25 de novembro de 2001

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No dia 25 de novembro, Aisha acordou ainda mais assustada e em silêncio. Nesse dia ela não respondia mais nem o que perguntavam. Era impressionante como aquela jovem estava se mostrando emocionalmente abalada.

Ainda deitada naquela maca durante a manhã ela tentando lembrar o que aconteceu pra ter parado naquele hospital, quando depois de muito esforço, ela se recorda da conversa que teve com a sogra:

- Por que você foi falar com o líder religioso algo antes de conversar com Osnin a respeito?

- Eu fui falar com ele minha senhora. Não tem nada demais nisso.

- O que você falou para ele Aisha? Me diga agora?

- Eu só pedi pra ele para conversar com Osnin senhora, pois não aguento mais tantas agressões. Eu queria que ele pedisse para Osnin parar de me bater todos os dias. Eu não entendo o porque a senhora ficou tão chateada senhora. O que tem demais eu falar com o líder do Conselho Religioso?

- Mas é claro que há algo demais. Você ficou maluca menina! Quando o seu esposo chegar ele vai saber disso!

- Eu não me importo que ele saiba. Ele precisa mesmo saber que eu não estou mais aguentar. Ontem ele foi muito severo comigo senhora. Me machucou muito!

- Eu vou te contar uma história então Aisha. Que talvez você vai entender o que eu estou querendo dizer. Quando eu era jovem como você o meu marido também me castigava muito. Eu nem fazia nada demais, mas ele insistia em me castigar severamente. Um dia eu fiz a maior besteira da minha vida. E você sabe que besteira foi essa?

- Não senhora.

- A pior besteira da minha vida foi pedir ajuda ao líder religioso Aisha. Ele repreendeu o meu marido e quando ele chegou em casa, ele estava totalmente incontrolável. Sinceramente Aisha. Eu tenho muita raiva de você, de verdade mesmo. Mas, hoje eu estou com pena de você quando Osnin chegar nessa casa. Pena mesmo. Eu me lembro como o meu marido chegou e tenho certeza que Osnin não será diferente do pai. O meu marido me bateu até que eu não conseguisse mais suportar e desmaiasse de tanta dor. A sua fúria era tão intensa naquele dia, que ele iria me matar se eu não tivesse desmaiado antes. Eu tenho certeza que ele só parou depois que viu que eu não reagia, tamanho o ódio que estava em seu semblante, enquanto estava a me surrar. Aisha, hoje eu tenho certeza que você cometeu o maior erro de sua vida. Colocar o líder do Conselho Religioso em algo familiar da forma que você fez não tem perdão. O meu filho vai acabar com você!

Depois de relembrar desse diálogo Aisha fica ainda mais desesperada. Ela tentava buscar na sua memória o que aconteceu depois, mas não conseguia, parece que o seu trauma havia sido tão intenso que ela não conseguia refletir sobre mais nada do que ocorreu depois daquele diálogo aterrorizante.

Então ela começa a respirar de forma ofegante, sem conseguir controlar os seus pensamentos e seus sentimentos. Alguns enfermeiros muito preocupados se aproximam, quando Aisha se descontrola ainda mais, tendo um surto agressivo naquele momento, como se tentasse fugir daquele espaço. Aqueles enfermeiros a seguram naquela maca. Um deles vai pegar o tranquilizante e ele aplica em Aisha, que vai ficando fraca em seus movimentos, mais fraca e depois adormece. Aquela jovem havia tido uma crise de pânico.

Eles logo chamaram o doutor Wilian e explicaram para ele as reações que ela teve e o calmante que a aplicaram, quando aquele doutor ainda mais preocupado, diz que eles agiram muito bem. Ele queria saber o que iria fazer daquele momento em diante, já que não havia nenhum especialista em psiquiatria naquele país a não ser alguns poucos médicos militares que se encontravam na capital do Afeganistão.

Ele então entra em contato com alguns colegas psiquiatras da Inglaterra para buscar informações de como tratar aquela jovem nessa situação e eles o passam algumas opções de remédios que poderiam ajudar aquela jovem a se acalmar e se recuperar melhor.

Depois de mais de seis horas dormindo após a aplicação daquele tranquilizante, Aisha acorda novamente, mas estava com reações muito lentas e parecia não raciocinar de forma normal ainda. Eles a questionam se estava tudo bem e ela não respondeu nada. Eles não sabiam se ela não queria responder ou se isso ocorria como uma reação ainda dos remédios.

Johnson chegou novamente para uma visita aquela jovem. A viu e tentou um novo diálogo com ela, mas, mais uma vez Aisha não reagiu a nenhum de seus estímulos, estava com um olhar distante. Parecia em outro mundo. Mais uma vez Johnson ficou frustrado com as reações daquela jovem, que parecia cada vez pior psicologicamente. Wilian contou a ele que ela havia tido uma crise de pânico no decorrer daquele dia e que tiveram que aplicar tranquilizantes nela para que ela pudesse se acalmar e aquilo deixou aquele oficial ainda mais preocupado com a situação e a recuperação futura daquela jovem.

Depois de muito tempo a tentar dialogar com Aisha aquele oficial decidiu que iria embora. Novamente Wilian pede a ele que não fique chateado com Aisha, pois ela não tem culpa de estar naquela situação e aquele oficial, mesmo com um semblante triste e se mostrando um pouco afetado por aquela situação, diz que estava tudo tranquilo, que ela iria melhorar com o tempo, se despedindo de Wilian e indo para a base de comando com um carro militar. 

Casamento forçado e abusivoOnde histórias criam vida. Descubra agora