O restante daquela semana

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Na terça-feira, logo pela manhã, Osnin conversa com a mãe sobre a situação das suas finanças. Como o país entrou em guerra a moeda local desvalorizou muito rapidamente. Osnin tinha muitos recursos no banco, mas aquele dinheiro não valia mais praticamente nada. A sua desvalorização foi muito intensa. Por estar em uma região dominada pelo grupo religioso contrário aos rebeldes e aos Estados Unidos, eles não tiveram acesso a moeda estrangeira e a situação financeira daquela população de classe média, logo caiu em ruína, enfraquecendo ainda mais o regime.

Como a inflação sobre os produtos estava muito alta, Osnin tinha que tirar grande quantidade de dinheiro do banco para manter o seu padrão de vida, mas os seus recursos já estavam para finalizar, pois ele já havia tirado boa parte de suas reservas, que tinha pouco valor naquele momento.

O seu salário no Conselho religioso tinha também desvalorizado muito, como qualquer coisa que era recebido de acordo com a moeda local. As pessoas estavam negociando mais na troca de ouro e jóias naquele período, que mantinham por mais tempo o seu valor de mercado e não tinham um reflexo tão grande da inflação.

Com a comida escassa e o combustível também, bloqueados pela guerra, Osnin gastava muito mensalmente para manter a sua família. Outros milhares naquela cidade já estavam a passar fome intensa. E no desespero partiam para roubar e realizar assaltos. Aquela população estava começando a ficar incontrolável e boa parte das famílias mais humildes já estava a partir da cidade para se refugiar nos países do Norte ou em direção a Síria. Para essas famílias que não possuíam uma reserva de recursos, estava impossível viver ali, tamanho os problemas econômicos que aquela guerra havia gerado.

Na conversa com sua mãe, Osnin insistiu para vender o seu negócio, o bem em que ele poderia conseguir adquirir mais dinheiro, para se precaver, em caso de a guerra prolongar:

- Mãe eu preciso vender o meu negócio enquanto temos compradores. Eu consegui um homem que está a querer comprar ele em minha mão por 20% do que valia antes da guerra, isso em barras de ouro. Isso corresponde a mais ou menos 20.000,00 dólares é um negócio muito bom com a nossa moeda valendo tão pouco.

- Meu filho. Não se desfaça de um negócio de família por um valor tão baixo. Essa guerra vai passar e tudo vai ficar bem.

- Minha mãe, os soldados americanos já estão muito próximos da cidade de Cabul, os rebeldes já estão a tomar cidades importantes do nosso regime. A queda do nosso governo é inevitável segundo as notícias. Se a nossa cidade correr o risco de ser invedida, precisamos sair daqui imediatamente, porque, pelo fato de eu ser do Conselho religioso, provavelmente os rebeldes irão querer matar a mim e a toda a minha família assim que descobrirem isso. É isso que eles tem feito em todas as cidades que estão a dominar. Diz Osnin de forma desesperada.

- Espere mais um pouco meu filho. Acalme-se. O magnifico dará um jeito em tudo. Se for da vontade dele, conseguirá uma oferta melhor.

- Minha mãe, precisaremos de dinheiro para fugir. Eu temo que o meu negócio só desvalorize daqui pra frente. A senhora tem certeza que não quer que eu o venda?

- Tenho. Tudo vai melhorar, confie em mim.

Osnin então, como sempre fazia, decide confiar em sua mãe.

Osnin recebeu naquele dia a ligação de seus irmãos que moravam mais ao nordeste do país, dizendo que a cidade estava cercada por rebeldes e que eles não tinham mais como fugir de lá. Que se Osnnin tivesse como fugir antes que a cidade fosse cercada, que ele deveria fazer isso. Quando Osnin se desespera e pede para que seus irmãos se cuidem. Eles respondem que vão lutar até o fim naquela guerra santa.

O ciclo da guerra estava realmente se fechando. O que deixava Osnin mais revoltado e violento, com todos. Agora ele não estava nervoso mais apenas com Aisha, mas com todas as suas esposas. No decorrer daquela semana ele bateu em todas elas, com fortes tapas, quando elas faziam alguma coisa que ele julgava não estar perfeito. Marian até o repreendeu em um dia, depois que ele bateu fortemente em Parisa, a fazendo chorar intensamente.

Os castigos a Aisha nos dias restantes daquela semana estavam ainda mais insuportáveis. Aquela jovem sofria toda a ira do seu marido, revoltado pela ruína que a sua família se encontrava. No decorrer dos dias a imaginar a revolta do seu marido, Aisha entrava em desespero. Ele não aliviou por nenhum dia se quer nas punições daquela jovem.

Paraaumentar ainda mais o sofrimento de Aisha, todos os dias aquela senhora infernizava aquela jovem, dizendo que ela estava em suas mãos. Aisha estava desesperada,o seu medo a fazia perder a fome e a jovem começou a ficar fraca e emagrecer.Aquela tortura psicológica trazia um prazer enorme a aquela senhora, que já havia prometido algumas vezes transformar a vida da jovem em um inferno. Agoraela tinha todas as condições para isso e estava conseguindo cumprir com a sua promessa.

Casamento forçado e abusivoOnde histórias criam vida. Descubra agora