A fuga

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Durante aquela noite Sonia fez os últimos preparativos para a fuga. Após a preparação de suas coisas e das dos seus filhos, ela foi para o quarto de Aisha a ficar os últimos momentos com aquela jovem. Sonia estava muito emocionada naquela noite, chorando o tempo todo a olhar para o rosto jovem de Aisha, totalmente imóvel. Aquela jovem estava tão indefesa, que não tinha condições nem de abrir os olhos. Como alguém com coração humano poderia abandonar alguém em um estado tão preocupante? Era o que a mente de Sonia questionava o tempo todo. Ela buscava alternativas para que Aisha pudesse se salvar, mas não aparecia nada que pudesse fazer para ajudar aquela jovem em sua cabeça. Ela não tinha como evitar aquela situação. Osnin jamais aceitaria que ela o contrariasse naquele momento, interpelando de alguma forma pela vida de Aisha.

Quando depois de algum tempo, ela olhou no relógio, eram 3 horas da manhã. Ela teve a ideia de ir a cozinha e pegar algumas frutas, pães, água, entre outros alimentos básicos de sobrevivência e deixou ao lado da cama de Aisha, na expectativa de que ela pudesse acordar em algum momento após a partida da família e conseguisse se salvar, mesmo sabendo que, pelo tempo em que Aisha estava desacordada, era quase impossível isso ocorrer. Aquela ação desesperada alentava um pouco o coração de Sonia, que estava querendo muito arrumar alguma forma para salvar a vida daquela jovem.

Sonia era a mais preocupada daquela casa naquele momento. Abandonar a sua amiga daquela forma, era demais para o seu coração. Depois de alguns minutos, ela escutou Osnin a caminhar pelo corredor e o barulho das crianças. Então, ela resolveu ministrar parte dos remédios, mais essenciais em Aisha, e também trocou o seu pacote de soro, para que ela tivesse uma sobrevida maior quando eles partissem.

Osnin então muito preocupado a chamou no corredor:

- Sonia. Precisamos partir.

- Eu já estou indo senhor. Estou fazendo os últimos ajustes aqui para Aisha.

Então ela, dentro do quarto de Aisha, vê que é hora de partir. Sonia olha para aquela jovem e se desespera a abraçando intensamente, sentindo uma dor enorme naquele momento por não poder fazer nada para mudar o destino daquela menina. Sonia chorava de forma tão intensa naquele quarto que Osnin escutou e abriu aquela porta abruptamente e a viu abraçada a Aisha naquele momento. Quando disse de forma feroz:

- Saia desse quarto imediatamente e vai preparar os seus filhos e suas coisas ou lhe deixo aqui para ficar com ela. Você parece preferir Aisha do que sua família? Questiona aquele senhor em tom severo.

Então Sonia se despede de Aisha emocionada, a dando um beijo no rosto. Mesmo com Osnin se mostrando nervoso e a agredindo no último dia em que apenas questionou sobre Aisha, Sonia teve coragem de fazer aquele gesto de carinho a aquela jovem na frente do seu esposo. Quando então ela passou na frente de Osnin para sair do quarto, deixando Aisha ainda inconsciente, deitada na cama.

Osnin aproveita aquele momento, para entrar no quarto de Aisha pela última vez e dissipar um pouco de ira contra aquela jovem. Ao entrar naquele quarto, Osnin pensou algumas vezes em retirar aquele soro, para que aquela jovem pudesse resistir por menos tempo após a sua partida. Quando se lembrou das humilhações que sofreu quando foi expulso daquele conselho, ele pensou em estrangular Aisha naquele momento antes de partir. Mas, se lembrou do que disse o líder do conselho religioso, que a garantia de que Aisha não morreria, era a sua própria vida. Ele então ficou com medo e resolveu apenas dizer:

- Você tem muita sorte Aisha, que não posso te matar da forma que gostaria. Depois de ser expulso daquele conselho eu jurei para mim mesmo que só ficaria tranquilo novamente depois que tivesse morta, mas, isso não vou poder cumprir, pois, fui proibido de acabar com a sua vida, tendo o risco de ser preso caso faça isso. Você já foi a responsável por tanta desgraça em minha vida, que não vou lhe dar o gostinho de causar mais esse mal a mim e a toda a minha família. Portanto, vai viver, mas por pouco tempo. Assim que partirmos, não terá mais remédios nem alimentos para sobreviver. Morrerá a míngua. Eu queria estar aqui para ver você morta, mas, fico feliz em ver que você acabará assim, deitada em uma cama, sem a possibilidade nem de se alimentar para ter alguma sobrevida. Que fim terrível você teve Aisha! É assim que acabam todos que tentam me contrariar nessa vida! Adeus!

Diz ele ao sair daquele quarto e fechar aquela porta vagarosamente, olhando para aquela jovem imóvel, apenas a respirar naquele momento, com um olhar envolto ao ódio que Aisha havia deixado em seu coração depois de ter o feito perder aquela vaga naquele conselho religioso.

Sonia, depois que saiu do quarto, entrou no seu ainda a chorar e arrumou os últimos detalhes para a partida. Depois de alguns minutos, estava tudo pronto. Eles colocaram as coisas no carro e aquela família partiu, deixando Aisha para trás conforme Osnin havia ordenado.

Na estrada eles viam um grande número de pessoas a fugir caminhando por aquelas estradas com o que podiam carregar. Muitos idosos e crianças também foram vistos naquela estrada, caminhando com um esforço extremo para aquela fuga. Em meio a todo aquele sofrimento, Sonia não conseguia parar de chorar na parte de trás daquele carro, deixando também aquelas crianças extremamente tristes.

Depois de muito chorar, Osnin se irrita e diz em tom ameaçador:

- Sonia, ou você para de chorar agora ou eu te deixo na estrada aqui mesmo!

Os meninos dela se desesperam e gritam intensamente:

- Não papai, por favor, leve a mamãe!

Quando Sonia muito preocupada com o terror em que os seus filhos apresentavam em seus olhares, diz:

- Eu já parei senhor. Pode continuar a viagem. Eu prometo que não chorarei mais!

- Assim espero, porque se ouvir algum barulho seu de sofrimento por Aisha, vai ficar na estrada! Diz Osnin novamente em tom ameaçador. Quando aquelas crianças desesperadas, novamente abraçam a sua mãe fortemente em proteção, demonstrando que não deixariam que ela ficasse naquela estrada escura naquele momento.

Osnin então acelera o carro, continuando a sua viagem sem nenhum remoço. 

Casamento forçado e abusivoOnde histórias criam vida. Descubra agora