O outro dia

976 93 9
                                    

Osnin havia dormido no hospital, conforme havia prometido a Rashid no dia anterior. Quando ele chegou naquele espaço, já era tarde da noite e a sua mãe já estava a dormir. Osnin aproveitou para pensar um pouco sobre a sua vida antes de pegar no sono. Ele estava muito preocupado com a sua situação financeira, que ficava cada vez mais delicada, já que o seu negócio não estava tendo vendas e os recursos recebidos pelo Estado não estavam sendo o suficiente para garantir o seu padrão de vida atual, já que os produtos naquele país subiam intensamente o preço naquele momento devido a inflação causada pela escassez de produtos essenciais.

Aquele homem também estava preocupado com a sua situação no conselho religioso, que depois daquela reunião, estava extremamente ameaçado, não sendo permitido daquele momento em diante que ninguém de sua família cometesse qualquer equivoco que pudesse ser analisado novamente por aquele órgão. Depois de muito pensar nesses problemas, Osnin pega no sono e dorme.

No outro dia ele acorda pela manhã e conversa um pouco com a sua mãe, não contando a ela nenhum dos acontecimentos do ultimo dia, como por exemplo, aquelas análises do Conselho Religioso, pois, a sua mãe não poderia ter emoções fortes, conforme recomendações médicas. Daquele momento em diante, Osnin evitaria ao máximo passar informações que pudessem assustar a sua mãe com medo de que ela pudesse ter um novo ataque.

Ele se despediu de sua mãe ainda pela manhã e foi para o comando militar daquela cidade passar informações a respeito da evolução da guerra naquele país, especialmente, na cidade de Mazar-e-Charif, que era a cidade mais próxima em combate.

A essa altura, mais de 70% daquela cidade já havia sido tomada pelos rebeldes. A derrota nos campos de batalha estava sendo muito rápida e as baixas do exército defensor eram imensas, especialmente, porque eles não tinham condições de se defender dos ataques aéreos americanos.

Após fazer aquela ação de atualização das ações militares naquela cidade, Osnin foi até o local onde ficavam os prisioneiros. O Conselho religioso nacional, solicitou informações com relação quantidade de presos em cada uma das cidades dominadas pelo regime e os motivos de suas prisões. Muitos daqueles presos estavam lá por ataques contra a honra, contra a religião e contra o regime. Algumas pessoas, assim que iniciaram a guerra, começaram a fazer ataques naquela cidade, principalmente aos militares, em ações de apoio aos rebeldes e por esse motivo foram presas. Naquela prisão haviam mais de 100 prisioneiros a maioria deles com crimes considerados pesados segundo o regime vigente.

Ao terminar aquele levantamento, Osnin então caminha pelas ruas e conversa com amigos, explicando quais foram as decisões do Conselho Religioso no dia anterior e passando tranquilidade a eles de que Aisha seria castigada por ele, já que ela atacou a moral de sua família. Rapidamente aquela informação se espalhou por aquela cidade diminuindo as resistências e cobranças a Osnin por uma posição enérgica diante da atitude de sua esposa.

Na hora do almoço ele vai ao mercado de seu amigo, pois queria almoçar no centro para ocupar uma parte menor de seu tempo, já que logo em seguida haveria a reunião do Conselho Religioso. O seu amigo o recebe e questiona sobre a reunião daquele conselho e ele explica tudo o que ocorreu e o que propôs a aqueles conselheiros para resolver aquela situação, deixando aquele seu amigo também mais tranquilo. Ao finalizar aquela conversa e o almoço ele vai para casa pegar alguns documentos, poucos minutos antes da reunião daquele Conselho.

Ele chega em casa e encontra Aisha pela primeira vez após aquela intensa agressão ministrada contra ela e aquela reunião do Conselho Religioso que quase cassou o seu mandato, em sua concepção, por culpa de Aisha. O seu olhar para a jovem naquele primeiro momento foi fulminante. O semblante de Osnin era severo. Ele se lembra das falas daqueles conselheiros contra a sua honra e fica muito revoltado naquele momento.

Casamento forçado e abusivoOnde histórias criam vida. Descubra agora