Na segunda-feira, dia 29 de outubro de 2001, Osnin recebe o pedido do conselho religioso para se reunir com um grupo de guerrilheiros ao norte do país, com o intuito preparar a estratégia de defesa daquela cidade caso a guerra chegasse nos próximos dias. Como ele era o mais jovem, aceita então o pedido daquele conselho e precisa viajar por cinco dias no decorrer daquela semana, para aprender as técnicas de guerrilha treinadas por aquele grupo e as multiplicar entre os moradores daquela cidade leais ao regime vigente.
Ele chega em casa para almoçar, avisando isso para a sua família e todas ficam muito preocupadas, menos Aisha, que demonstra uma certa tristeza em seu semblante, para não ser julgada, mas por dentro, estava extremamente feliz por ficar distante daquelas punições por, pelo menos, cinco dias.
Aquele senhor, vai então para o segundo andar para arrumar as suas malas. Depois de organizar tudo, ele desce e beija cada uma de suas esposas e seus filhos, se despedindo deles. Ao passar próximo a Aisha ele pula aquele cumprimento, a desprezando, com um olhar furioso e não se despede dela, deixando aquela jovem extremamente triste. Assim que Osnin sai pela porta daquela casa, Aisha se sentindo humilhada, sobe correndo para o seu quarto, deita em sua cama e começa a chorar intensamente. Aquela jovem não entendia o porque Osnin estava a odiá-la tanto.
Aquele dia passou sem maiores ocorrências. Apenas Marian a infortunou por algumas vezes com as mesmas ameaças de sempre, mas Aisha já estava muito bem preparada e se mostrava intensamente submissa às ações e falas daquela senhora, para que a mãe de seu esposo não desconfiasse que ela havia acabado com aquela que seria a única prova do seu crime.
Algumas vezes durante o dia seguinte Aisha se encontrou naquela casa sozinha com Sonya e em um desses encontros ela desabafou:
- Você viu o que Osnin fez comigo antes de partir?
- Vi sim Aisha. Mas se acalme, Osnin está muito chateado, mas isso em algum momento vai passar.
- Eu não sei se vai passar não viu. Aquilo foi uma demonstração de que ele jamais vai me perdoar. Eu sinto que perdi mesmo qualquer sentimento do meu esposo e não conseguirei recuperar isso nunca mais.
- Aisha, ele está com raíva, e de certa forma, com razão. No momento em que vocês se mostravam mais apaixonados, que ele estava a te dar carinho praticamente todas as noites, inclusive não dando atenção nenhuma as suas outras mulheres, você foge. Você quer o que? Até eu ficaria revoltado com você se fosse ele. Diz Sonya de forma irônica em sua fala.
- É, talvez você tenha razão. Diz Aisha com um semblante um pouco triste, não dizendo mais nada por algum tempo.
Depois de arrumar boa parte das coisas, Aisha volta novamente ao assunto:
- O que você faria se estivesse no meu lugar para que Osnin te perdoasse?
- Eu seria o mais tranquila possível. Tentaria fazer tudo que ele deseja de forma correta. Depois de um tempo, certamente ele iria perceber que não teria mais motivos para ficar tão chateado comigo. Que eu errei, mas que aprendi a lição. É isso que os homens dessa terra esperam de nós.
- Você está certa. Eu tentarei agir assim com Osnin. Eu ainda amo ele sabe! Eu queria muito que a nossa família pudesse viver em harmonia.
- Eu entendo Aisha. Harmonia é tudo que eu gostaria que tivesse nessa casa também. E farei de tudo que estiver ao meu alcance para te ajudar nisso e a reconquistar o nosso marido. Eu gosto muito de você!
- Muito obrigado Sonya. Eu também gosto muito de você! Diz Aisha a sorrir intensamente para Sonya, quando ela retribui com um sorriso, de forma muito carinhosa para aquela jovem.
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Casamento forçado e abusivo
General FictionAisha era uma menina que morava em um pequeno vilarejo no norte do Afeganistão. A população de sua região era muito conservadora e extremamente religiosa. Ao chegar na pré-adolescência, ela conheceu um jovem garoto de sua escola, o qual começou a g...