier a morrer por culpa de Osnin.
- O líder religioso está muito ocupado. A nossa cidade está prestes a ser invadida. Como ele vai vir aqui?
- Isso eu não sei. O senhor me perguntou o que eu queria para fechar um acordo. Eu lhe respondi.
- Tudo bem. Eu vou tentar. Agora volte ao trabalho. Estão chegando muitos feridos do interior da nossa região.
- Sim senhor. Obrigado! Diz Wilian ao sair daquela sala, enquanto vê o presidente a coçar a sua cabeça demonstrando preocupação.
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Casamento forçado e abusivo
Ficción GeneralAisha era uma menina que morava em um pequeno vilarejo no norte do Afeganistão. A população de sua região era muito conservadora e extremamente religiosa. Ao chegar na pré-adolescência, ela conheceu um jovem garoto de sua escola, o qual começou a g...