As sucessivas sabotagens

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Já havia passado quatro meses do casamento de Aisha e um mês daquela cerimônia que deixou toda aquela família completamente envergonhada. Ela estava feliz com o seu casamento, mesmo sendo completamente polida pelas mulheres daquela casa. O que a consolava era que ela era muito amada pelas crianças e, naquele momento, tinha uma relação muito harmoniosa com o seu marido, que queria engravidá-la o mais rápido possível, mesmo depois daqueles acontecimentos públicos.

Com essa vontade de engravidar a sua mais nova esposa, ele estava dando mais atenção a ela do que as demais, o que estava fazendo com que Parisa e Sonya criassem um ódio mortal de Aisha. Elas reclamavam constantemente essa situação para Marian, que começou a dar dicas para as suas noras de como sabotar Aisha perante o marido.

As mulheres começaram essa sabotagem na arrumação da casa que era realizada por Aisha. A limpeza da casa era realizada durante o dia, enquanto Osnin estava no trabalho. Ela limpava e organizava tudo perfeitamente, entretanto, as outras esposas e sua sogra tratavam de bagunçar a casa no intervalo entre o fim da arrumação e a chegada de Osnin. Assim que ele chegava, elas começavam então a criticar os trabalhos de Aisha, antes que ela descesse para vê-lo, dizendo que a jovem estava a cada dia mais preguiçosa, não realizando os serviços domésticos de limpeza da casa com a qualidade necessária. Parisa e Sonya estavam a dizer que os filhos estavam até mesmo a ficarem doentes, devido a poeira que a casa estava a ter, graças ao serviço de limpeza mal realizado por Aisha.

Depois de semanas dessa forma, Osnin foi até o quarto de Aisha a repreender de forma muito rude e aquela jovem não entendeu muito bem o motivo daquela repreensão, já que ela estava a fazer tudo muito corretamente, trabalhando praticamente o tempo inteiro durante o dia e não deixando nenhuma sujeira em parte nenhuma daquela casa. Ela prometeu então que trabalharia ainda mais intensamente em sua conversa com o marido.

Ao ver todas as mulheres criticando muito Aisha, por tudo, Osnin já começava a olhar a sua jovem esposa de outra forma, perdendo um pouco da paixão e do encanto. Como ele não tinha o contraste, com pelo menos uma posição a favor de Aisha e, ele, não procurava verificar a versão dela dos fatos, acabava tendo uma única visão, a alimentada pelas desafetas da jovem. Assim, o patriarca daquela família foi cristalizando em sua mente, a versão passada por sua mãe e pelas esposas, que ficavam em casa durante o dia enquanto ele estava a trabalhar. Pelo fato delas estarem enciumadas, passavam sempre as versões muito negativas daquela jovem, que era extremamente trabalhadora, zelosa e educada.

Com o tempo as suas esposas começaram a inventar que Aisha estava a destratar Marian enquanto Osnin estava fora, o que o fez ficar extremamente furioso com Aisha. Sempre que ele entrava no quarto de forma abrupta a repreendê-la aquela adolescente não entendia os motivos. Por ser muito jovem e inexperiente, não sabia o que estava a acontecer e, portanto, não conseguia se proteger daquele conluio para acabar com a sua reputação perante o marido, que a cada dia, em meio a aquelas reclamações intensas, perdia mais a paciência com ela, sem nenhum motivo.

Osnin já não tratava Aisha com tanto carinho e estava cada vez mais crítico com relação a sua nova esposa. Afinal de contas, por mais de dois meses ele foi bombardeado com informações de que a sua esposa estava a fazer os trabalhos de forma extremamente mal feitas, errando as receitas, quebrando as porcelanas, destratando a sua mãe, suas esposas e seus filhos. Mesmo, tudo isso ocorrendo enquanto Osnin não estava em casa e quando ele chegava ficando tudo na mais extrema harmonia, ele não desconfiava que todas aquelas informações poderiam ser mentirosas e estava a confiar plenamente naquelas mulheres.

No dia 25 de agosto de 2001, Aisha fez aniversário de quinze anos. Nessa data ela esperava uma pequena comemoração, como era comum, e que seu esposo trouxesse um presente para ela. Entretanto, naquele momento, Osnin já estava tão envenenado pelas mentiras contadas por Parisa, Sonya e Marian, que não conseguia mais ver Aisha como uma boa esposa, digna de presentes e ela não recebeu nada, nem a presença do seu marido em seu quarto para lhe dar os parabéns de forma mais reservada. Aisha estava assustada com a mudança de conduta de seu esposo nos últimos meses e, nesse dia, após o jantar, foi dormir extremamente triste.

Ela se lembra enquanto se preparava para dormir que nessa data o seu pai sempre comemorava com ela de forma muito carinhosa e alegre. Algumas vezes até chamando amigos e parentes para a comemoração de seu aniversário. O que a faz sentir um aperto no coração de tanta tristeza. Nessa data o seu pai trazia para ela lindos presentes, normalmente, belos vestidos e Aisha ficava muito feliz ao experimentá-los.

Ao relembrar daqueles momentos bons de seu passado, Aisha tem uma saudade enorme do seu pai e se sente muito sozinha naquela noite. Sempre que se sentia desta forma os seus pensamentos logo migravam para Caivan, que ocupava rapidamente a sua mente. Aisha sempre ficava a imaginar como seria se ela tivesse aceitado fugir com aquele jovem. Nesse momento, em meio aos seus pensamentos, ela se lembra daquele beijo maravilhoso que deu em Caivan e como poderia ser feliz se estivesse casada com ele. O que fica na cabeça de Aisha é que aquela família, diferentemente da de Osnin, a aceitou imediatamente de braços abertos.

Depois de pensar muito nesses momentos e repetir a cena daquele beijo inúmeras vezes em sua mente, Aisha consegue dormir e sonhar com aquele jovem feliz da vida em uma terra em que ele fosse aceito, mesmo tendo uma religião diferente da maioria daquela população. 

Casamento forçado e abusivoOnde histórias criam vida. Descubra agora