Capítulo 38

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Ryan

Novembro, 2019

E lá estava eu em mais um dia de Novembro, Liverpool tinha acordado tranquila e com uma brisa gélida de ar, o que significava os finais da estação de outono e o início dos preparativos da época natalina e, isso acontecia em toda extensão territorial de Liverpool. Contudo, apesar da cidade estar no início de uma época festiva, a minha festa também já tinha os primeiros preparativos para que pudesse acontecer. Mar, era uma palavra muito subjectiva para a maioria das pessoas, pois porque para cada uma delas havia um significado, ou talvez uma história que ficava guardada a nível de seus corações, ou a nível de seus pensamentos, que marcavam as memórias de um tempo que já se havia passado.

Na maioria dos casos, mar, significava paz, prosperidade, ou quiçá apenas um lugar em que na qual, as pessoas sempre iam quando precisavam liberar as frustrações e, se sentirem amparadas, mas para mim, mar, era sinónimo de festa, porque a forma como as ondas tomavam os seus contornos trazendo energias e, a maneira como aquela diversidade de espécies de animais se estabelecia, trazendo a esplêndida visão de um espectro de cores nos fundos oceânicos, era inigualável. Aquela biodiversidade dançava no seu habitat com a mais bela música das ondas marítimas, em contraste, com um tom agudo incrível, que provinha das suas próprias superfícies receptoras.

E, este era o mar no seu mais alto nível. Eu estava feliz, pois hoje, era precisamente o dia em que podia voltar a sentir toda esta harmonia. Preparava-me para o meu habitual mergulho, porém, neste actual dia, a minha própria companhia bastava, já que tinha de cumprir com a minha palavra pelos dias que faltara. Eu fazia mergulhos em grupo, ou melhor, com a minha equipa, no entanto, como nas últimas duas semanas não me fazia presente para recolher as amostras, por causa de algumas pendências, eu fiquei de compensar o grupo pela minha ausência, então, dito isto, me encontro neste momento, a arrumar os materiais necessários para a actividade.

Formby Beach ficava relativamente perto da minha residência, ainda assim, decido levar o meu elegante Maserati, por causa dos materiais, sendo que alguns deles são pesados, além de que o transporte responsável para tal actividade, se encontrava agora, com a minha equipa. Eram precisamente 6h00 da manhã, quando chegara à praia, eu acordava cedo, sempre que tivesse uma imersão programada, dado que precisaria montar os materiais e, certificar que todos eles funcionavam correctamente, para a prevenção de futuros danos e riscos.

O meu estômago lembrara-me naquele preciso momento, que tinha saído de casa sem tomar o pequeno-almoço, então, sem mais demoras, vou em direcção a alguns estabelecimentos alimentícios que ficavam perto da praia, apesar de ser uma praia deserta e indicada maioritariamente para caminhadas, Formby Beach tinha também os seus recantos e, aqueles estabelecimentos, eram um deles. Não me preocupava com os materiais que deixara na praia, porque o Mr. Goslin, o salva-vida da praia, sempre tomava conta deles, por eu ser uma assídua figura daquele recinto, mas também porque, já era um grande companheiro, além de amigo.

Terminada a refeição por minha parte, encontrava-me agora, a fazer aquilo que as pessoas comumente chamavam de "digestão", mas que para mim, era apenas o repouso dos nutrientes outrora ingeridos. Após isso, estabeleço voltar à praia caminhando lentamente e, já me preparando, para a minha tão esperada submersão. Eram 7h00 da manhã quando regressei à praia e, sem desperdiçar muito mais tempo, visto-me com os materiais necessários e, vou andando de sentido ao enorme mar e, já adentrando nele.

Num par de minutos, deparava-me com a mais bela visão de todos os tempos, ia e vinha de um extremo para o outro naquele imenso mar, analisava cada detalhe e me extasiava cada vez mais, com aquelas vivas cores, era incrível como o seu belo contraste era inexplicável. Vagueava já algum tempo pelo mar, creio que o meu tempo debaixo de água rondava os 30 minutos, sabia disso, porque entrara precisamente às 7h00 da manhã e, pelo tempo que lá me encontrava, já calculava, entretanto, isso deve-se também porque, na medida em que fazemos disto, uma prática frequente, nós nos aperfeiçoamos cada vez mais nessas questões. Quando repentinamente, vejo um corpo que tinha feições de uma mulher, sendo completamente vencido pelas águas salinas.

Em um acto reflexo, eu a conduzi até a superfície e, após isso, nadei com o seu corpo junto ao meu, para perto da beira. Chegando à beira marítima, arrastei-a pela areia e, posicionei o seu corpo, para que pudesse fazer, a tão conhecida "massagem cardíaca". Estava inconsciente e totalmente desacordada, não sentia a sua pulsação, mas eu sentia e sabia que ainda, não era a hora para desistir...

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