14 de novembro de 2001

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Na quarta-feira pela manhã, Osnin sai de casa a procura dos seus amigos mais ricos. Ele queria propor a venda do seu negócio a um preço ainda mais baixo para ver se algum daqueles homens tinham interessem em adquiri-lo. A última oferta dada por Osnin a aquelas pessoas foi de 12% do que ele valia antes dos ataques de 11 de setembro, o que representaria cerca de 12.000,00 dólares em barras de ouro. Isso representava cerca de metade do valor dos seus estoques. A guerra havia acabado com todo o valor do seu empreendimento.

Ele conversa então com três de seus amigos e a resposta deles é a mesma. Que estão prestes a entrar em uma guerra e que um investimento nesse momento é muito arriscado, pois aquele espaço pode vir a ser bombardeado e eles podem perder toda a loja. Além disso, eles dizem que em uma guerra o que vale é dinheiro nas mãos, pois, em uma emergência é só com dinheiro que você consegue resolver alguma situação, portanto, eles não tinham interesse em fazer nenhum investimento naquele momento, o que deixou Osnin extremamente triste.

Aquele senhor vai para casa muito desanimado para almoçar. A sua mãe percebe pelo seu semblante que ele não estava bem e questiona o que estava acontecendo. Quando Osnin diz que estava tudo bem, que ela não precisava se preocupar com nada, pois, ele temia que se soubesse que ele foi expulso do conselho religioso, ela poderia ter um novo ataque, o que o causaria ainda mais problemas para salvar a sua família em caso de um eventual ataque a sua cidade. Osnin estava sofrendo pressões de todos os lados naquele momento.

Ele então resolve recorrer ao único homem que estava a comprar alguma coisa naquela cidade, Harry, o seu grande desafeto.

Ele chegou até a loja imponente daquele senhor e pediu para conversar com ele naquela tarde. Mas, Harry disse, em tom de deboche, que poderia marcar um horário com ele no outro dia pela manhã, pois naquela tarde ele teria que ir a reunião do Conselho Religioso, conselho esse que Osnin havia sido expulso.

Osnin precisando muito de qualquer recurso naquele momento e sabendo que Harry poderia ser o único a investir no seu negócio, pois era o grande comprador de terras e negócios quase falidos daquela cidade naquele momento, mesmo humilhado, pede a ele a oportunidade de uma conversa no outro dia pela manhã e Harry aceita.

Após ser humilhado mais uma vez naquele dia, Osnin, revoltado, coloca a culpa de todas aquelas humilhações em Aisha e resolve ir novamente ao hospital.

Assim que ele entra, os seguranças travam a sua entrada na recepção, dizendo que ele não pertencia mais ao conselho religioso e, portanto, não tinha mais direito a acesso naquele hospital.

Osnin então pede para falar com o médico presidente daquele hospital, com quem havia construído uma amizade muito grande naqueles períodos de guerra e aquele segurança vai até a sala do presidente, quando ele autoriza Osnin a entrar para conversar com ele.

Os dois logo se cumprimentam harmonicamente:

- Como está meu amigo? Questiona aquele homem.

- Estou bem meu amigo. Uma pena que minha esposa está aqui internada e não me parece ter se recuperado ainda.

- Aisha está mesmo a se recuperar meu amigo. Ela está ainda sedada e não acordou. Eu estou muito preocupado com a saúde dela. Responde aquele médico.

- Eu também! Responde Osnin, tentando passar credibilidade em sua fala.

- Em que posso te ajudar Osnin?

- Bem, primeiramente eu quero ver a minha esposa. Ela é minha esposa e eu tenho direito a isso. Diz Osnin em tom direto.

- Claro, você tem o direito. Eu vou conversar com Wilian, o médico responsável pelos cuidados dela. Será que você poderia retornar amanhã para visitá-la?

- Sim. Eu posso voltar amanhã. Além disso, eu quero prestar queixa contra esse médico que me agrediu antes de ontem quando eu queria ver a minha esposa.

- Eu fiquei sabendo dessa agressão senhor Osnin. Mas, me disseram que a ação de Wilian foi em resposta a uma agressão verbal sua. Por isso não o repreendi. O senhor precisa saber que Wilian é um médico da organização médicos sem fronteiras, que faz um trabalho voluntário na nossa cidade e é o melhor médico que temos para atendimento de traumas e feridas a bala ou típicas de conflito, não podemos perder esse médico nesse momento tão delicado, não acharíamos outro com as mesmas características! Inclusive, ele é tão bom que ressuscitou a sua esposa por três vezes quando ela chegou aqui. Diz aquele senhor de forma direta.

- Eu sei disso senhor. Eu estava a trabalhar na logística dos feridos quando estava a controlar as ações de guerra do nosso regime. Quem bem sabe disso sou eu. Mas, naquele dia eu estava nervoso e um médico não pode agredir uma pessoa fisicamente como ele me fez. Responde Osnin.

- Eu entendo. Eu vou ver o que posso fazer com relação a isso.

- Eu agradeço imensamente senhor. Outra coisa. Eu sei que está acontecendo muitas batalhas nas zonas rurais da nossa cidade e estão chegando muitos homens feridos nesse hospital nos últimos dias. É um desperdício Aisha estar aqui sendo que a condição dela pode estar melhor do que a desses homens. Eu quero que a minha esposa tenha alta para que eu possa a levar para casa o mais rápido possível! Diz Osnin em tom direto.

- Eu sei o quanto deve estar ansioso para levar a sua esposa novamente para o lar Osnin, mas o ideal é que ela vá quando estivesse consciente. Eu vou conversar com Wilian sobre isso também. Se a situação piorar muito na guerra, inevitavelmente teremos que mandar Aisha para casa, afinal de contas, os homens que estão lutando pelo nosso regime tem prioridade de atendimento. Mas, temos que ter garantias de que Aisha será bem tratada na sua casa e tomará todos os remédios nos horários certos até se recuperar.

- Eu lhe dou essa garantia senhor. Eu colocarei uma das minhas esposas especificamente para cuidar de Aisha. Diz Osnin tentando passar credibilidade.

- Se é assim fico mais tranquilo. Bem, eu vou conversar com Wilian. Amanhã você pode vir pela manhã que estará autorizado a visitar Aisha. Diz aquele doutor de forma direta, demonstrando certeza em sua fala.

- Muito obrigado doutor. Diz Osnin a cumprimentá-lo e sair sorridente daquele espaço.

Depois desse momento Osnin vai para casa se mostrando mais tranquilo. Com a certeza de que Aisha em breve estaria sobre sua posse novamente, de onde, em sua concepção, jamais deveria ter saído!

Casamento forçado e abusivoOnde histórias criam vida. Descubra agora