Logo na manhã do dia seguinte, Aisha é acordada pelo seu pai que estava extremamente feliz e diz:
- Finalmente chegou o dia do seu casamento minha filha e estou muito feliz por isso. Diz Mohamed.
Aisha não diz nada, apenas acorda e alonga o seu corpo, quando olha para o seu pai de forma pouco animada.
- Você parece não estar contente com o casamento minha filha? Questiona Mohamed.
Aisha não querendo mais conflitos com o pai, prefere dizer algo de forma conciliadora:
- Estou ansiosa meu pai. Eu não sei como é um casamento, não conheço o meu esposo e nem a família dele. Estou preocupada se dará tudo certo na minha cerimônia.
- Minha filha, você pode ter certeza de que ele é de uma família muito boa. Nunca tivemos notícias de qualquer problema na família dele, tenho certeza que você será muito feliz. Diz Mohamed.
- Espero que sim papai, pois farei tudo para isso. Tentarei ser a melhor esposa do mundo para o meu futuro marido.
- É assim que tem que ser minha filha. Certamente se tiver essa postura, não terá problemas com o seu esposo e será sim muito feliz. Diz Mohamed a se retirar do quarto, caminhando para o seu quarto para preparar os seus pertences para a viagem. O casamento estava agendado para ocorrer pouco antes do almoço e eles ainda tinham que fazer uma longa viagem em uma estrada que não era muito bem pavimentada.
Então depois de algumas horas, Mohamed pega os pertences de Aisha e os coloca no carro, levando a filha para o vilarejo do seu futuro esposo onde ocorreria o seu casamento. Ele estava muito feliz, pois finalmente iria arrumar um compromisso para a filha, que nos últimos tempos havia lhe trazido tantos problemas e desgosto. A partir daquele momento, em tese, as ações de Aisha não seriam mais problema dele e sim do seu esposo.
Esse fator cultural da honra familiar naquela época era algo extremamente importante naquela região. O pior erro que uma mulher poderia cometer era algo que pudesse gerar a desonra daquela família. E Mohamed, antes daquele compromisso, tinha muito medo de que as ações de Aisha pudessem a levar para um caminho de desonra familiar, inclusive, cometendo crimes contra a religião local, o que poderia levar os dois a punições muito severas, como prisões ou de forma mais intensa a condenações, inclusive a morte, dependendo de sua ação.
Eles chegam então no local do casamento e Aisha vai se arrumar em um quarto da casa para o casamento. Eram aproximadamente 10 horas da manhã e o casamento estava previsto para às 12 horas, pouco antes do almoço.
Nesse momento ela começa a conversar com uma das amigas da família que a ajudava na arrumação, tentando saber como seria a sua nova vida. Aquela senhora diz que ela iria morar com o esposo, duas esposas dele e a sogra.
Aisha então começa a entender como seria a sua vida daquele momento em diante quando questiona a aquelas senhoras: - Como era aquela família e quais as ações que seria recomendável que ela fizesse após o casamento? A senhora que arrumava o seu cabelo, gostou muito de Aisha assim que a viu e foi sincera com ela na resposta, dizendo: - O seu futuro esposo é um homem muito respeitado na região e não aceita ser contrariado, portanto, daqui para frente você terá que realizar tudo aquilo que o seu esposo lhe ordenar para que não tenha problemas com ele.
Aisha logo se assusta, entretanto não comenta nada, pois sabia que naquela cultura machista e patriarcal, de certa forma, isso era o usual para aquela região. A mulher deveria ser completamente submissa as vontades de seu esposo.
Entretanto, aquela senhora continua dizendo que todas as esposas de Osnin eram excessivamente carinhosas com ele, porque ele tem a fama na sociedade de ser muito violento quando não está satisfeito com alguma das ações de suas esposas.
Nesse momento Aisha se assusta ainda mais intensamente. Será que ele seria violento com ela também. Isso era tudo que ela mais temia, em meio aos seus pensamentos dos dias anteriores. Quando aquela senhora continua a sua fala, dizendo que além daquelas pessoas a família de Osnin ainda tinha mais cinco crianças, da primeira esposa: um filho de 7 anos, uma menina de 5 anos e um outro menino de 4 anos; da segunda esposa, havia um filho de 5 anos e uma filha de 3 anos. Aisha fica feliz ao saber que poderia viver com outras crianças em sua casa. Ela era intensamente carinhosa e criou uma expectativa enorme de ser muito amiga de todas aquelas crianças.
Quando então a senhora que arrumava o seu cabelo, a aconselha sobre aquilo que poderia ser o seu grande problema naquela família. Segundo aquela senhora a sua futura sogra era uma verdadeira megera. A cabeleleira era amiga das esposas de Osnin e disse a Aisha que a sua sogra chamada Marian, colocava o seu filho contra todas as esposas e era a grande responsável pela maior parte dos conflitos existentes naquela família, bem como as punições sofridas por aquelas mulheres. Normalmente, todas as pessoas naquela cultura atendiam os mais velhos, sendo assim, Osnin escutava tudo que a sua mãe dizia e, por isso, aquela senhora poderia transformar a vida de Aisha em um verdadeiro inferno caso ela não goste dela logo de início.
Aisha fica apavorada após aquela fala. Como ela poderia fazer com que aquela senhora gostasse dela? Questionava aquela jovem garota, agora extremamente preocupada em seus pensamentos. Naquele momento logo vem em sua cabeça a família de Caivan, que de imediato tiveram uma intensa harmonia com ela. Os seus pensamentos se aprofundam e ela imagina que sairia de uma família com muitos conflitos com o seu pai e entraria em uma família a qual poderia ter conflitos com várias pessoas. Então ela decide que não se casaria, que na primeira oportunidade que tivesse iria fugir daquele local!
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Casamento forçado e abusivo
General FictionAisha era uma menina que morava em um pequeno vilarejo no norte do Afeganistão. A população de sua região era muito conservadora e extremamente religiosa. Ao chegar na pré-adolescência, ela conheceu um jovem garoto de sua escola, o qual começou a g...