Capítulo 34

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Robert

Despertara quando eram precisamente 8h00 da manhã, e já com os ruídos que provinham do lado de fora, precisamente no corredor de acesso de minha pequena Lúcia. Portanto, logo compreendi, que os funcionários estavam em mais uma comum rotina de trabalho. Remexia-me por entre a adorável mesa de Mármore, a procura de minha pequena Lúcia, porém, não obtive resposta aos meus movimentos. A noite anterior fora inesquecível,  pude viver para ver Lúcia, a minha pequena Lúcia, admitir que me ama. Aquela com certeza, foi a melhor melodia já ouvida em toda a minha vida, segurar e sentir o gosto de seus lábios mais uma vez, proteger o seu tímido e escultural corpo, agarrá-la e poder dormir sentindo o seu irrefutável cheiro, junto ao meu peito, era um sonho que se havia tornado realidade.

Decido então, levantar da adorável mesa de Mármore, que agora, se tinha tornado a minha melhor amiga, pois foi ela a testemunha e, também a responsável pela maior alegria de minha vida, uma alegria, que não sentia há anos, desde a morte de meus pais e de minha amada avó e, desse modo, comprovar as minhas teorias de que minha pequena Lúcia, já não se encontrava em seu escritório. Supus que talvez pudesse ter voltado à casa, afinal, a minha pequena Lúcia era exigente e gostava que os horários fossem cumpridos à risca, visto que ela detestava atrasos e que as pessoas não cumprissem com as suas responsabilidades, isso, era algo que admirava nela, sendo que apesar de ser a fundadora e trabalhar no cargo de mais alto nível em sua empresa, regras como essa, se estendiam a todos, inclusive, nela própria.

Apresso-me para apanhar as roupas espalhadas pelo gabinete, tanto as delas como as minhas, pois não queria que ela voltasse e encontrasse o escritório naquele estado. E, também porque, não desejava que Alice entrasse no escritório para organizar, ou procurar algum tipo de documento e, me visse naquela condição. À medida que vou apanhando as roupas, lembranças da noite anterior invadem os meus pensamentos, fazendo-me ver, o quão sortudo sou, por ter uma mulher como Lúcia Morgan. Após vestir as minhas roupas, neste caso, apenas o meu suéter carmesim, organizo cuidadosamente as roupas de Lúcia, em um canto da vasta mesa de Mármore. Estava prestes a pegar umas sacolas, que ficavam em um dos seus armários perto de sua mesa, porque tinha sido seu assistente e, nos momentos em que me deixava sozinho, percorria a sala, estudando-a, para saber deliberadamente, onde se localizavam os objectos, desde os mais importantes, até aos que consideravam descartáveis, quando a minha atenção é totalmente desviada, por um pedaço de papel que estava no outro extremo da mesa de Mármore, que continha escrituras de minha pequena Lúcia, sabia disso, dado que o seu admirável perfume havia sido deixado lá e, sendo que também, conhecia a sua caligrafia, visto que já trabalhara na organização de sua agenda.

E, com um sorriso no rosto, acelero-me para pegá-lo e, assim o fiz, dando assim início, a uma leitura:

De tantos cheiros

Finalmente encontrei o teu

Intenso, quente e macio

Como eu gostaria que,

Estivesses aqui

Exalado e inalado

Por cada gotícula penetrante

Embebedando-me nas tuas nuances

Do teu inalcançável corpo

Tenso, caloroso e impaciente

Como o ar que minuciosamente,

Se retia,

Como delicadamente,

Se fazia...

Suavemente te vás,

Por entre os ares

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