Era quarta-feira, logo pela manhã Aisha acorda, faz a sua higiene pessoal, depois a sua primeira refeição do dia e começa a realizar os trabalhos de arrumação da parte de cima daquela casa durante a manhã. Nesse dia o corpo de Aisha já estava totalmente recuperado, ela já não sentia mais nenhuma dor das surras de Osnin contra o seu corpo. Aquela sensação trazia um alivio enorme para ela, que tinha sido punida pela ultima vez no sábado.
Tudo que Aisha tinha em mente era buscar uma forma de contar para o marido quando ele estivesse calmo, uma versão mais amena, contendo um motivo para as suas fugas, agora que Marian não podia mais provar nada com relação ao adultério que ela havia cometido. Muitas possibilidades vinham na cabeça de Aisha naqueles dias, mas, ela ainda não havia achado nenhuma tão boa que pudesse convencer Osnin a parar com aquelas punições e acreditar que ela dizia a verdade.
Ainda enquanto estava a arrumar aquela parte da casa, Marian subiu para a agredir verbalmente:
- Vida boa heim Aisha, nem castigada é mais pelo marido.
- Eu estou muito bem mesmo senhora, mas não só por causa dos castigos que não tenho sofrido. Eu estou bem porque tenho tido mais tranquilidade para viver nesses últimos dias. Não sei o que mudou, mas eu estou me sentindo bem comigo mesma.
- Não tem vergonha em sua cara em confessar que está feliz por seu marido estar longe? Isso não é papel de uma mulher? Francamente Aisha, eu não sei como o meu filho teve a possibilidade de encontrar uma esposa tão ruim para se casar. Acho que se ele tivesse procurado entre as piores esposas do mundo, não teria encontrado uma como você! Diz aquela senhora em tom ríspido e completamente degradante para o ego daquela jovem.
Aisha sente lágrimas a cair dos seus olhos após aquela fala e tenta se justificar:
- Eu não disse em nenhum momento senhora que eu estava feliz pelo meu esposo estar a viajar. Eu jamais diria isso. Não é o meu papel fazer esse tipo de fala. Eu amo estar junto ao meu esposo, mesmo ele tendo sido severo demais comigo nesses últimos tempos. Eu fico muito triste quando a senhora fala assim, que eu sou uma esposa muito ruim. Diz Aisha ainda triste.
- Mas, você é. Desde que chegou aqui não trouxe nada de bom para a nossa família. Só nos trouxe desgosto. Eu ainda não sossego Aisha enquanto não lhe ver arruinada. Eu tenho certeza que isso não demorará muito. Aquela carta que você escreveu, certamente a levará a ruína e o melhor de tudo, isso será na hora que eu quiser. Diz aquela senhora em tom ameaçador.
- Eu sei disso senhora. Sei que estou em suas mãos. Não tenho muitas saídas daqui pra frente. Eu estou fazendo o meu trabalho e tudo que ordena. Na minha cabeça é só isso que tenho que fazer daqui pra frente. Diz Aisha com um semblante ainda triste e com os seus olhos encharcados. Aquela fala de sua sogra dizendo que ela era a pior esposa do mundo a atingiu muito fortemente.
- É exatamente isso Asiha. Ainda bem que você sabe o seu lugar nessa casa. Diz Marian ao se retirar daquele corredor, entrando em seu quarto, enquanto aquela jovem voltava a limpar aquele chão.
Aisha não queria que aquela senhora descobrisse que não tinha mais posse daquela carta tão cedo. Para ela era melhor que Marian achasse que a Aisha ainda estava em suas mãos. O problema é que aquela fala daquela senhora, atingiu muito profundamente o ego de Aisha e ela não sabia por quanto tempo aguentaria mais humilhações daquele tipo, já que não estava mais nas mãos daquela senhora. Em um momento Aisha iria se cansar daquilo e revidar aquelas agressões verbais e quando isso acontecesse certamente Mirian descobriria que Aisha havia pegado aquela carta em seu quarto.
Na hora do almoço, Marian não perdeu tempo e começou a humilhar Aisha na mesa novamente. Entre as muitas coisas que disse, uma delas era que Aisha não era digna de nada, pois não merecia nenhum respeito. Quando então ela afirmou que Osnin finalmente estava vendo quem era a sua esposa mais jovem e que fez muito bem ao não se despedir dela no momento de sua partida. Antes que Aisha terminasse de almoçar ela deixou o almoço na mesa e foi chorando para o seu quarto. Tentando humilhar Aisha ainda mais, aquela senhora disse para ela pelo menos retirar o prato daquela mesa, pois ela não tinha empregadas para ficar levando os seus pratos até o local em que seriam lavados. Aisha estava tão revoltada e a chorar tanto que ignorou aquela fala, subindo as escadas e se trancando em seu quarto, não retornando nem para arrumar a parte debaixo daquela casa, como fazia diariamente, deixando aquele espaço sujo naquele dia.
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Casamento forçado e abusivo
General FictionAisha era uma menina que morava em um pequeno vilarejo no norte do Afeganistão. A população de sua região era muito conservadora e extremamente religiosa. Ao chegar na pré-adolescência, ela conheceu um jovem garoto de sua escola, o qual começou a g...