O novo escândalo

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Assim que Osnin questionou o que estava acontecendo, aquele seu amigo o mostra uma reportagem o qual uma das principais ativistas em defesa dos direitos das mulheres do Afeganistão fala sobre a violência contra as mulheres causadas pela influência do regime vigente que não respeitava o direito das mulheres. Aquela reportagem cita em um momento futuro um fato que ocorreu no templo da cidade em que eles moravam. Nessa parte do diálogo, aquela entrevistada afirma ter encontrado uma jovem que não conseguia se sentar porque estava a ser castigada diariamente pelo marido, naquela cidade específica. E Osnin imagina logo que aquela menina referida naquela reportagem poderia ser Aisha, mas em sua mente naquela primeira análise, isso seria muita coincidência. De qualquer forma, ele tenta disfarçar e demonstrar não estar preocupado perante o seu amigo. Quando aquele senhor diz:

- Estão dizendo que a jovem que disse isso foi Aisha no templo e que ela com isso está a atrapalhar intensamente a imagem do nosso regime perante a opinião pública, especialmente, as mulheres. O senhor estava mesmo a castigar Aisha diariamente?

- Claro que não. Osnin nega em uma atitude de desespero. Quando complementa: - Essa semana eu estava fora, em viagem para encontros com membros do Conselho Religioso Nacional, isso não tem a mínima chance de ser verdade ou a pessoa em que está sendo citada não é Aisha.

- Ainda bem que é só boato meu senhor. Muitas pessoas vieram dizendo aqui no restaurante que havia visto uma mulher a conversar com Aisha no templo e que Aisha disse isso a essa mulher desconhecida. Que preferia ficar em pé em meio ao templo porque estava a sentir muitas dores dos castigos diários que o seu marido havia lhe dado. Isso não é ruim como o senhor pode imaginar. Se estivesse a fazer isso não teria nenhum problema. Pois, sabemos que quando uma mulher não cumpre com o seu dever, devemos mesmo a castigar severamente. O problema é uma mulher contar os seus problemas em público, ainda mais para uma pessoa desconhecida. O senhor me entende né! Afirma aquele homem.

- Claro que sim. Não acho que Aisha teria coragem de fazer isso, caso ela estivesse a ser castigada dessa forma. Eu acho que ela não falaria com uma estranha coisas de cunho familiar. Assim que eu almoçar eu vou checar isso direito e saber de onde surgiu essa história.

- Faça isso senhor. Pois, na comunidade todos estão achando que foi Aisha que disse isso e esse fato está pegando muito mal para a reputação do senhor e de toda a sua família.

- Muito obrigado por me informar sobre o que as pessoas estão conversando sobre a minha família. Assim que chegar em casa eu vejo isso com Aisha.

- O senhor é meu amigo. Sempre que estiverem falando alguma coisa que possa atingir a sua reputação ou de sua família, eu certamente o avisarei.

- Agradeço imensamente. Diz Osnin, intensamente preocupado enquanto o seu prato é servido e ele começa a almoçar.

Ele ainda não tinha noção do impacto daquele acontecimento dentro daquela comunidade e de onde vinham os indícios de que poderia ser Aisha a culpada por aquela parte da reportagem. Ele precisava de mais elementos e só conseguiria isso conversando com os seus colegas mais antigos do mercado. Era para esse ponto que ele iria assim que acabasse aquele almoço.

No mercado, era comentado e espalhado tudo o que acontecia naquela cidade. Portanto, sempre que quisesse saber detalhes de qualquer boato ou notícia, era com os seus amigos, antigos trabalhadores daquele local, que ele teria essas informações. Ele precisava checar o quanto isso tinha espalhado e de onde haviam vindo aqueles indícios antes da reunião do Conselho Religioso, pois ele poderia ser questionado sobre isso naquele conselho e precisaria estar preparado para isso. 

Casamento forçado e abusivoOnde histórias criam vida. Descubra agora