Aisha acorda no dia seguinte com o rosto muito dolorido e com o seu olho direito muito inchado e machucado. Ela toca aquele ponto e sente uma dor tão grande que prefere não encostar mais naquele local. Então aquela jovem se levanta, abre a cortina, olha pela janela e percebe que já era manhã e ainda estava no quarto de seu esposo. Aisha nota que Osnin não havia dormido com ela em seu quarto, portanto, acredita que ele tenha dormido no quarto de alguma de suas esposas.
Ela se levanta, veste a roupa em que se casou e vai em direção a porta do quarto. Ao abrir a porta ela olha para o corredor para ver se encontrava alguém, mas ninguém estava no local, o que deixou Aisha bastante aliviada. Em sua mente ela pensa que todas as pessoas ainda deveriam estar dormindo depois da intensa comemoração do dia anterior. Aproveitando que o corredor estava vazio ela corre então em direção ao seu quarto, onde haviam sido colocadas as suas roupas.
Ao chegar em em seus aposentos, a primeira coisa que Aisha faz é pegar um espelho para ver o resultado do golpe que seu marido lhe deu no dia anterior. Ao olhar ela fica muito assustada. O seu olho estava extremamente inchado e roxo. Aisha estava com uma intensa vergonha de descer para encontrar com a sua nova família, mas, ela sabe que não teria saída, pois, certamente seria chamada para o seu primeiro café da manhã e outras refeições.
Aquela jovem resolveu então tomar um banho. Como a casa era muito luxuosa, todos os quartos tinham banheiro. Osnin além de empresário, um dos mais ricos da região, ainda tinha um cargo no estado, o qual ele controlava as ações da população, como um denunciante daqueles que agiam contra a moral, os bons costumes, quebrando algum dos dogmas religiosos e recebia uma boa quantia para a realização desse trabalho. Tendo muito dinheiro, ele construiu uma das melhores casas daquele vilarejo e tinha muito orgulho tanto de sua residência, quanto do respeito que as pessoas tinham por ele devido a sua posição social.
Entretanto, essa posição poderia estar um pouco arranhada, devido a afronta de Aisha no dia anterior. Como aquela comunidade era extremamente conservadora, qualquer pequeno erro de algum membro da família que chegasse aos ouvidos dos religiosos, poderia gerar problemas na imagem da família. E isso preocupava muito Osnin.
Enquanto se banhava, Aisha lembrava dos momentos de aflição do dia anterior. Ela se lembrou da hora em que ficou frente a frente com o seu esposo pela primeira vez e ela a olhava de forma furiosa em meio ao jardim ao lado da caverna em que foi encontrada. Se lembrou depois do seu pai a chegar com aquela vara e o desespero que ela sentiu ao ver que seria punida novamente. Lembrou-se também da intensa dor que sentiu a cada um daqueles golpes, e veio a sua memória a sensação de ardor na sua pele, em uma punição que parecia ter durado uma eternidade. Aisha sentiu muita dor naquele momento. Certamente o seu pai estava com uma fúria enorme para agredi-la com tanta intensidade.
Nesse momento ela olha em seu corpo nu e percebe que parte das marcas deixadas pelo seu pai na tarde anterior ainda persistiam gravadas na suas pele. Aqueles golpes de vara deixaram linhas roxas e vermelhas escuras espalhadas em suas pernas e, provavelmente, em suas costas e outras partes do seu corpo que haviam sido atingidas na severa punição aplicada pelo seu pai. Aisha se banhava com muito cuidado para não tocar naqueles pontos atingidos, visando evitar ainda mais dor.
Ainda enquanto se banhava, Aisha se lembrou do desespero que teve ao olhar para a sua sogra no meio da festa de casamento e a viu com um semblante furioso. Naquele momento veio em sua mente o que a cabeleireira havia lhe dito quanto a possibilidade daquela senhora transformar a sua vida em um verdadeiro inferno, e isso a fez se desesperar completamente. Então ela se lembrou de que aquele momento não foi nada se comparado a quando o seu esposo a agrediu atingindo o seu rosto e quando ele a ameaçou terrivelmente antes do ato sexual que também foi horrível. Aquelas lembranças fizeram Aisha se derramar em lágrimas no chuveiro, misturando a água que caía dele e suas lágrimas. Aquele dia havia sido muito traumática para aquela jovem de apenas 14 anos.
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Casamento forçado e abusivo
General FictionAisha era uma menina que morava em um pequeno vilarejo no norte do Afeganistão. A população de sua região era muito conservadora e extremamente religiosa. Ao chegar na pré-adolescência, ela conheceu um jovem garoto de sua escola, o qual começou a g...