Às 14 horas daquele dia, inicia a reunião do Conselho Religioso com aqueles 11 membros presentes. O presidente daquele Conselho inicia a sua fala dizendo que havia surgido uma pauta extraordinária que precisaria ser resolvida antes das pautas anteriormente definidas para a reunião do dia. Era a acusação de que Aisha havia passado informações a uma mulher misteriosa que publicou essas informações em um jornal de grande circulação prejudicando a imagem daquele regime vigente.
Nesse momento Osnin respira fundo. Realmente aquela ocorrência poderia lhe causar problemas enormes junto a aquele conselho e toda aquela comunidade a partir daquele momento.
Então o presidente começa a explicar, de acordo com a versão dos testemunhas, que informaram que Aisha, depois de algum tempo a rezar, conversou com essa senhora, que não foi identificada de imediato, mas que depois foi identificada pela reportagem como sendo uma defensora famosa dos direitos das mulheres daquele país e totalmente contrária ao regime vigente, dizendo a ela que estava a ser castigada pelo marido diariamente. Aquela ação estava a prejudicar intensamente a imagem do grupo que governava o país naquele momento. Ao dizer isso, o presidente daquele conselho pede que as pessoas discutam qual a ação que seria tomado por eles perante aquela situação. Quando então ele passa a palavra a Osnin para que ele diga a sua versão dos fatos, já que a acusada daquela ação era a sua esposa.
Osnin estava extremamente nervoso naquele momento. Como não tinha muitos elementos para a defesa e ainda não havia conversado com Aisha e com Parisa, que estavam no local naquele dia, ele estava completamente inseguro naquele momento quando diz:
- Boa tarde senhores. Bem, eu ainda não tive oportunidade de conversar com Aisha sobre o ocorrido. Eu estava hoje a trabalhar nas ações de defesa do nosso território e também na logística de recebimento dos feridos da guerra no hospital. Além disso, a minha mãe também sofreu um infarto e eu tive que ir visitá-la no hospital. Muitas coisas tem ocorrido ao mesmo tempo e fui saber dessa reportagem apenas agora na hora do almoço.
- E o que o senhor tem a dizer sobre essa história? Questiona o presidente.
- É uma história muito séria. Qualquer coisa que afete a imagem do nosso regime nesse momento é muito prejudicial a todos, especialmente, em um momento de guerra como estamos enfrentando agora. Conversei com os testemunhas e eles foram enfáticos de que foi Aisha que fez essa afirmação a aquela ativista. E naquele momento eu estava realmente a castigar Aisha diariamente porque ela estava a ser uma má esposa. Portanto toda essa história procede com os fatos e eu estou aqui perante os senhores para confirmar isso. Diz Osnin em tom triste.
- O senhor autorizou a sua esposa a ir ao templo naquele dia? Questiona o presidente.
- Sim. Eu sempre autorizo as minhas esposas a virem ao templo. Acho que orações é sempre bom. Mas, desde que elas estejam acompanhadas como define o nosso regime. Naquele dia vieram Aisha e Parisa.
- Correto. Você ainda está a castigar a sua esposa com punições diárias?
- Na semana passada eu estava em viagem e não tinha como punir Aisha. Mas, os castigos dela continuam. Ontem, mesmo ela foi severamente castigada por mim. Aisha realmente não tem sido uma boa esposa ultimamente e eu tenho que reconhecer isso aqui aos senhores depois do que aconteceu. Eu tenho sido enérgico com ela para que pudesse a colocar nos eixos, mas, confesso que não está tão fácil como eu imaginava. Diz Osnin com um semblante extremamente preocupado.
- Como o senhor pretende tratar essa situação, em caso de absolvição de Aisha por esse conselho na reunião de hoje? Questiona novamente o presidente:
- Aisha precisa ser castigada pelo que fez senhor. Acho que todos sabem disso. Mas, novamente eu peço aos senhores, eu gostaria de resolver isso internamente, eu e a minha esposa. Acho que não é necessária uma intervenção desse conselho, porque eu tenho meios de fazer com que Aisha não cometa mais erros. Eu prometo ser ainda mais enérgico com ela daqui pra frente. Diz Osnin um pouco nervoso naquele momento, claramente a suar, de tanta pressão que sentia.
- As minhas questões já estão respondidas. Alguém mais:
Harry o principal desafeto de Osnin então pede a palavra. Quando a palavra é concedida pelo presidente a ele:
- Eu estou extremamente preocupado com a reputação dos membros desse conselho. Ao invés de estarmos resolvendo questões da sociedade, temos resolvido questões relacionadas a Osnin e a sua esposa nos últimos tempos. Uma das características dos membros desse conselho não é a necessidade da conduta ilibada de sua família? Não estaríamos discutindo nada se a cultura dessa família fosse ilibada. Acho que temos que avançar um pouco nessa discussão e eu vou propor aqui que ampliemos. Acho que devemos votar a cassação de Osnin do Conselho hoje, porque a família dele não tem mais os requisitos para ter um representante nesse conselho depois de tantos escândalos de Aisha. Se ele não consegue controlar a sua esposa, não tem condições de controlar essa sociedade. Diz aquele homem em tom direto, quando continua a sua fala: - Depois disso, devemos verificar se Aisha merece uma punição pública pelo que fez e que punição deve ser essa. Eu gostaria de lhe entregar aqui senhor um documento assinado por seis membros desse Conselho pedindo para que essa análise seja realizada. Com esse número, o meu pedido tem que ser atendido dessa forma. Aquele homem então entrega aquele documento ao presidente para que ele analisasse. Ele confere os dizeres e as assinaturas e defere o pedido. O presidente então diz:
- Bem, conforme foi requisitado, temos que abrir duas discussões, a primeira é sobre uma possível cassação de Osnin. Depois sobre uma possível punição pública de Aisha. De acordo Osnin? Questiona aquele senhor.
Osnin nesse momento estava pálido de tanto medo. Ele não poderia perder aquela vaga no Conselho Religioso naquele momento, pois, era de lá que ele estava retirando os recursos de sustento de sua família, já que os seus negócios não estavam rendendo mais nada, muito pelo contrário, trazia a ele apenas prejuízo depois do início da guerra. Então ele responde:
- Já que a maioria pediu para que fosse atendida a discussão nesses dois sentidos, eu estou preparado, que seja atendido o pedido dos conselheiros de acordo com o regulamento. Diz Osnin se mostrando intensamente desesperado ao olhar para Rashid naquele momento, que também passava as mãos na testa, limpando o suor de sua testa, demonstrando extrema preocupação.
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Casamento forçado e abusivo
General FictionAisha era uma menina que morava em um pequeno vilarejo no norte do Afeganistão. A população de sua região era muito conservadora e extremamente religiosa. Ao chegar na pré-adolescência, ela conheceu um jovem garoto de sua escola, o qual começou a g...