Na madrugada da terça-feira, Aisha fica acordada e não consegue dormir, porque havia ficado sedada durante todo o dia. Wilian conversa um pouco com ela e nota que ela estava com um humor diferente do dia anterior, ficando um pouco preocupado, quando ele questiona por volta de uma hora da manhã:
- Está tudo bem Aisha?
- Sinto o meu corpo estranho senhor. Tanto o meu corpo, quanto a minha mente. A minha cabeça está pesada. Os meus pensamentos estão um pouco estranhos.
Ele se preocupa ainda mais intensamente com as reações de Aisha, Wilian imagina que aquilo possa ser reflexo dos remédios que ela está tomando para dormir.
Então ele diz:
- Com o tempo acho que você deve voltar ao normal. Se não retornar, por favor me avise.
- Sim senhor. Pode deixar que aviso sim! Diz Aisha, ficando deitada, sem movimentar muito os seus olhos.
Aisha estava presa a pensamentos profundos do seu passado. Era como se ela estivesse a delirar acordada. Ela se lembra novamente de Caivan na escola, ficando a imaginar estar com ele naquele momento.
Depois de algumas horas, ela começa a se lembrar de Osnin com um semblante severo, o que a causava um medo extremo. Mas, esse medo ficou ainda mais extremo quando ela se lebrou da fala de Osnin: - Se eu perder a minha vaga naquele conselho eu te mato Aisha!
Aquelas palavras iam e retornavam na cabeça daquela jovem insistentemente, quando ela se lebra do doutor dizendo que ele havia entrado naquele hospital e dito que iria matar Aisha por ter perdido a vaga naquele conselho.
Os pensamentos na cabeça de Aisha estavam completamente confusos.
Wilian ao passar próximo a ela, vê as suas reações estranhas, especialmente, dos seus olhos e questiona:
- Aisha está tudo bem?
Quando ela não responde, ele toca nela de forma um pouco mais abrupta e questiona novamente:
- Aisha está tudo bem?
Aisha faz um movimento como se voltasse de um sonho assustada e diz:
- O que está acontecendo?
- Parece que você estava a delirar Aisha.
- Eu estava tendo pensamentos horríveis senhor. O que será que está acontecendo comigo?
- Pode ser reflexo dos remédios que está tomando Aisha. Amanhã não vamos lhe passar eles. Trocaremos amanhã. Na parte da noite te daremos remédio, mas com outra composição.
- Pode ser isso doutor. Estou tendo sensações muito estranhas. Responde Aisha ficando calada a pensar, deitada naquele momento.
O dia amanhece e ele resolve que não daria aquele remédio novamente para Aisha. Depois de ficar a noite inteira acordada, ela depois de algumas horas da manhã pegou no sono. Mas, era um sono mais leve, sem ajuda dos remédios o que a fazia acordar frequentemente.
No dia anterior o líder religioso havia viajado para um vilarejo próximo. Assim que chegou na cidade, foi logo recepcionado por aqueles militares que estavam responsáveis por interrogar Aisha, na porta de sua casa, que queriam muito conversar com ele. Aqueles eram alguns dos militares do exército de Aliança do Norte de maior patente daquela cidade, provavelmente, os mais poderosos daquele momento naquela cidade. Então aquele líder os convida para entrar e se sentarem em uma mesa no meio daquela sala e os questiona o que estava a acontecer para eles virem tão cedo a sua procura:
- Está acontecendo alguma coisa senhores?
- Está sim senhor. Eu sei que o senhor nos deu ordens para sermos o mais educado possível com aquele doutor, pois precisamos dele e eu entendo. Mas ele está sendo muito desrespeitoso conosco. Ontem fomos tentar interrogar aquela menina e ele nos destratou em diversos momentos. Diz um daqueles oficiais.
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Casamento forçado e abusivo
General FictionAisha era uma menina que morava em um pequeno vilarejo no norte do Afeganistão. A população de sua região era muito conservadora e extremamente religiosa. Ao chegar na pré-adolescência, ela conheceu um jovem garoto de sua escola, o qual começou a g...