03 de dezembro

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Era segunda-feira e amanhece um dia lindo na cidade em que Aisha morava. O sol estava forte pela manhã e aquela jovem acorda logo cedo, mesmo tendo dormido tarde, por ter ficado a conversar com Wilian durante boa parte daquela noite, como aquele doutor havia planejado. Ainda bem cedo, por volta das 7 horas da manhã, um dos enfermeiros aplica um forte remédio calmante em Aisha que a faz dormir, assim como Wilian havia combinado com Johnson para protegê-la daqueles militares que queriam interrogá-la.

Naquele dia, aqueles oficiais voltaram a aquele hospital, mas ao encontrarem com Wilian se mostram bem mais tranquilos e respeitosos:

- Bom dia doutor Wilian?

- Bom dia senhores. Responde Wilian a aqueles três militares que estavam no hospital.

- Aisha já acordou. Questiona um deles.

- Não senhor, ela ainda não acordou. Ainda encontra-se em sono profundo. Como disse aos senhores, ela precisa de um tempo de repouso. É necessário que a retirada de seus remédios sejam gradativos, para que ela não tenha os mesmos surtos que teve da última vez que acordou.

- Podemos vê-la doutor.

- Claro senhores. Não há problema nenhum em vê-la. A única coisa que não gostaria é que façam como da última vez. Ninguém está autorizado a tocar na minha paciente a não ser os médicos que estão preparados para realizar esse trabalho com respeito a dignidade da minha paciente. Dignidade essa que todos os humanos merecem. Diz Wilian em tom direto.

Aqueles homens olham meio torto para aquele doutor depois daquela fala, como se quisesse os repreender. Mas, eles não o afrontam mais, possivelmente, por uma recomendação muito forte do líder religioso para que eles respeitassem ao máximo aquele profissional.

Eles então chegam no quarto de Aisha e notam que ela estava dormindo, se aproximam intensamente dela tentando avaliar se aquele doutor dizia mesmo a verdade e quando não vêem nenhuma reação daquela jovem, durante alguns minutos, decidem ir embora, pois ela estava mesmo a dormir profundamente.

Eles então caminham por aqueles corredores, quando questionam Wilian:

- Senhor, essa paciente não está demorando demais a acordar não?

- As reações aos remédios de cada paciente são diferentes. Cada um tem um organismo. Aisha ainda é muito jovem, por isso esses remédios fazem um efeito mais intenso em seu corpo. Além disso, como podem ver, ela é extremamente leve, pesa apenas 40 kg, isso também de alguma forma pode influenciar nessas reações.

- Recomendamos que o senhor possa reduzir esses remédios de forma mais intensa, pois precisaremos interrogar essa jovem nos próximos dias, por ordem do líder religioso. Diz um outro militar que estava a andar naquele corredor.

- Eu tenho uma ética médica senhor. Eu farei para a minha paciente aquilo que acho que devo fazer para preservar a sua saúde física e mental. E vou ser sincero aos senhores, como podem perceber, eu não sou de ceder a pressões. Diz Wilian em tom direto.

Aquela fala faz aqueles militares fecharem o semblante imediatamente. Eles não dizem mais nenhuma palavra, vão caminhando e saem daquele hospital sem ao menos se despedirem de Wilian. O que eles queriam naquele momento era pegar aquele doutor e o espancar ali mesmo. Mas, por ordem do líder religioso, eles tinham que o tratar com o máximo de respeito. Wilian sabia disso, que tinha uma força política muito grande naquela cidade, por isso, sempre queria demonstrar o seu poder através das palavras, inclusive, para os militares. Ele sabia que quanto mais forte ele se mostrasse, a tendência, era que em algum momento, naquele contexto, mais eles aumentariam o seu respeito por ele.

Casamento forçado e abusivoOnde histórias criam vida. Descubra agora