Assim que amanhece, Johnson acorda e não consegue dormir mais. Ele havia combinado de pegar Aisha as 7 horas e 45 minutos da manhã em uma rua próxima a aquele hospital. Ainda eram 5 da manhã e ele já estava com uma ansiedade enorme. Ele então se levanta e começa a preparar os últimos detalhes para a viagem. Depois de uma hora, ele vai preparar um chá e fazer a sua primeira refeição do dia.
Às sete horas da manhã ele pega aquele carro militar e o conduz em direção ao local combinado para receber Aisha daquele senhor contratado para retirá-la do hospital. Era importante que eles saíssem da cidade antes das 9 horas, que normalmente, era o horário em que os soldados da Aliança do Norte chegavam para poder tentar interrogar Aisha.
A sua viagem estava marcada para ocorrer as 8 horas da manhã com os demais militares que estavam prontos para partir daquela cidade ao aeroporto e depois rumo a Turquia. O grupo previsto para aquela viagem era de três oficiais de menor patente do que Johnson e outros nove soldados. Para evitar problemas, ele foi pegar Aisha apenas 15 minutos antes da partida, para que poucas pessoas pudessem a ver naquele carro militar.
Dias antes, Johnson havia comentado sobre a sua vontade de levar Aisha daquele país ao oficial do exército que comandava as operações militares naquela cidade. Enquanto Johnson era comandante tático, aquele oficial era o comandante operacional, entretanto, os dois tinham a mesma patente, sendo um americano e o outro inglês.
Nessa ocasião, aquele homem se colocou completamente contrário a essa tentativa, alegando que aquela ação se tratava de um sequestro, pois aquela jovem era menor de idade e Johnson não tinha nenhuma autorização legal para tirar Aisha daquele país.
Entretanto, Johnson estava irredutível quanto a levar Aisha junto com ele para casa. Na sua concepção, nem que tivesse que atravessar parte daquele país de carro, correndo todos os riscos, ele iria levar aquela jovem embora, pois ele não conseguiria ficar tranquilo, sabendo das ameaças que ela sofria naquelas terras de ser morta pelos militares da Aliança do Norte ou ser requisitada pelo seu marido e, ela casada, não ter escolhas, a não ser retornar para o local em que ele se encontra, onde, provavelmente, ela seria morta.
Do grupo de militares que iriam viajar para a Turquia, apenas Johnson e mais dois soldados eram daquela cidade e faziam parte do seu batalhão. Os demais que iriam nos outros carros, vieram do Oeste no dia anterior em uma espécie de Jipe do exército, blindado, veículo que dava um pouco mais de segurança para viajar naquelas estradas, onde emboscadas eram muito comuns e conflitos ainda eram constantes.
Conforme combinado, as 7 horas e meia da manhã, aquele homem entra no hospital. Logo ele é recepcionado por uma atendente, que pega os papéis com a autorização do diretor e leva até Wilian.
Nesse momento, Aisha já havia se despedido de todos naquele hospital e estava em pé do lado da maca, quando Wilian entra e diz que ela estava a receber alta e que deveria acompanhar aquele senhor que a levaria até o seu marido. Aisha abre um sorriso irradiante e abraça Wilian fortemente. O plano para a sua fuga parecia estar dando certo. As pessoas que estavam no quarto, acordadas, dão felicitações a Aisha, todos gostavam muito daquela jovem. Ela então sai do quarto em direção a entrada daquele hospital, caminhando de burka, para que ao sair ficasse mais difícil de ser reconhecida e, também, porque era uma roupa ainda obrigatória naquela região para as mulheres.
Um pouco antes de chegar na porta, ela olhou para Wilian com o seu rosto completamente tampado por aquela roupa que cobria até mesmo os seus olhos e chorando disse:
- Não tenho palavras para descrever a gratidão que tenho pelo senhor. Se eu estou viva hoje é graças a sua ação doutor Wilian. O senhor demonstrou o que é lutar efetivamente pela vida. E eu estando aqui e bem sou a prova de que a sua luta não foi em vão. Muito obrigado por me conceder junto ao magnifico essa nova oportunidade para que eu possa viver. Diz aquela jovem emocionada a chorar intensamente naquele momento enquanto abraça aquele doutor que também estava a chorar.
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Casamento forçado e abusivo
General FictionAisha era uma menina que morava em um pequeno vilarejo no norte do Afeganistão. A população de sua região era muito conservadora e extremamente religiosa. Ao chegar na pré-adolescência, ela conheceu um jovem garoto de sua escola, o qual começou a g...