EYES & EYES

Parte IV

Isto posto, com as ínfimas forças que ainda restavam no grau de minha silhueta, empurrara Amaro, fazendo com que, dessa forma, se desequilibrasse, uma vez que sua centralização, se perdurava sempre, em um único trilho, já que por esta operação, não poderia esperar, pois por mais habilidoso que fosse, jamais seria capaz de controlar a dinâmica dos corpos, facilitando, dessa guisa e, mesmo com enormes dores, estreasse o meu movimento de progressão, no padrão de passadas, para o lado onde se encontrara, a musculatura do homem, a que o meu ser, eternamente, irá harmonizar-se, porém, quando a minha fisionomia, a 90 graus se locava, o que correspondia, a um quarto de uma rotação e, de símil maneira, o meu fronte na posição de meia-lua, oportunizando, dessa feição, que pudesse evidenciar, a já caída figura daquele lançadiço homem, sobre a enraivecedora relva, posto que, há segundos, o impelira. Pudera perceber que, apesar de o ter exposto ao chão, a sua fixa direcção, continuara a ser, a de meu Robert, portanto, no instante em que manipulava a arma, para que, prontamente, disparasse, porque sabia que, sem oxigénio, um de nós sairia, deduzindo a sua intenção, antes mesmo que a respectiva munição, seguisse o seu intencionado rumo, pusera o meu morboso físico, em sua visiva dianteira, garantindo que eu fosse, o seu único paradeiro.

Um ardor em sua mais alta escala, se fizera ao redor do lado do órgão, que era responsável por gerar pressão, a nível de toda nossa compleição, assim sendo, já soubera o lugar, em que aquela inditosa munição, havia perfurado. Segundos foram suficientes, para que o peso que o meu frágil corpo exercera, por cima do incomodativo relvado, se destituísse, contudo, previamente a  sensação, do impacto da minha iminente queda, identificara os aprazíveis e abrasadores braços, abundantemente, discernidos por mim, em torno do meu quase já sem vida corpo, cujos quais, a recordação do seu calor, levaria ao túmulo, que era nada mais e nada menos do que os do homem, em que, sem fim à vista, Lúcia Morgan, haveria de enlaçar-se.

— Lúcia, mantenha esses olhos abertos, até que chegue com o auxílio profissional — Atesta horrificado e, com a toada, tremelicante e arquejante — E, pela primeira vez, eu não te faço um pedido, mas sim, te dou uma ordem! — Prega o meu Robert, visivelmente, perturbado e com as intermináveis lágrimas, que escorriam sobre o seu rosto, apesar da minha visão, apressadamente, já se começar a apretar, dado que a maioria delas, embatera contra o meu frontispício, desprovido, muito perto, de alguma vida, tal como a restante de minha carne, querendo desentrelaçar-se do meu estático corpo, todavia, sendo impedido pelas minhas trémulas e desvigorosas garras, que passavam pelo seu fronte.

— Ambos sabemos que, morta, já me vou encontrar — Declaro ofegantemente, num colóquio dirigido ao meu Robert e, com o diminuto movimento, que ainda detivera em minha constituição, reunira todos eles, para que assim, possa findar, a minha exploração oral — Assim como nascemos para posteriormente morrer, hei nascido para, na sequência, me perder, nos mares dos teus narcóticos lábios e, na alegria do teu doce e irrefutável amor — Pronuncio em dificuldades, com anélito descompassado e acelerado — Com esta lágrima que caíra — Expresso fazendo citação, a traiçoeira prantina que decaíra — Posso, realmente, dizer-te que, desde o princípio te hei amado e, para sempre, te haverei de amar. — Concluo a minha mensagem, fechando, no minuto a seguir, os meus já escuros olhos, porque era essa, a coloração da visão, que em toda esta conversação, se fazia presente.

E, com os maiores brados que ainda podia entender, saindo dos seus doces e afáveis lábios, sendo que a minha memória, até este átimo, não tinha sido desconectada, porque poderia lembrar de tal característica de meu Robert, suplicando para que ao ápice da vida, voltasse e, com o pranto provindo de sua figura, que, até a esta milésima, colidiam com a minha morta verônica, uma vez que de olhos cerrados, já me cimentara, deixara de experienciar os seus suaves membros, à volta do meu esmarrido corpo e, quando este, se ia, totalmente, desligar, ouvira, intensamente, o estrondo de mais uma munição, a cumprir a sua mofina função, apesar disso, não assimilara qual dos varonis, cometera tal atrocidade, esperara eu que, não fosse o meu Robert, pois jamais o perdoaria, mas, antes mesmo que pudesse utilizar, as minhas capacidades intelectuais, para poder deduzir, recordara que já não existira, por isso, em tempo algum, saberia a pertinente resposta, portanto, a privada estrada que me restava, era, simplesmente, deixar de existir e, fora isso, que acabara por surgir...