O domingo

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No domingo pela manhã Marian estava a preparar o café, quando Osnin aparece para a sua primeira refeição e se senta a mesa.

Marian então questiona:

- Osnin, você não vai dar um jeito mesmo nessa menina não é? Ela vai acabar com a sua reputação meu filho e você vai acabar com a honra da nossa família por ser brando demais com ela.

- Aisha não fez nada minha mãe, só entrou no seu quarto para procurar uma joia. Eu encontrei a joia no corredor e sei que ela estava falando a verdade.

- Deixe de ser ingênuo Osnin, mas é claro que Aisha procurava outra coisa.

- E que outra coisa ela poderia estar procurar em seu quarto? Questiona Osnin de forma desconfiada.

- Eu não sei. Mas, vou descobrir. Hoje mesmo eu descubro o que era e você certamente terá uma grande surpresa.

- A senhora sabe de alguma coisa que eu não sei minha mãe? Questiona Osnin novamente desconfiado.

- Ainda não. Mas, eu vou descobrir. Diz aquela senhora como quem quisesse encerrar aquela conversa. E Osnin não questiona mais nada.

Todas as manhãs de domingo eles iam para uma cerimônia religiosa, que ocorria no templo que ficava no centro da cidade. Enquanto Osnin estava a tomar o seu café, Marian vai até a parte de cima da casa para se arrumar. Assim que se arruma, ela entra então no quarto de Aisha, fechando aquela porta. Ela então mostra para Aisha aquela carta e diz, encostada na porta, enquanto aquela jovem estava um pouco distante sentada na cama:

- Essa letra é sua Aisha, eu tenho provas de que você é uma adultera, agora você escolhe, ou foge antes da cerimônia acabar ou não te denunciarei mais a Osnin. A minha denuncia contra você será diretamente ao chefe do conselho religioso local.

Aquela fala soa como uma bomba nos ouvidos de Aisha, que não consegue responder de tão chocada que ficou ao ver aquela senhora colocar aquela carta em sua bolsa. Logo após fazer esse movimento e ver a perplexidade de Aisha, aquela senhora abre a porta e sai. Enquanto fechava a porta de forma mais devagar, Marian deixou um olhar extremamente ameaçador para Aisha, que de tão espantada que ficou, nem conseguiu reagir a aqueles movimentos de sua sogra. Se Marian cumprisse com o prometido, ela estaria mesmo prestes a ser condenada por adultério naquele conselho.

Poucos minutos depois Osnin vai até o quarto de Aisha e encontra ela novamente pálida, se assustando intensamente. Quando questiona:

- Aisha, aconteceu alguma coisa?

- Não senhor, eu estou terminando de me arrumar. Responde Aisha de forma direta.

- Tudo bem. Eu estou de aguardando lá embaixo.

Nesse momento Aisha se levanta e corre em direção ao seu esposo e o abraça de forma apertada enquanto lágrimas escorriam dos seus olhos intensamente. Ele não entende aquela reação de Aisha e questiona:

- O que está acontecendo Aisha?

Tudo que Aisha responde é:

- Me perdoa senhor. Por favor me perdoe por tudo que fiz. Por todas as raivas que o senhor passou comigo. Nenhuma delas foi minha intensão.

- Eu sei disso Aisha e já te perdoei. Tem certeza que está tudo bem?

Aisha pensa em dizer para ele a verdade. Mas, pensa nas vezes em que Osnin ficou completamente irado e o quanto ele foi agressivo com ela. Ficando com medo e preferindo não dizer mais nada.

- Não senhor. Está tudo bem. Eu vou acabar de me arrumar e já desço. Diz Aisha tentando encerrar aquela conversa.

Osnin então fecha a porta e desce para encontrar com as suas esposas, seus filhos e sua mãe.

Aquele grupo vai caminhando em direção ao centro daquela cidade. Aisha ao se aproximar daquele templo sente o seu coração bater cada vez mais forte. Mais uma vez ela precisaria arrumar uma forma de fugir do marido, por ordem de sua sogra.

Então eles entram no templo e Osnin vai cumprimentar todos aqueles senhores, especialmente, os do Conselho Religioso, querendo saber as novidades.

Nesse momento Marian se aproxima de Aisha e indica para ela uma etapa da cerimônia o qual ela teria que fugir. Aisha fica desesperada. Falando baixo pede aquela senhora pelo amor do magnifico, para que ela não a obrigasse a abandonar novamente o seu amor. Mas, aquela senhora era irredutível, disse que ou Aisha tentava uma nova fuga agora que Osnin não poderia sair da cerimônia ou ela demonstrava aquela carta ao líder religioso.

Aisha então olhou para o semblante daquele senhor, o líder religioso, notou a sua fisionomia completamente fechada naquele ambiente e viu que ele não teria piedade dela. O que a assombrou profundamente. Ela então confirma para Marian que iria fugir, conforme ela estava a ordenar.

Marian deixa então uma última mensagem para Aisha:

- Lembre-se que o conselho religioso agora tem o poder de te condenar a morte Aisha e a punição vai acontecer imediatamente caso eles te condenem. Você vai ser apedrejada se não fugir como eu te ordenei.

Aquelas palavras entram nos ouvidos daquela jovem a fazendo arrepiar profundamente. No meio daquele ambiente, cercada de anciãos daquele conselho religioso, aquela possibilidade ficava mais próxima, o que aterrorizava ainda mais intensamente Aisha.

Aquela mensagem se repetia insistentemente em sua mente. Mesmo depois que começou aquela celebração, Aisha não conseguia mais prestar a atenção em nada. Tudo que vinha em sua mente era uma repetição contínua daquela ameaça de sua sogra. Quando então no meio da cerimônia quando ela viu que Osnin estava a participar diretamente do ritual. Ela se levanta e caminha rapidamente para a parte de trás daquele templo e ao sair daquele espaço, começa a andar ainda mais rápido em direção a estrada, que daria acesso a cidade de seu pai.

Ao acabar aquela parte da cerimônia, Osnin olhou para o local em que Aisha estava e não a encontrou, saindo desesperado daquele local. Ele vai para casa, que ficava a alguns quarteirões daquele templo e pega então o seu carro, já imaginando para onde Aisha estava a ir. Ele fica novamente furioso! Dessa vez ele não iria mais perdoar aquela jovem depois de tamanha afronta pública. Ainda mais depois de ela jurar que nunca mais fugiria.

Casamento forçado e abusivoOnde histórias criam vida. Descubra agora