Aisha no dia da punição, não desceu mais para a parte de baixo da casa, permanecendo no seu quarto a tentar se recuperar daquelas intensas dores que estava a sentir.
Assim que acordou no outro dia pela manhã, parecia que os seus músculos atingidos estavam todos enrijecidos, extremamente doloridos, o que a fazia ter grande dificuldade de se movimentar.
Aquela jovem se levanta vagarosamente e vai caminhando em direção ao banheiro de seu quarto para fazer a sua higiene pessoal. Ao sair do banheiro ela deita novamente na cama para tentar recuperar um pouco mais as suas energias, quando a sua sogra chega no quarto, abrindo a porta abruptamente e dizendo:
- Você está pensando que está em um hotel é? Porque não levantou hoje para arrumar a casa? Questiona aquela senhora.
- Senhora Marian eu não estou aguentando levantar hoje para o trabalho, a surra que o meu marido meu deu ontem foi muito intensa, infelizmente não tenho condições. Diz Aisha demonstrando imenso desconforto em sua fala, mas dizendo a verdade.
- Essas mulheres de hoje em dia são umas fracas e preguiçosas. Na minha época éramos também surradas pelos nossos maridos e não tinha essa de ficar a descansar no dia seguinte, tínhamos que fazer o trabalho da mesma forma ou eles ficavam ainda mais furiosos conosco. Ande, levante, se você não arrumar a casa hoje, quem vai arrumar? Ordena aquela senhora novamente.
Aisha tenta se esforçar para se levantar, mas as partes atingidas no dia anterior estavam muito doloridas e ela não aguenta, se deitando novamente e dizendo:
- Não consigo senhora. Está mesmo doendo muito. Amanhã eu prometo que arrumarei tudo direitinho. Diz Aisha com um semblante triste e demonstrando estar a sentir intensas dores.
- Eu vou te dar esse desconto hoje Aisha. Mas, amanhã terá que arrumar tudo que não vai fazer hoje. Eu não sou a sua empregada para ficar fazendo o serviço que você não está querendo ou não consegue fazer porque foi punida por erros seus mesmo. Hoje eu falo com Osnin que autorizei que se recuperasse. Mas, recupere logo, pois amanhã terá que trabalhar aguentando ou não aguentando, senão peço a ele para te dar uma outra surra.
Ao ouvir aquela possibilidade o coração de Aisha se estremesse. Surge um pavor enorme dentro de si. Em sua mente só vem a ideia que ela nunca mais queria passar por tamanha dor. Então ela, de coração muito bom, questiona para a sua senhora sobre Parisa, que no dia anterior tinha passado por uma violência ainda maior do que a sua e ela temia que poderia estar ainda pior do que ela:
- Como está Parisa senhora? Espero muito que ela esteja bem, ela já desceu.
- Não tens vergonha de perguntar sobre ela depois de tudo que a fez passar? Questiona aquela senhora.
- Eu não tive culpa de nada senhora ela que me agrediu primeiro.
- E porque você revidou daquela forma? Questiona Marian em tom direto.
- Eu perdi a cabeça. Depois de ser agredida de forma gratuita não suportei e parti para cima dela. Hoje, depois de tudo o que aconteceu eu me arrependo disso também, não deveria ter feito aquilo. Diz Aisha com um semblante triste.
- Não deveria mesmo. Mulheres nessas terras Aisha nasceram para fazer o que é certo e não para perder a cabeça. Quando perdes a cabeça quem padece é o seu corpo, como ele está a padecer em dor nesse momento. Lembre-se disso e comece a obedecer a todos nessa casa, sem perder a cabeça, para que tenha um futuro digno aqui.
- Farei isso senhora. Eu não vou mais contrariar nenhuma das senhoras.
