Na quinta-feira, dia 01 de novembro de 2001, Aisha acorda muito bem e extremamente confiante. Assim como havia trabalhado em sua mente na noite anterior, aquela jovem acorda decidida a mudar a sua postura com relação ao tratamento dado a Marian e Parisa, caso elas viessem a atacar a sua honra.
Logo de manhã Marian a encontra no corredor e em meio a novas provocações, Aisha reage de forma irônica, deixando aquela senhora ainda mais revoltada e agressiva em suas falas. Marian ao final dessa conversa, aumenta novamente o tom das ameaças, afirmando que poderia levar aquela carta ao Conselho religioso. Quando Aisha simplesmente se cala e continua a trabalhar.
Enquanto estavam a organizar a cozinha após todos terminarem de se alimentar e algumas pessoas daquela família subirem para o segundo andar, ficam na cozinha Aisha e Sonya, que naquele momento preparavam o almoço, quando elas começam a conversar:
- Ontem anoite eu decidi Sonya, eu cansei de ser humilhada nessa casa.
- Aisha, eu entendo o seu sofrimento, mas não acho que enfrentar Marian e Parisa vai resolver a situação. Eu acho que isso só vai piorar as coisas para o seu lado. Você é o elo mais fraco dessa história. Osnin pode ficar muito irritado e te castigar ainda mais intensamente. Diz aquela mulher assustada.
- Eu entendo a sua preocupação e me preocupo com isso também. Mas, esse casamento para mim sempre foi muito injusto. Sempre fui uma ótima esposa. Arrumo toda essa casa todos os dias, faço almoço, jantar, lanches, sempre que me pedem, mas, ninguém valoriza nada que eu faço. Só me criticam e, no caso de Osnin, ainda me bate intensamente. Eu não estou aguentando mais isso.
- Aisha, você sabe que não é bom para nós desafiarmos os nossos esposos. Com Marian e Parisa você ainda tem alguma chance. Com o nosso marido, você não tem nenhuma. Ele vai te castigar até que você não suporte mais, caso o desafie.
- Eu nem sei se isso é tão ruim assim Sonya. Eu já sou castigada diariamente mesmo, quando ele está aqui. Um pouco mais um pouco menos, não sei se faria mesmo tanta diferença. Diz Aisha em um olhar envolto ao ódio por aquelas duas mulheres.
- Ele pode ser muito pior do que é Aisha. Não queira nem ver Osnin revoltado. Ou melhor você já o viu. Eu tenho certeza que você sabe muito mais do que eu o quanto ele é severo quando está revoltado. Estando no eu lugar, chateado como ele está com você eu não ousaria contrariá-lo. Diz Sônia demonstrando novamente o seu receio.
- Sim Sônia eu já senti na pele a revolta de Osnin. Depois de relembrar um pouco o que passei naquele dia em que fugi pela primeira vez, acho que você tem mesmo razão. É melhor que eu ande na linha quando ele estiver presente nessa casa. Ele é mesmo muito severo e não tem limites nas suas punições. Eu tenho muito medo de Osnin. Aisha para por um tempo a relembrar os momentos de desespero que passou enquanto estava sendo castigada pelo seu marido naquele dia. Parecia que ele não iria parar aquele castigo. Aquela jovem achou que morreria naquele dia, tamanha a severidade que Osnin estava a castigá-la.
Depois de algum tempo a refletir sobre o que Sônia disse, Aisha a diz:
- Muito obrigado pelo conselho. Você tem toda a razão. Quando ele estiver presente eu vou me cuidar. Mas, enquanto ele estiver fora eu vou aproveitar para mostrar para elas que não serão mais donas das minhas vontades. Daqui pra frente eu farei o que entender que é justo. Diz Aisha em tom preocupado em pensar nas punições que sofreu de Osnin e ao mesmo tempo decidida a não se subordinar mais aos pedidos e humilhações de Marian e Parisa.
- Releve essas duas Aisha e tente seguir a sua vida e ser a melhor esposa possível. Assim você pode conquistar a confiança de Osnin novamente e isso é o mais importante. O resto é resto. Recomenda Sonya.
- Você está certa. Mas, pelo menos enquanto o meu marido estiver fora, eu não vou aguentar a humilhação dessas mulheres, nenhum minuto se quer. Diz Aisha decidida reafirmando o que estava a pensar, como se demonstrasse querer encerrar aquela conversa.
Ao final daquele diálogo Sonya fica preocupada com os pensamentos daquela jovem. A segunda esposa de Osnin fica completamente impressionada com a coragem de Aisha. Ela tinha muito medo do que aconteceria quando o seu marido chegasse e Marian contasse junto a Parisa as provocações que Aisha estava a fazer contra a sua mãe naquele período. Sonya morria de medo do seu esposo.
Naquele contexto, Aisha estava em um momento de leveza e despreocupação tão grande, depois de ter rasgado aquela carta, que parecia que nada a atingiria daquele momento em diante. Tudo que viesse seria na lógica: "dos males o menor."Esse sentimento de leveza a fazia ter ainda mais coragem de enfrentar a sua sogra e Parisa. Ela estava mesmo decidida a não aceitar mais nenhuma provocação enquanto o seu marido estivesse fora, mesmo após aquela conversa com Sonya.
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Casamento forçado e abusivo
General FictionAisha era uma menina que morava em um pequeno vilarejo no norte do Afeganistão. A população de sua região era muito conservadora e extremamente religiosa. Ao chegar na pré-adolescência, ela conheceu um jovem garoto de sua escola, o qual começou a g...