A órdem

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No final da manhã daquela terça-feira, Marian sobe até a parte de cima da casa e percebe que Aisha estava a passar pano naquele chão. Quando ela diz:

- Eu já sei o que quero que faça para que eu não te denuncie. Diz aquela senhora em tom direto e severo.

Aisha se assusta imediatamente, mas, escuta atentamente as ordens daquela senhora.

- Eu quero que fuja Aisha. Eu quero que suma dessas terras para que eu nunca mais te veja em minha vida. Nem eu e nem Osnin. Você vai ter que fugir agora ou assim que o seu esposo chegar para o almoço eu conto a ele e mostro aquela carta.

Nesse momento Aisha era puro desespero. O seu corpo começou a tremer de forma extrema, aquela jovem ficou intensamente pálida. Para onde ela fugiria naquele momento com o seu país em guerra? Questionava ela em meio aos seus pensamentos. Até que veio uma repreensão abrupta daquela senhora.

- Anda menina, o almoço é daqui a pouco. Pegue aquilo que pretende levar, coloque em uma mochila e suma daqui imediatamente, eu não lhe darei outra oportunidade! Diz aquela senhora em tom ameaçador.

Aisha trêmula, abre a porta do seu quarto, pega uma bolsa e começa a colocar coisas dentro dela para realizar a fuga que aquela senhora havia a ordenado.

Depois de arrumar tudo rapidamente, ela começa a chorar intensamente de desespero ao saber que iria perder o seu esposo, a quem ela estava mesmo a começar a gostar intensamente naquele momento. Marian a vê chorando, mas não se comove nenhum pouco. Quando então, Aisha desce aquelas escadas correndo, ao ver que não teria saída, ou fugia ou era denunciada. Ela então abre a porta e sai caminhando rapidamente pelas ruas com a burca a tampar o seu rosto, tentando disfarçar para que ninguém a reconhecesse.

Entretanto, nesse dia Osnin estava a dirigir pelas ruas da cidade, quando reconheceu a bolsa e a forma de caminhar daquela menina que andava pela rua, começando a segui-la. Quando ela se afastou daquele vilarejo, que tomou o caminho da estrada, Osnin acelerou um pouco o seu carro, chegou ao seu lado e ordenou abruptamente:

- Aisha, entra no carro!

Aquela fala gelou Aisha dos pés a cabeça. Ser pega pelo esposo naquele momento significaria que ela passaria por situações a qual não poderia imaginar e que não saberia nem se poderia suportar. Ela então continua a caminhar tentando fingir que não era ela, já que o seu rosto estava totalmente tampado pela burca.

Osnin continua a andar com o carro ao seu lado devagar, para a acompanhá-lá, quando diz novamente:

- Aisha, eu sei que é você. Se algum homem te ver caminhar pela rua dessa forma, comigo ao seu lado, ele vai te denunciar para o conselho religioso e dessa vez eu não terei nenhuma condição de evitar que você seja castigada severamente em praça pública, ainda mais que o conselho recebeu ordens hoje para ser o mais enérgico possível em todas as situações. Vamos entrar e resolver isso em casa.

Os panos da roupa de Aisha já começavam a respingar as lágrimas que estavam a escorrer de seu rosto por dentro daquela roupa. Então, ela para a sua caminhada e Osnin também para o carro. Ela abre a porta e entra totalmente desesperada a tremer.

- Eu não vou falar nada com você nesse momento Aisha! Tentando fugir novamente do casamento mesmo depois de eu ter te tratado tão bem nos últimos meses. É melhor nem comentar mais nada! Em casa resolvemos essa questão. Diz Osnin ao ficar calado depois dessa fala ameaçadora, quando tudo que Aisha faz é colocar as mãos tampando o seu rosto de tanta vergonha e desespero que estava a sentir naquele momento. Osnin parte então em direção a sua casa, dirigindo rapidamente aquele carro, demonstrando estar em um estado de intensa revolta. 

Casamento forçado e abusivoOnde histórias criam vida. Descubra agora