Parte II

23 3 32
                                    

A seguir a apreciação do incontroverso pequeno-almoço que Matilde nos confeccionara, sendo que enquanto usufruíamos de seus encantos, no que dizia respeito a sua refeição, já se ouvia o seu amável cantarolar através da cozinha, como costumeiramente fazia em todas as manhãs, comparecera a hora de iniciar o nosso sabido percurso, para mais um trivial dia de trabalho, entretanto, desta vez, pedindo as meninas que fosse com o meu simpático simples Ranger.

— Muito bem, chegou a hora do teu veterano Porsche descansar, Rara, pois existe uma atraente máquina, que as suas funções deve voltar. — Palestro levantando-me da mesa, para que dessa maneira, me direccionasse a minha indelével porta, onde se encontrava o senhor Park, pois quando não adentrava em minha "Mini mansão", era porque já pronto estava, além de que o senhor Park era bastante pontual, uma das coisas de que realmente gostava nele, dado que detestava atrasos.

— E onde julgas que vais connosco? — Questiona Rara anedótica, alçando-se em companhia de Milena e Robert da mesa, fazendo uma breve pausa em seu pronunciamento, no entanto, ao mesmo instante, continuando — Pois, até com o teu carro iremos, mas é com o Robert que tu lá chegarás. — Encerra Rara, abandonando aquele espaço juntamente com Milena.

— Mas o Robert irá a fundação! — Elevo o meu timbre para que me ouvisse, uma vez que já se locava a uma certa distância.

— Não te preocupes, ambas sabemos que não e, além disso, a fundação é perto da empresa. — Devolve Rara igualmente em alto tom.

E foi nesse momento que Robert recostara-se a mim, entrelaçando-me com os seus amistosos braços.

— Com todo prazer te levarei, minha pequena, sendo este dia que marca o teu imponente regresso ao trabalho, não te poderia deixar sozinha. — Atesta Robert amorosamente, com os seus membros à volta de meu corpo.

— Agradeço imenso! — Gratifico tranquilamente e já com Robert guiando-me até a minha memorosa porta, para que possamos ir, por conseguinte, a minha sempiterna oficina e, assim, inaugurar o trilho que há 2 anos, anseio para, outra vez, percorrer. No interno do mais novo Mercedes de meu Robert, retirando tardanças, damos origem a trajectória com o destinatário de British Company.

Creio que as meninas já devam ter chegado, visto que saíram com o senhor Park, mais cedo do que nós. O caminho até à British Company com Robert foi árduo, porque em cada semáforo parado, os nossos olhares se encontravam e, na sequência, nem com ele e nem comigo resistindo ao ardente desejo de nossos beijos, o que foi palco de várias cenas hilárias, pelo motivo de alguns "doces" idosos  gritarem através do vidro de seus carros, algumas frases como: "Eu na vossa idade já sabia que existiam hotéis" e outros: "Se ainda tiverem fôlego, comecem aqui e terminem os rounds na vossa cama", quando o carro estivesse estático no sinaleiro, o que de certa forma, nos fez desenlaçar a rir, pelo atrevimento de idosos que aparentavam ser as pessoas mais dóceis, mas que na verdade, tinham tamanhas malícias em suas mentes.

Após chegar à British Company, pude dizimar qualquer dúvida a respeito da chegada das meninas, pois como calculava, já lá compareciam. Dessa forma e sem perder muito mais tempo, desço da distinta viatura de meu Robert e, com ele, nos instantes a seguir, fazendo o mesmo. Logo que os nossos corpos se voltaram a encontrar, entrelaçara os meus leves membros em torno de seu braço, de maneira a manter-me firme, dado que já existia uma chuva de repórteres à porta de minha filha, que era à British Company.

À medida que nos aproximávamos, sentira que devia colocar um ponto final àquela situação, e que tudo devesse ocorrer apenas com a minha presença e a dos demais repórteres, com isso, suavemente desvencilhara as minhas mãos das garras de meu Robert, que rapidamente, percebera o que sucedera, despedindo-se desse modo de mim, com uma tórrida osculação em minha testa, internizando, logo de seguida, à British Company. Depois disso, e já ao pé dos repórteres, fundei o meu sintético enunciado perto dos microfones, porque sabia que, a partir do momento em que começasse a pronunciar palavras, toda rede comunicativa a nível de Manchester e, quiçá, em outros territórios, se faria notícia.

— Caros amigos, apenas direi uma vez para evitar repetições. — Empreendo consistentemente, constituindo um intervalo em minha linguagem — É verídico, Lúcia Morgan está de volta. — Finalizo serenamente, porém arraigada e sendo aturdida no minuto a seguir, com palmas que em sucessão, abriram espaço para a minha posterior passagem, fazendo com que dessa forma, me dirigisse à entrada da Britsh Company, deixando todos aqueles portadores de notícias para trás.

Assim que me introduzo à British Company, sou novamente admirada com a presença de todos os meus funcionários na recepção do edifício e, até aqueles que já faziam parte da minha família mais íntima, ou melhor, Robert, Rara, Milena e até senhor Park, sendo que na British Company sempre existiu uma familiaridade, uma vez que ela era mãe para todos que lá se compunham. Meus colaboradores em companhia de Milena e Rara que arquitectaram tudo, haviam-me prestado uma memorável homenagem, em cartazes com as seguintes escrituras: "A nossa eterna Lúcia", pois sabia que era ideia das meninas, visto que ambas denunciaram-se ao gritarem "surpresa" em uníssono com todos os assíduos naquela recepção, todavia, com elas irradiando um brilho incomum em seus olhos, o que contribuiu para as lágrimas que se formavam em meus olhos e sua posterior descoberta.

— Nós sabíamos que haverias de gostar. — Expressa Rara comovida, com pranto nos olhos, caminhando para perto de mim, com Milena e Robert, com o propósito de um seguido abraço.

— E como é que tu sabias disto? — Interpelo sossegadamente a Robert, pós desprender-me daquele colectivo abraço.

— Não sabia, apenas tive que entrar no jogo, assim que te deixara no exterior da empresa com os repórteres. — Exprime Robert ordeiramente.

— Pois bem, com isto explicado, agora tenho palavras por declarar. — Exponho pacificamente e já me alinhando para formar uma conferência a todos os meus ardorosos funcionários, posto que também precisavam de um gesto bem-educado de minha parte.

— É bem verdade que não vos posso abraçar a todos, pois vós sois diversos e, se assim acontecesse, não haveríamos de sair daqui hoje — Formulo com brandura, arrancando dessa maneira, sorrisos dos rostos que faziam parte da British Company — Porém, se assim pudesse, o faria, mas contudo, agradeço imenso a vossa calorosa recepção, todavia ainda temos uma agenda para cumprir e, se ainda assim, me quiserem beliscar para averiguar se sou real, podem dar umas escapadinhas ao meu escritório, porque permito, mas apenas por hoje! — Cesso afortunada, tirando risos de meus duradouros funcionários, que logo a seguir a minha mensagem, voltaram aos seus devidos postos.

Ainda assim, faltava alguém que me olhara até esse mesmo instante, com os olhos emocionados e arregalados, fruto da demasiada comoção que sentira no meio daquela multidão, era Alice, minha eterna secretária, que no segundo a seguir, veio a mim, carregando em seus braços, a enorme supressão de um irrefutável abraço. Já chorando e emocionando-me similmente em seus braços, uma vez que sentira as gotículas que caíam sobre a minha atrativa camisa de linho, Alice aconchegava-me no seu terno abraço.

Continua...

EYES & EYESOnde histórias criam vida. Descubra agora