- Acho que é um pouco tarde demais para tomar essa decisão. Mas, prefiro que você faça isso do que não o faça. Eu disse a você que jamais aceitaria que você destratasse Parisa que era a minha favorita nessa casa. E você não só brigou com ela, como fez com que meu filho desse a pior punição que ela já levou na vida. De hoje em diante você é oficialmente minha desafeta Aisha. Tudo que eu puder fazer para arruinar sua vida, pode ter certeza que farei. Eu jamais te perdoarei pelo que fez a minha nora favorita passar.
Aisha se assusta intensamente com aquela fala odiosa de sua sogra. Se tudo que ela já havia feito antes era sem odiá-la, imagine agora em que ela declarou que não a perdoará mais. Então ao ver que não tinha saída Aisha tenta pedir perdão a aquela senhora:
- Me perdoe senhora. Eu não tive a intensão, realmente eu perdi a cabeça. Enquanto Parisa estava a ser punida eu senti muito por isso e até pedi para que o nosso marido reduzisse a sua punição. Pelos cálculos realizados por Osnin, Parisa ainda seria punida com mais 10 golpes e graças a minha insistência ele acabou começando a me punir antes de finalizar a punição dela. Acho que depois ele ficou cansado de bater em nós duas e acabou a perdoando esses golpes adicionais dela.
- Não te perdoo Aisha. O que eu puder fazer daqui pra frente para tornar a sua vida um verdadeiro inferno, eu farei. Você não perde por esperar. Agora a sua briga não será mais com as esposas do meu filho. A sua briga de hoje em diante será comigo. Diz aquela senhora em tom nervoso ao sair daquele quarto e bater a porta abruptamente.
Aisha não consegue dizer nada. Em meio a todo aquele sofrimento e essa ameaça de ataque direto de sua sogra, ela só consegue chorar.
Nesse dia Parisa também não conseguiu sair de seu quarto. Marian foi até o quarto dela levar todas as refeições e mimar a sua nora preferida, prometendo vingança contra Aisha, sempre com a concordância daquela nora enferma. Ela ajudou a tratar dos ferimentos de Parisa com pomadas e folhas cicatrizantes e ficou impressionada ao ver aquelas marcas na pele daquela mulher. Ela achava que o seu antigo esposo era extremamente severo e que o filho jamais chegaria próximo a intensidade dos castigos que ele a aplicava, mas quando viu o resultado daquela surra no corpo de Parisa ela percebeu como o seu filho era severo quando queria punir alguém. Marian sentiu muita compaixão de Parisa naquele momento, por imaginar e saber um pouco a dor que ela estava a sentir.
O pai de Osnin era também muito cruel e violento com todas as três esposas que teve, eles viviam em um regime quase ditatorial naquela casa, onde as mulheres não tinham nenhuma voz. Ao ficar furioso, as suas punições eram extremamente cruéis e Marian já havia passado por esse tipo de castigo com um cane espesso e doloroso por muitas vezes antes do seu marido falecer. Ela sabia bem o quanto aquela dor parecia ir na alma. Mas, de coração muito duro, conseguia ter pena apenas de Parisa e nenhuma compaixão de Aisha, que por ser muito mais jovem e franzina, provavelmente, sentiu muito mais dores do que aquela mulher grande e forte que era Parisa.
Sonya também entrava no quarto constantemente para ajudar e prometera vingança contra Aisha quando viu aquelas marcas horrorosas na pele branca de Parisa, a sua melhor amiga naquela casa. As três fizeram um verdadeiro pacto para maltratar Aisha tão intensamente, de forma que ela não suportasse mais aquele casamento e atentasse em algum momento contra a sua própria vida, como milhares de mulheres daquela região faziam, quando não suportavam mais a pressão de viver na casa de seus esposos.
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Casamento forçado e abusivo
General FictionAisha era uma menina que morava em um pequeno vilarejo no norte do Afeganistão. A população de sua região era muito conservadora e extremamente religiosa. Ao chegar na pré-adolescência, ela conheceu um jovem garoto de sua escola, o qual começou a g...