No sábado pela manhã, assim que viu Osnin sair para o centro da cidade, Marian vai ao quarto de Aisha a ameaçar de forma mais incisiva:
- Amanhã eu conto para o seu marido sem falta e mostro pra ele aquela carta. Diz aquela senhora.
- Senhora, por favor não faça isso. Estamos nos amando tanto. Se quer a felicidade do seu filho, deixe ele me amar e sermos felizes.
- Jamais. Eu jamais deixarei que você faça com as outras esposas o que Shabana fez comigo no passado. Você não será a preferida de Osnin.
- Senhora eu nem sei quem é essa mulher. Eu não sou igual a ela. Eu e as demais esposas de Osnin podemos viver em harmonia. Assim como eu posso viver em harmonia com a senhora. Me dê uma chance de provar que isso é possível. Eu atenderei as suas ordens para o resto da vida. Sempre terá essa carta que fará com que eu esteja em suas mãos. Deixe eu e seu filho sermos felizes pelo menos nesse momento, de tanto sofrimento nessas terras em meio a guerra e preocupações por parte de Osnin.
- Não Aisha. Tem coisas que tem que ser cortadas pela raiz. E feitiço é um tipo de coisa que deve ser cortada de imediato. Você está avisada, prepare-se para amanhã. Essa sua vida tranquila acaba e você será castigada intensamente.
- Senhora por favor, tenha clemência. Diz Aisha a chorar intensamente, de forma extremamente desesperada.
- Você está avisada. Diz Marian a sair do quarto e fechar aquela porta.
Aisha fica a chorar durante um bom tempo em sua cama. Imaginando que perderia de vez o amor de seu esposo. Ele jamais a perdoaria se visse aquela carta em que ela se declarava para Caivan.
Sonya estava passar pelos corredores quando ouviu o som do choro de Aisha e resolveu bater a porta e entrar em seu quarto. Ao entrar ela vê aquela jovem completamente desesperada em em prantos e questiona o que estava a acontecer:
- O que foi Aisha que a faz ficar tão desesperada?
- Marian, Sonya, ela disse que vai dizer ao meu marido que não sou uma boa esposa. Que tentará todas as formas possíveis para acabar com a minha reputação.
- Osnin não vai acreditar Aisha. Diz aquela mulher tentando acalmar Aisha ainda abraçando intensamente aquela jovem.
- Ele vai sim Sonya, ele acredita em tudo que sua mãe diz. Eu estou mesmo perdida. Eu não sei mais o que fazer na minha vida para que Marian me perdoe e deixe eu viver em paz com vocês e com o meu marido que tenho aprendido a amar tanto.
- Ver a harmonia nessa casa, depois do tanto em que vi você sofrer Aisha, também é o que eu mais desejo. Eu não quero ver você sofrer mais nem um pouco. Quando te conheci melhor vi que você tem um coração bom e que será uma ótima companheira para as nossas vidas. Acho que Marian e Parisa estão erradas em achar que você deve ser castigada o tempo todo. Diz Sonya de forma direta tentando tranquilizar aquela jovem.
- Que bom que você pensa assim Sonya, eu também gosto muito de você! Você me dá todo o apoio que eu preciso nos momentos de dificuldade e eu nunca vou esquecer o que tem feito por mim. Diz Aisha ainda a chorar intensamente.
Quando as duas se calam e Sonya fica abraçada a Aisha tentando acalmá-la mais um pouco. Depois de um bom tempo de desespero, Sonya ao ver que Aisha estava melhor, se despede dela e vai fazer os seus trabalhos na cozinha.
Quando Osnin chega em casa, todos se sentem na mesa para almoçar. Ao finalizar o almoço, Aisha sobe rapidamente para o seu quarto. Lá ela pega uma de suas jóias que formava um par e sai com elas do seu quarto em direção ao corredor. Depois de algum tempo a pensar, em meio ao desespero perante a possibilidade de ser descoberta, ela toma a atitude de entrar no quarto de sua sogra e tentar encontrar aquela carta.
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Casamento forçado e abusivo
General FictionAisha era uma menina que morava em um pequeno vilarejo no norte do Afeganistão. A população de sua região era muito conservadora e extremamente religiosa. Ao chegar na pré-adolescência, ela conheceu um jovem garoto de sua escola, o qual começou a g...