Assim que aquela reunião finaliza, Osnin, mesmo vitorioso nas votações, sai daquele espaço pelas portas dos fundos e rapidamente. Ele estava muito nervoso, pois nunca tinha sido tão humilhado em sua vida. Quando estava caminhando em direção ao seu carro no estacionamento, Rashid o vê de longe e sai correndo em sua direção, chegando próximo ele toca em seu braço e questiona:
- Osnin, para onde você vai?
- Vou para casa resolver as minhas diferenças com Aisha, cumprir o meu papel de marido. Diz Osnin em tom severo.
- Você não vai fazer isso!
- E porque não. Não foi isso que você votou para que eu fizesse naquele conselho agora mesmo? Questiona Osnin em tom irônico e ao mesmo tempo severo, demonstrando nervosismo em sua fala.
- Eu não votei para que você fizesse isso. Eu votei para que você tivesse a alternativa de não fazer isso. Diz Rashid de forma direta.
- Rashid eu vou pra casa, estou muito cansado, preciso de um banho.
- Eu não vou deixar você ir pra casa e encontrar com Aisha hoje Osnin, pois sei que você pode perder a cabeça assim como fez ontem. Aisha deve estar muito debilitada depois de suas agressões de ontem. Ela pode não aguentar mais violência contra ela hoje.
- Rashid, eu não vou perder a cabeça eu estou te dizendo.
- Osnin eu tocando no seu braço eu estou sentindo você tremer de tão nervoso que está. Te conhecendo como eu conheço desde pequeno acha mesmo que eu vou acreditar nisso?
- Acho que não. Pra falar a verdade nem eu estou acreditando muito no que estou a dizer no momento. Eu na verdade quero pegar Aisha e amassá-la até não poder mais, pela vergonha que ela me fez passar hoje. Diz Osnin colocando as suas mãos sobre a cabeça, demonstrando estar intensamente desesperado.
- E eu quero pegar Aisha e abraça-la por termos vencido nesse conselho hoje e termos evitado que ela passasse por mais uma grande injustiça cultural. Eu não vou deixar que faça nada que possa se arrepender amanhã. Você vai para minha casa e vai tomar um banho lá. Durma lá hoje e depois você vai para casa. Amanhã estará mais tranquilo. Encontrará com Aisha civilizadamente, assim como me prometeu, conversará com ela, saberá o que aconteceu, para depois decidir o que vai fazer. Tudo bem?
- Tudo bem Rashid. Você sempre convencendo a todos. Muito obrigado pela minha defesa e pela defesa da minha esposa naquele conselho hoje. Sem você estaríamos nós dois arruinados. Você é demais meu amigo!
- Eu gosto muito de você Osnin e gosto muito de Aisha também. Tudo que eu puder fazer em defesa de vocês dois eu vou fazer. Diz Rashid com um sorriso no rosto.
- Eu combinei de dormir com a minha mãe hoje. Eu tomo um banho na sua casa e depois vou pra lá.
- Promete que vai pra lá mesmo Osnin? Vai mesmo para o hospital?
- Eu prometo.
- Palavra de homem? Questiona Rashid como eles faziam na infância.
- Palavra de homem. Então os dois sorriem daquela lembrança e cada um pega os seus carros indo em direção da casa de Rashid conforme os dois combinaram.
Naquele dia Aisha ficou intensamente ansiosa pela chegada de Osnin, que provavelmente poderia a castigar novamente, mesmo ela estando debilitada. Quando ficou mais tarde e ela percebeu que ele não havia chegado, ficou mais aliviada, conseguindo dormir com tranquilidade. Aisha não tem noção de que a sua vida estava a ser decidida naquele espaço hoje por aqueles 11 Conselheiros. Pelo menos, por um dia, aquela jovem teve um pouco de sossego mental.
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Casamento forçado e abusivo
General FictionAisha era uma menina que morava em um pequeno vilarejo no norte do Afeganistão. A população de sua região era muito conservadora e extremamente religiosa. Ao chegar na pré-adolescência, ela conheceu um jovem garoto de sua escola, o qual começou a g...