Uma nova visita ao templo com Parisa

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No dia 25 de outubro de 2001, Aisha foi ao templo com Parisa para fazer as suas orações. No meio do caminho as duas não conversam. Eles iam juntas porque as mulheres não tinham autorização para saírem sozinhas naquelas terras. Ou elas saiam acompanhadas de um homem ou de outra das mulheres com quem conviviam. Sair sozinha naquela cidade era apenas para casos de extrema necessidade, quando elas não tinham mesmo outra opção. Caso uma mulher fosse pega sozinha sem justificativa ela era castigada publicamente.

Querendo muito rezar, ao ver que Parisa tinha esse interesse, Aisha pediu para ir com ela, quando aquela esposa mais velha do seu marido respondeu de forma fria que aceitaria que ela a fizesse companhia

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Querendo muito rezar, ao ver que Parisa tinha esse interesse, Aisha pediu para ir com ela, quando aquela esposa mais velha do seu marido respondeu de forma fria que aceitaria que ela a fizesse companhia.

Ao chegar a aquele templo, haviam alguns homens em meio as suas orações. Parisa, querendo ficar longe de Aisha por não gostar dela, vai para uma parte mais a frente do templo. Aisha entendendo aquela ação de Parisa, prefere ficar mais na parte de trás daquele espaço religioso a rezar ajoelhada. Quando depois de alguns minutos chega uma outra mulher, totalmente coberta, como era de costume e senta em um banco daquele templo, próximo a Aisha.

Muito sedenta por orações, tanto Aisha quanto Parisa ficam horas a rezar, quando aquela senhora que estava próxima de Aisha fica inquieta, ao ver que ela era a única naquele espaço que não se sentava, estava a ficar em pé e a se ajoelhar por várias vezes durante aquela oração. E então aquela mulher questiona:

- Senhora, estou vendo que está aí há horas a ajoelhar e a levantar, porque não senta um pouco para descansar?

- Eu prefiro ficar assim mesmo senhora. Diz Aisha de forma envergonhada. Quando aquela senhora percebe por sua voz que era ainda uma menina. Como o seu rosto estava coberto pela burca, não deu pra ela identificar isso de imediato.

- Você é uma menina não é? Quantos anos tem?

- Eu tenho 15. Responde Aisha. Enquanto é observada a distância por alguns homens, que estavam a prestar atenção naquela conversa.

- Sente-se um pouco. Acho que podemos conversar um pouco.

- Não senhora eu prefiro mesmo ficar em pé.

- Tem algo errado com você, porque insiste tanto em ficar ajoelhada durante todo esse tempo? Questiona aquela senhora baixinho para não atrapalhar a oração dos demais presentes naquele espaço, enquanto os homens ainda estavam atentos a aquele diálogo. As mulheres eram vigiadas o tempo inteiro naquela sociedade, por onde quer que andavam. Aqueles homens sabiam que Parisa e Aisha eram esposas de Osnin, por esse motivo eles ficavam ainda mais atentos a cada movimento delas. Como a cidade era muito pequena, todos conheciam as pessoas e era muito comum que uns comentassem sobre a vida dos outros, especialmente, de pessoas influentes como era o caso de Osnin.

Aisha se aproxima dela e diz também baixinho com vergonha das pessoas que estavam naquele local:

- Na verdade é melhor ficar em pé ou ajoelhada para não sentir dores senhora. Eu estou muito machucada.

- E onde se machucou a ponto de não conseguir se sentar? Questiona aquela senhora de forma curiosa.

Aisha sentindo segurança naquela mulher que se mostrou bondosa e preocupada com a sua situação começa a falar com ela:

- Eu tenho sido uma esposa má e o meu marido tem me castigado todos os dias por isso. Eu não estou aguentando me sentar, dói muito. Diz Aisha muito envergonhada.

- Ninguém pode fazer tamanho ato ruim a ponto de merecer ser castigada diariamente menina. Eu sei que isso acontece muito por aqui. Mas, quem está sendo muito mal é o seu marido por agir assim. Diz aquela senhora de forma ríspida.

- Eu sei que ele está sendo muito severo. Mas, acho que ele tem os seus motivos.

- Não coloque isso na sua cabeça. Ele não tem direito de te tratar assim. Por mais motivos que você dê a ele, ele não tem o direito de fazer isso. Ele está errado! Diz aquela mulher se mostrando intensamente evoluída em seus pensamentos, quando ela percebe a movimentações dos homens a olhar para ela de forma mais extrema. Alguns deles se levantam na parte mais a frente do templo e começam a olhar para trás o diálogo daquelas duas mulheres. Aquela mulher misteriosa, então percebe que é hora de terminar aquela conversa, quando se despede daquela jovem imediatamente, já se levantando, antes que fosse contida por aqueles homens:

- Bem, agora eu preciso ir. Foi um prazer conhecê-la.

- O prazer foi todo meu. Diz Aisha, ficando muito impressionada com a visão daquela senhora e com a vontade dela em lhe proteger de alguma forma. Apenas em querer saber o que Aisha estava a passar, para aquela jovem, já era confortador. Desde que se casou todos a condenaram. Aquela mulher não, a defendeu. Aisha ficou muito feliz com aquele diálogo, mesmo ele tendo sido muito curto.

Entretanto, ao virar para frente novamente para a parte da frente do templo, ela percebe que alguns homens haviam se levantado para ouvir o que elas estavam a dizer e se assusta intensamente. Quando um daqueles homens se aproxima dela e questiona de forma ameaçadora, fazendo Aisha se sentir extremamente pressionada:

- Você está aqui com quem senhora?

- Eu estou com a esposa mais velha do meu marido. Nós fomos autorizadas por ele a vir no templo.

- Esse tipo de conversa a senhora sabe que é totalmente proibida de acordo com as regras da nossa sociedade? Questiona aquele homem.

Aisha se assusta ainda mais intensamente e responde.

- Apenas conversamos um pouco meu senhor. Não vejo nada de mal nisso.

- É melhor a senhora voltar a rezar. Diz aquele senhor, demonstrando vontade de encerrar aquela conversa, quando Aisha se assusta ainda mais intensamente, se ajoelhando novamente a rezar.

Depois dessa conversa que preocupou Aisha, ela continuou a sua oração ajoelhada por mais alguns minutos, até que Parisa a chamou para ir embora. Nesse momento ela se levantou e acompanhou a mais velha esposa de seu marido até a sua casa. Na sua saída daquele templo os homens ainda ficaram a observando intensamente, com um olhar ameaçador, o que assustou Aisha e também Parisa, que mais a frente do templo durante todo aquele momento de diálogo de Aisha com aquela mulher, não havia visto o que aconteceu naquele espaço que havia deixado aqueles homens tão atentos e com um olhar e semblante tão estranhos.

Casamento forçado e abusivoOnde histórias criam vida. Descubra agora