24 de novembro de 2001

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No dia seguinte, Aisha acorda se mostrando bem melhor em sua saúde física. Logo pela manhã ela come frutas, mas, ainda se encontrava com um semblante sério e pronunciava poucas palavras. Respondia apenas o que questionavam. Ela ainda estava muito preocupada e em estado de alerta pelo fato de não conseguir confiar que aquelas pessoas não iriam dizer nada ao seu marido.

Com o passar daquele dia a sua memória começa a lembrar de mais alguns fatos que ocorreram na data em que ela tentou o suicídio. Aisha se lembra que foi conversar com o líder religioso, pedindo que ele intervisse para que Osnin fosse menos severo em seus castigos. Depois ela tenta puxar na memória o que ocorreu daquele momento em diante, mas foi em vão. Parecia que a sua memória havia apagado essa parte das lembranças.

Depois de almoçar, ela dormiu um pouco para descansar. Estavam todos em estado de alerta com relação a aquela jovem, muito preocupados com as suas reações e com o seu semblante sério, desde que conversou pela primeira vez com os profissionais daquele hospital. Era difícil para todos, saberem o que Aisha estava a pensar, inclusive, se ela estava a programar uma nova tentativa de auto-extermínio, pois ela não respondia quando as pessoas questionavam o que ela estava pensando.

Assim que Aisha acordou naquela tarde, o oficial Johnson chegou em seu quarto extremamente feliz. Ele foi logo a cumprimentar e tudo que ela questiona de forma seca é:

- Quem é esse homem doutor Wilian?

- Ele é um oficial do exército inglês Aisha. Ele te tirou de sua casa e te trouxe para cá de forma heroica salvando a sua vida enquanto você estava desacordada.

Aquela jovem muito receosa, não conseguia confiar no que dizia aquele doutor e então diz de forma seca:

- Muito obrigado oficial.

Johnson se sente até um pouco constrangido com aquela situação. Quando questiona para ela:

- Está tudo bem com você Aisha?

- Eu estou sim senhor. Responde ela novamente de forma direta sem delongar em sua resposta.

- Está feliz por estar aqui?

- Sim. Estou sendo bem cuidada aqui.

- Quantos anos você tem?

- Eu tenho 15 senhor.

- Eu tenho uma filha que acabou de completar 14 anos.

- Que bom senhor. Diz Aisha novamente sem delongar a conversa, deixando aquele oficial novamente constrangido.

- Porque você parece preocupada Aisha?

- Eu não estou preocupada. Responde Aisha novamente de forma direta.

- Você quer que eu me retire?

- Senhor, eu peço desculpas, mas eu não sei em quem confiar. Todas as pessoas em que eu confiei nessa vida até agora me fizeram mal. Diz Aisha já a chorar de forma intensa.

Aquela fala e aquele desespero cortam o coração de Johnson e Wilian. Quando Johnson diz:

- Por favor acalme-se Aisha. Se eu não te trago boas lembranças eu vou embora.

- Não é isso senhor. É que eu no momento, estou preferindo ficar sozinha. Se é verdade que o senhor me salvou eu agradeço muito. Mas, no momento eu estou muito confusa. Me perdoe, mas eu preciso colocar a minha cabeça no lugar. Diz Aisha a chorar de forma ainda mais desesperada.

Ao se lembrar das histórias contadas por Wilan, os olhos de Johnson começam a encharcar também. Então ele vira de costas e começa a caminhar em direção ao corredor.

Wilian fica de frente para Aisha tentando acalmá-la. Quando ele vê que ela acalma um pouco, vai até Johnson deixando um enfermeiro ao lado de Aisha para que ela não tomasse nenhuma atitude desesperada.

Ao encontrar aquele oficial, Wilian diz:

- Ela está com todas as características de depressão ou estresse pós-traumático.

- Está sim. É muito difícil ver uma jovem nessa situação.

- Eu também me emociono muito ao ver doutor. Temos que arrumar formas de ajudá-la.

- Eu vou para o quartel pensar no que fazer senhor. Assim que pensar em alguma coisa eu te comunico.

- Ok senhor. Não fique chateado com Aisha. Ela só está muito confusa.

-Eu entendo. No momento eu fiquei um pouco triste, mas eu não faço ideia do queessa menina passou, portanto eu não posso julgá-la de maneira nenhuma, seriamuito cruel de minha parte fazer isso. Diz aquele oficial ao continuar acaminhar em direção ao seu carro. 

Casamento forçado e abusivoOnde histórias criam vida. Descubra agora