Parisa chega em casa

1K 85 4
                                    

Parisa caminha rapidamente por aquela rua, enquanto é observada por alguns homens, que por sorte não a param para saber porque ela estava a andar sozinha naquelas ruas. Por estar de burca, completamente coberta, era impossível que aqueles homens a identificasse. Ela só poderia dizer quem era depois que eles a abordassem e questionassem o que estava fazendo ali e o porque estava a andar sozinha ao escurecer naquelas ruas. Mas, felizmente, ela conseguiu chegar em casa sem ser parada por nenhum homem.

Ao entrar, todos estavam desesperados por notícias. Aisha depois de ficar muito tempo em seu quarto a chorar, havia descido para rezar com os demais membros daquela família e estava na sala com eles, quando Parisa entrou.

Logo Sônia questiona:

- Como está a nossa sogra?

- Ela sofreu um infarto! Diz Parisa em tom direto, aumentando ainda mais o desespero de todos, especialmente de Aisha, que sente lágrimas a escorrer dos seus olhos de forma descontrolada.

Parisa viu aquela reação de Aisha e sentiu um prazer enorme ao ver o desespero daquela jovem perante a situação. Ela tentaria desestabilizar Aisha ao extremo, pelo que ela fez antes que a sua sogra sofresse aquele ataque. Em meio aos seus pensamentos ela fica calada a fechar a porta vagarosamente, quando Sônia questiona novamente:

- Mas como ela está? Melhorou um pouco, já foi medicada? Ainda corre algum risco de morrer?

- O que aconteceu lá foi muito sério. O médico disse que ela poderia ter morrido. Ela ainda corre o risco de morrer e Aisha é a grande culpada por tudo o que aconteceu. O médico disse que esse tipo de acontecimento ocorre depois de emoções fortes ou raiva. E que foi a raiva que Aisha a fez passar que desencadeou esse problema.

Aisha nesse momento se desespera ainda mais. Com aquela fala do médico transmitida a Parisa é que o seu marido ficaria ainda mais revoltado pelas ações dela. Com o diagnóstico do médico, fica claro que Aisha quase matou a sua sogra ao afrontá-la daquela forma.

A jovem nem consegue dizer nada. Fica intensamente preocupada e continua a rezar com as crianças. Quando Parisa a provoca:

- Não vai dizer nada Aisha?

- Parisa, eu me arrependo profundamente do que fiz a senhora Marian, se eu soubesse que isso poderia acontecer eu jamais teria dito aquilo a ela. Diz Aisha com um semblante extremamente triste.

- Se arrepender depois de quase matar a sogra é muito fácil não é Aisha. Mas, eu tenho mais uma notícia para você. Osnin chega amanhã atarde. E ele vai saber tudo o que aconteceu aqui, detalhe por detalhe de cada afronta que você fez contra a mãe dele que a levou a ter esse mal do coração, porque eu o contarei tudo. Você não perde por esperar! Diz Parisa em tom ameaçador.

Aisha sente o seu corpo inteiro a se arrepiar. Ela engole seco após aquela fala. E não diz mais nada. Fica estática, de tanto receio que estava em seus pensamentos naquele momento.

Parisa ao ver o terror estampado no rosto de Aisha, não diz mais nada. Ela sobe as escadas, quando é acompanhada por Sônia.

Ela entra no quarto de Marian para pegar algumas roupas, quando Sônia tenta pegar mais detalhes sobre a situação de sua sogra com Parisa:

- Parisa, eu estou muito preocupada com a nossa sogra. Por favor me diga como ela está? Eu não conseguirei ficar tranquila se não souber mais detalhes da situação de saúde dela.

- Se eu te contar, promete que não dirá nada a Aisha?

- Sim, eu prometo que não conto.

- A nossa sogra está melhor e estabilizada. Ela poderá sofrer outras crises, mas, estando no hospital, será bem cuidada. Ela precisaria passar por uma cirurgia. Entretanto, não é recomendável que ela faça isso nesse hospital. Como os demais hospitais estão em zonas de guerra, ela vai ter que tomar alguns remédios e melhorar os seus hábitos. Daqui pra frente, dona Marian não poderá mais ter emoções fortes e nem estresse, pois, foi isso que ocasionou esse mal que ela teve hoje.

