Os dias seguintes

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Nos dias seguintes, Aisha continuou a fazer as atividades normais do seu dia-a-dia e colocou em sua cabeça que precisava evitar ao máximo ter qualquer conflito com as mulheres que moravam naquela casa, com o seu esposo e fazer qualquer coisa que pudesse os envergonhá-los perante a sociedade.

Aisha trabalhava mais intensamente do que nunca deixando aquela casa impecável para o marido. Como ela estava a demorar mais a arrumar a casa, quando ele chegava, no seu horário normal, ela ainda estava terminando os seus afazeres, o que impedia que aquelas mulheres pudessem sabotar a sua arrumação ou falar mal dela para Osnin, pelo menos nesses primeiros dias após aquela terrível punição.

Na cabeça de Osnin, Aisha havia voltado ao normal e decidido ser uma boa esposa após aquela intensa surra que havia levado. Muitos homens daquelas terras achavam que as mulheres para satisfazerem as suas vontades, tinham que ser castigadas para entender que deveriam respeitá-los. Era uma cultura extremamente retrógrada, conservadora e machista no seu sentido mais extremo. Ele estava feliz por achar que Aisha finalmente havia aprendido a lição e que não deveria contrariá-lo em hipótese nenhuma para que não fosse mais castigada daquela forma.

Ninguém mais, além de Osnin, conversava com Aisha naquela casa. Ela percebeu que as crianças haviam se afastado dela e sempre que ela se aproximava, elas saiam de fininho para os seus quartos ou para próximos de suas mães. O filho mais velho de Osnin e de Parisa, Alexsander, de sete anos, ao ver que estava sozinho com Aisha no segundo andar, um dia, se abriu com ela:

- Aisha, me perdoe por não estar mais brincando e conversando com a senhora. Eu amo a senhora, mas é que minha mãe me proibiu de lhe dirigir a palavra. Diz aquele jovem com um semblante extremamente triste. Aisha partiu o seu coração com aquela fala tão espontânea daquele garoto. E então ela o questionou:

- Foi por isso que as sua mãe lhe castigou daquela forma naquele dia em que chegou do mercado?

- Sim... Aquele dia ela nos bateu muito. Na noite de domingo quando ela foi castigada pelo meu pai, ela disse que odiava a senhora e que se chegássemos perto da senhora novamente era porque não amávamos ela. Depois, quando viu a gente a brincar com a senhora naquela sala, ela ficou furiosa, nos levou para o quarto e nos deu a pior surra de nossas vidas. Diz aquele jovem com um semblante temerário ao lembrar daquela intensa punição.

Aisha fica ainda mais triste com toda aquela situação. Quando então responde:

- Eu entendo. Não precisa se preocupar com isso Alexsander, eu vou te amar eternamente mesmo que não tenhamos mais condições de conversar e brincar como sempre fazíamos.

- Eu também vou te amar pra sempre Aisha. A senhora é a esposa mais legal do meu pai. Diz aquele menino com um sorriso no rosto que emociona Aisha, que imediatamente o pede um abraço e ele a abraça com toda a força, demonstrando todo o sentimento de amor que sentia por aquela jovem.

Ao final daquela conversa, o jovem preocupado e com intenso medo diz a Aisha:

- Por favor senhora, não conte nunca o que te disse a minha mãe, nervosa como ela é acho que "ela me mataria". Diz aquele jovem com um semblante intensamente preocupado.

- Mas é claro que não vou dizer jamais Alexsander. Somos amigos. Esse será para sempre o nosso segredinho! Diz Aisha ao abrir um sorriso carinhoso para aquele jovem menino, que ao ver o perigo que estava a sofrer de alguém chegar e ver a sua conversa com Aisha, se vira em direção as escadas e desce correndo.

Aquela situação deixou Aisha ao mesmo tempo feliz pelo amor que sabia ter daquelas crianças, mas, ao mesmo tempo triste, por saber que ela deveria evitá-los para que eles não caíssem na tentação de estar com ela e pudessem ser punidos severamente pelas suas mães. Portanto, daquele momento em diante, ela não teria mais ninguém para conversar naquela casa para se distrair um pouco, quando o seu esposo não estivesse.

A reunião do Conselho Religioso acontece e Osnin não trás boas notícias para o jantar. A possibilidade de uma guerra aumentou intensamente e as mulheres se assustam ainda mais com a conversa do marido quando ele chega em casa. O comércio já está diminuindo a sua atividade econômica e as pessoas temerosas, já estão economizando o seu dinheiro, o que tem feito o comércio de Osnin diminuir as suas vendas fortemente no decorrer da semana após os atentados a Nova York. Aquele homem estava muito preocupado e, em certa medida, isso se transformava em nervosismo nas suas ações.

Osnin começava a se irritar com todas as suas esposas, com uma intensidade ainda maior, mesmo em pequenos equívocos. Todas as mulheres estavam com muito medo das reações daquele homem naqueles dias, que vendo a sua situação financeira piorar, parecia querer descontar ainda mais fortemente as suas frustrações com a brutalidade na relação com as suas esposas.

Com os dias passando, as crianças, depois daquele castigo, com intenso medo, não chegavam mesmo próximos de Aisha. Todos os maiores de três anos, que já entendiam algo da vida, tanto de Parisa, quanto de Sonya foram violentamente castigados e tinham pavor em imaginar que poderiam ser punidos novamente daquela forma caso se aproximassem da mais jovem esposa do seu pai. As crianças, mais jovens, que não tinham essa noção, quando chegavam próximas daquela jovem esposa, eram logo retiradas pelas crianças mais velhas, que estavam responsáveis por não deixar que nenhum dos filhos de Osnin tivessem qualquer contato com Aisha. Aquela jovem, tentando evitar conflitos e causar qualquer mal para aquelas crianças que ela amava, de todo o coração, entendia o que estava a ocorrer e preferiu não insistir em tentar qualquer contato e ela mesma se afastava, quando percebia que aqueles mais jovens estavam insistindo em procurá-la. 

Casamento forçado e abusivoOnde histórias criam vida. Descubra agora