A comida de Aisha era muito boa e Osnin a adorava todas as vezes que a jovem preparava. Mas, no dia seguinte ao seu aniversário, aquelas mulheres tiveram a ideia de sabotar o almoço que Aisha estava a preparar. Enquanto ela estava a cozinhar, Sonya pede que Aisha cuide de sua filha mais nova por alguns instantes, enquanto ela foi pegar alguma coisa em seu quarto. Aisha, de muito bom grado, vai até a sala de estar olhar aquela menina. Quando então Parisa, pega uma grande quantidade de tempero e joga na comida mudando totalmente o seu gosto. Como Aisha já estava a finalizar a preparação do almoço, ela nem experimentou mais a comida, pois, já havia feito isso outras vezes. Ao final da preparação, a comida foi colocada a mesa daquela forma, depois da sabotagem.
Quando Osnin chegou, todos se sentaram a mesa esperando o almoço. Aquelas mulheres que preparam a sabotagem já estavam na expectativa do que ele iria achar ao experimentar aquela comida, totalmente fora dos padrões. Sentados, todos esperam que ele se sirva e comece a comer. Na primeira colherada de comida que ele coloca em sua boca, Osnin cospe a comida no prato e diz de forma severa que aquilo estava horrível!
Aisha logo se assusta, não entendendo o que poderia ter acontecido, já que ela havia feito o almoço assim como sempre fez, quando então todos começam a reclamar a acusando de não ter atenção. Aquela situação fez com que Osnin pedisse comida fora, por telefone, e ficasse furioso na mesa enquanto fazia esse pedido, reclamando intensamente de Aisha. Ela pede para se retirar, quando ele bruscamente pergunta:
- Não tens vergonha Aisha, de fazer uma comida tão horrível?
- Eu tenho senhor, peço perdão, eu não sei o que aconteceu.
- Falta de atenção. Eu queria ver se eu trouxesse convidados para experimentar a sua comida e você servisse isso para eles, com que cara que eu ficaria. Diz Osnin em tom furioso.
- Perdão senhor. Eu estava experimentando o almoço como sempre faço. Eu não sei realmente o que aconteceu. Diz Aisha se mostrando desesperada enquanto lágrimas escorriam dos seus olhos.
Naquele momento as mulheres estavam a soltar um sorriso maléfico e encontravam-se muito felizes por dentro ao ver a vergonha que aquela jovem estava a sentir.
- Você quer ir para o seu quarto é isso? Questiona Osnin em tom ríspido. Quando Aisha já a chorar intensamente, de tanta vergonha, responde:
- Sim senhor. Eu não quero mais almoçar, estou muito envergonhada. Deixe eu me retirar, por favor.
- Então pode ir. Se não sabe cozinhar é bom que não coma hoje. Diz Osnin em tom ríspido, quando Aisha se levanta e vai para o seu quarto a chorar.
Naquela mesa todos criticaram intensamente Aisha por muito tempo, envenenando ainda mais a cabeça de Osnin quanto a aquela jovem. Quem mais falou mal de Aisha em todos os sentidos foi Marian, dizendo que o filho estava a ser muito permissivo com ela, que ela não era uma boa esposa, que não sabia cozinhar, que não tinha modos e que não conhecia os preceitos religiosos locais. Nesse momento do casamento, Osnin já havia introjetado, de forma ainda mais profunda, aqueles pensamentos, criando mesmo uma visão diferente daquela jovem em sua cabeça. Naquele período, com todos os acontecimentos dos últimos meses, para Osnin, Aisha não era mesmo digna de ser sua esposa.
Ao chegar no seu quarto, Aisha só conseguia chorar que tanta vergonha. Ela não conseguia entender o que havia acontecido, já que, mesmo sendo tão nova, ela era extremamente experiente na cozinha, pois cozinhava para o seu pai desde os seis anos de idade. Ela tenta puxar na memória as vezes que experimentou o tempero de hoje e sempre se lembrava que ele estava perfeito na comida enquanto a fazia. Ela não consegue arrumar uma explicação lógica do que pode ter acontecido para que a sua comida ficasse tão ruim daquela forma.
Muito chateada ela começa então a escrever novamente, se lembrando de Caivan. Ela escreve uma linda carta, descrevendo a saudade que sentia daquele jovem e as boas lembranças que tinha dele guardadas em suas memória. Ela descreve também o quanto aquele beijo havia fixado em sua memória, o quanto aquele seu jeito carinhoso e amável a trazia saudades no contexto em que estava a viver no momento, finalizando a carta dizendo que um dia os dois ainda se encontrariam.
Depois de escrever, Aisha começa a chorar em sua cama ainda mais intensamente. Ela não tinha fome, a perdeu completamente, tamanho o susto que tomou ao experimentar aquela comida e devido a vergonha que havia sentido de todos. Ela então prefere tomar um banho, ficando a pensar intensamente na vida, enquanto estava a deixar a água cair sobre o seu corpo.
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Casamento forçado e abusivo
General FictionAisha era uma menina que morava em um pequeno vilarejo no norte do Afeganistão. A população de sua região era muito conservadora e extremamente religiosa. Ao chegar na pré-adolescência, ela conheceu um jovem garoto de sua escola, o qual começou a g...