- Parisa. Porque você foi tão cruel com Aisha. Não tem piedade do medo que ela deve estar a sentir no momento? Questiona Sônya.

- Você ainda defende essa menina depois de tudo que ela fez hoje Sônia? Não tem vergonha? Questiona Parisa em tom ríspido.

- Parisa eu não quero brigar com você. Na verdade tudo que eu mais quero é paz nessa casa. Diz Sônia.

- Pois depois das afrontas que Aisha me fez e que fez a Marian, eu quero é guerra. Assim como Marian, eu não sossego enquanto não ver Aisha morta! Diz Parisa em tom direto.

Sônia ao ver que não tem como argumentar contra o ódio daquela mulher, decide então não dizer mais nada. Ela apenas ajuda Parisa a colocar as roupas de Marian em uma bolsa para que ela leve ao hospital.

Parisa vai então ao quarto dela pegar algumas coisas e depois desce as escadas, se despedindo dos filhos, pedindo que eles rezem pela sua sogra e caminhando em direção a porta. Antes de sair ela ameaça Aisha mais uma vez:

- Já você Aisha, reze muito mais intensamente por Marian, pois se ela morrer, você sabe que morrerá em seguida. Osnin não irá te perdoar. Reze por você também e muito, porque independente do que acontecer com Marian ele saberá o que fez e que foi a responsável por ela ter esse ataque, portanto, precisará de muita força para aguentar a sua ira quando ele retornar, que você já conhece muito bem! E reze também para que o magnifico coloque um pouco de compaixão no coração do nosso esposo, porque eu não queria estar na sua pele quando ele chegar!

Ao dizer isso e ver a cara de espanto de Aisha totalmente pálida naquele momento, Parisa vai em direção a porta da sala a abre, sai e a fecha rapidamente, saindo daquela casa caminhando pela rua em direção a casa de Raschid.

Aisha, assim que ela parte, corre novamente para o seu quarto a chorar intensamente. O pior de tudo é que Parisa só tinha dito verdades naquele momento e as verdades ditas por ela eram absolutamente aterrorizantes para a jovem naquele momento. Ela não sabia o que fazer para evitar aquela ansiedade a espera do que Osnin seria capaz de fazer contra ela quando chegasse. Essa pressão psicológica por uma situação muito ruim que está prestes a acontecer é a pior tortura que uma pessoa pode sentir. Aisha estava completamente desesperada!

Rashid leva Parisa para o hospital e conversa com o médico, que diz que Marian está sedada, ainda não acordou e que está estável. Ela ficará alguns dias em observação e depois será liberada, mas precisará tomar mais cuidados com a saúde daquele momento em diante. Raschid então deixa o seu contato telefônico com aquele doutor, pedindo para que ele entrasse em contato caso algo ocorresse com aquela senhora. Ele também deixa o contato com Parisa e se despede dela, que o agradece intensamente.

Naquela noite Parisa fica no hospital como acompanhante daquela senhora. Na casa de Osnin, todos continuam a rezar por boa parte do tempo. Sonya prepara um jantar para todos, quando chama Aisha ela diz que não estava com vontade de comer. Sônya fica intensamente preocupada com aquela jovem. Ela estava completamente arrasada e em prantos, se mostrando intensamente desesperada quando ela entrou em seu quarto.

Sônya prefere deixar Aisha a refletir um pouco sobre a sua vida e as ações que teria que tomar daquele momento em diante. Ela alimenta aquelas crianças e coloca eles na cama para dormir, primeiro os filhos de Parisa em seus quartos e depois os filhos dela.

Naquela noite Aisha não conseguiu dormir nenhum pouco. Estava tão desesperada de medo, por Osnin retornar no dia seguinte e não saber o que seria do seu destino, que não conseguiu dormir. Ela chorou durante vários momentos daquela noite e rezou muito por Marian e Osnin, pedindo compaixão ao seu marido para que ele não fosse tão severo com ela quando chegasse e descobrisse tudo que ocorreu naquela casa enquanto ele esteve fora. Aisha estava completamente apavorada em meio a aquela situação. 

Casamento forçado e abusivoOnde histórias criam vida. Descubra agora