Rashid estava no templo quando aquela reunião foi adiada e chama Osnin para um local reservado, pois queria conversar previamente com o seu melhor amigo sobre aquela reportagem. Osnin muito nervoso e a tremer, diz a ele logo ao chegar naquele espaço mais reservado quando estavam sozinhos:
- Você viu o que Aisha fez dessa vez?
- Osnin, eu sei que isso é muito sério, mas você precisa defender Aisha. Responde Rashid.
- Como eu posso defender a minha esposa depois de ela me denunciar para uma ativista com dezenas de testemunhas no espaço.
- Aisha não sabia que era uma ativista e se soubesse, provavelmente não havia tido essa ação. Eu conheço Aisha e você também conhece. Todos sabemos que ela morre de medo de você. Diz Rashid em tom direto.
- Eu já nem sei mais. Aisha enquanto eu estava fora ficou incontrolável. Ela mandou a minha mãe para o inferno e ainda teve a audácia de dizer que ela estava demente. Foi isso que causou o infarto da minha mãe. Diz Osnin.
- Aisha não teria coragem de fazer isso? Tem certeza? Questiona Rashid um pouco espantado.
- Sim, Parisa e Sonia me confirmaram e ela não negou. Provavelmente fez isso!
- Você perguntou a ela os seus motivos?
- E tem motivos plausíveis para fazer uma coisa dessas com uma sogra Rashid? Você está maluco também?
- Osnin há sempre uma explicação para tudo nessa vida. Sei que o que Aisha fez nesse sentido foi muito errado, mas, algum motivo para ela tomar uma atitude tão enérgica contra a sua mãe ela tem! Afirma Rashid.
- Claro que não tem. Diz Osnin de forma pensativa. Quando diz complementando a sua frase: - Eu sei que minha mãe fica me colocando contra Aisha o tempo inteiro. Eu sei desde o começo que ela não gosta de Aisha, mas, de qualquer forma, não tem explicação. Aisha não podia ter feito isso! Ela quase matou a minha mãe.
- E como você reagiu?
- Fui enérgico com ela, obviamente. Ontem a castiguei severamente, como nunca havia feito em minha vida com nenhuma das minhas esposas. Tenho certeza que Aisha a partir de agora, nunca mais ousará desafiar nenhuma pessoa mais velha naquela casa.
- Atacou Aisha de cabeça quente de novo Osnin? O que você havia prometido para mim na nossa última conversa sobre esse assunto?
- O que queria que eu fizesse? Eu encontrei a minha mãe no hospital toda entubada por culpa da minha esposa que a acusou de demência. Ela sofreu um infarto por isso. Você queria que eu lhe desse flores? Questiona Osnin em tom irônico.
- Não. Eu só queria que conversasse com ela para entender os seus motivos, esfriasse a cabeça e depois, se achasse que deveria puni-la, fizesse isso de uma forma mais controlada.
- Eu perdi o controle. Confesso que depois fiquei com pena de Aisha. Eu fui realmente muito severo com ela. Hoje penso que ela poderia não ter suportado tamanha violência.
- E você acha isso certo? Questiona Rashid.
- Pelo que ela fez. Tenho dúvidas!
- Eu não tenho dúvida nenhuma. A nossa cultura diz o tempo todo que temos que manter o controle de nossas ações. Jamais perder a cabeça. Você está errado Osnin. A nossa religião é contra violentar uma esposa dessa forma. E você ainda quebrou uma promessa que fez comigo.
- Você está certo. Diz Osnin se mostrando triste após aquela fala de seu amigo.
- Eu quero que você renove aqui agora comigo a promessa que fez, que não vai mais agir de cabeça quente contra as suas esposas. Você me disse que odiava quando o seu pai fazia isso com você ou com as esposas dele. Renove aqui agora Osnin. Você tem palavra de homem ou não tem? Eu sou o seu melhor amigo desde criança e você nunca tinha quebrado uma palavra que havia me prometido. E eu também nunca fiz isso com você. Eu quero que você renove a sua promessa. Diz Rashid de forma direta ao seu melhor amigo, quando Osnin ao ver que estava errado diz se mostrando um pouco triste.
- Eu renovo a minha promessa. Eu não farei mais isso. Ontem eu perdi mesmo a minha cabeça!
- Se pensar direitinho você deve ter feito a mesma coisa que Aisha quando disse aquilo a sua mãe. Aisha perdeu a cabeça e falou aquilo e você também perdeu a cabeça e a castigou de forma extremamente desproporcional para uma criança de apenas 15 anos. Aisha deve desculpas a ela pelo que fez e você deve desculpas a Aisha pelo que fez. Ou será que apenas você pode perder a cabeça e ela não? Questiona Rashid.
- Isso eu não faço. Aisha errou e quase matou a minha mãe. Pedir desculpas a ela jamais!
- Tudo bem Osnin. Eu fico tranquilo apenas se cumprir com a sua palavra e não mais agir contra Aisha com a cabeça quente aconteça o que acontecer. Aisha tem apenas 15 anos e espero que você se lembre disso quando estiver prestes a perder a cabeça novamente. Diz Rashid de forma direta e repreensiva.
Naquele momento eles olham no relógio e percebem que era hora de ir pra a reunião do Conselho religioso. Onsin então balança a sua cabeça positivamente e diz:
- Eu vou me lembrar disso amigo!
Rashid era o melhor amigo e confidente de Osnin desde a infância. Os dois cresceram juntos naquela sociedade. Desde a infância eles tinham feito um pacto de que seriam sinceros um para com o outro, em uma relação de quase irmandade, o qual um jamais poderia se chatear com aquilo que o outro dissesse. Como Osnin não tinha irmãos que moravam próximos a ele, já que seus dois irmãos eram por parte de pai apenas e moravam distantes, ele adotou Rashid como um irmão e confidente.
Desde as suas infâncias os dois conversavam sobre todos os assuntos de sua vida particular, empresarial e social. Os dois confidenciavam tudo um com o outro e se escutavam sempre quando iriam tomar alguma decisão. A relação daqueles dois amigos era de uma confiança extrema e as promessas realizadas entre eles, não eram quebradas. A primeira quebra de promessa no decorrer da vida daqueles dois, foi exatamente com relação aos castigos ministrados por Osnin contra Aisha, o qual ele renovou a promessa e prometeu que dessa vez não iria quebrá-la, no sentido de castigar alguém de sua família novamente quando não estivesse tranquilo, evitando tomar ações muito extremas contra as suas esposas que pudessem prejudicar a sua saúde, algo que era totalmente condenado por aquela religião, mas, não por aquela comunidade extremista, que pregava que o controle das mulheres poderia ser feito a partir da violência extrema quando os castigos mais amenos não estavam a trazer resultados esperados.
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Casamento forçado e abusivo
General FictionAisha era uma menina que morava em um pequeno vilarejo no norte do Afeganistão. A população de sua região era muito conservadora e extremamente religiosa. Ao chegar na pré-adolescência, ela conheceu um jovem garoto de sua escola, o qual começou a g...