A morte

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Na quarta-feira, dia 07 de novembro de 2001, Osnin recebe uma notícia que o choca bastante. Um dos mísseis lançados na cidade em que moravam os seus irmãos, por parte de pai, atingiu a repartição pública em que um deles trabalhava e o seu irmão do meio veio a falecer. Aquela notícia deixou Osnin completamente desesperado na hora do almoço. O seu desespero era tão intenso que isso comoveu a todas as suas mulheres. O mais triste é que ele não podia nem ir no enterro do irmão, pois aquela região estava totalmente cercada por rebeldes.

Durante a vida ele não teve muito contato com aquela família após a morte de seu pai. Os seus irmãos, após a mãe deles receber um bom dinheiro da herança, foram morar em outra cidade com a família de origem. Já Osnin que era filho de Marian viveu a vida inteira naquela cidade cuidando dos negócios da sua família. Por algumas vezes o seus irmãos vieram lhe visitar na cidade. Entretanto essas visitas ocorriam de muito em muito tempo. A última vez que eles estiveram juntos, foi no casamento de Aisha. Eles presenciaram a fuga de Aisha naquele dia, ficando extremamente chateados com aquela situação. Depois daquele dia, Osnin não os viu mais e agora ele descobre que um deles havia morrido e o outro estava em uma cidade completamente cercada pelos rebeldes e por ser também funcionário público, estava intensamente ameaçado de morrer, caso aqueles rebeldes invadissem a cidade.

A guerra estava a se intensificar em praticamente todas as cidades daquele país e muitas mortes estavam ocorrendo, especialmente nos ataques aéreos desenvolvidos pelos Estados Unidos para destruir a infraestrutura de defesa do governo vigente e também os espaços públicos naquele país, onde pessoas ligadas ao exército do regime se refugiavam para se proteger dos ataques terrestres. A população daquelas cidades cercadas pelos rebeldes estavam desesperadas. Quem havia se refugiado antes, saiu, quem estava naquelas cidades dominadas ou em disputa, não saiam mais, pois era proibida a saída daquelas pessoas nas ruas, que poderiam ser mortas, confundidas com soldados inimigos por ambos os lados.

Os atentados terroristas se multiplicavam no país, especialmente nas partes dominadas pelo exército americano. Os soldados e parte da população fiel a aquele regime vigente, não aceitavam a derrota na guerra e visando atingir o maior número de pessoas possíveis e trazer o terror a aquela população, reagiam através de ataques suicidas em atentados terroristas, atingindo militares e civis.

Como a guerra se intensificava e aquele regime perdia o território, as recomendações vindas do Conselho Religioso Nacional eram no sentido de deixar aquele regime cada vez mais severo. Após aquele levantamento ser enviado, contendo o número de prisioneiros daquela cidade, o conselho nacional solicitou que as mulheres que não tinham condições de participar da luta armada que cometeram pequenos delitos fossem libertadas, juntamente com homens que não tem potencial para ser militante rebelde, que haviam também cometido pequenos delitos. Pois, eles estavam a preparar para ordenar a execução do restante daqueles prisioneiros que em algum momento agiram contra o regime, a religião ou as ações culturais definidas por aquele regime vigente.

Aquele Conselho em nível nacional, solicitou também, que em caso de pessoas demonstrarem rebeldia ou possibilidade de ataque ao regime vigente, que a condenação e a morte fosse executada imediatamente após o resultado do julgamento por parte do conselho regional, pois, eles precisavam de exemplos de que não aceitariam traições contra o atual regime.

Como resposta, naquele dia, o conselho religioso local, ordenou por maioria de votos, a execução de 10 pessoas que estavam presas. Essas execuções foram realizadas em frente a cadeia municipal, por fuzilamento, na frente de toda a população para servirem de exemplo. Aqueles 10 homens haviam sido acusados e julgados por estarem atuando em ações contra o regime ou passando informações aos rebeldes sobre a estrutura e as estratégias de defesa da cidade. Daquele momento em diante a ordem era ter tolerância zero aos traidores do regime vigente. Aquela ação trazia um pavor enorme a toda aquela população.

O mais triste é que aquelas pessoas condenadas a morte tinham famílias e alguns dos membros dessas famílias estavam presentes naquele espaço onde seria executado aquele fuzilamento. Essas pessoas, especialmente, as suas mães, vinham ao desespero quando viam que os filhos seriam mortos naquele momento. O sofrimento daqueles familiares era enorme no momento da execução, o que gerava ainda mais revolta contra aquele regime e os conselheiros que acabavam por definir essas penas.

Casamento forçado e abusivoOnde histórias criam vida. Descubra agora