Rara
— Dando pausas no trabalho? — Apresento numa entoação divertida, apontando o dedo para a ligeira pilha de contratos, que Milena tinha por subscritar.
— Como se não merecesse, não é senhorita Rara? — Contradita Milena, de proporcional guisa, anedótica.
— Tudo bem, já se calou, quem algum dia perguntou. — Indico colocando as mãos no ar, fazendo refulgir que estava rendida e, reparara, que Milena se estava a rir, e era assim, que eu queria vê-la, todos os rotineiros dias.
— O que tens para me contar? — Ressurge Milena com mansuetude.
一 Bom, não muita coisa, é simplesmente um novo cliente da empresa para qual Joseph trabalha, que quer os nossos serviços de assessoria e, tu, estás encarregue disso, porque Joseph te irá encaminhar, as noções acerca dele, então, lucro para ambas empresas, tu trabalhas e eu descanso as pernas. — Remito a velocidade da luz, fazendo com que Milena demonstrasse uma cara de poucos amigos, com a qual desatei a aprazer-me.
— Tu só podes estar a brincar comigo, que raios tomaste hoje de manhã? — Perquire energética — E que história é essa, de eu trabalhar e tu descansares as pernas? — Revive Milena com cara manhosa.
O riso que, outrora, estava em pequenas proporções, tinha alcançado altas dimensões de minha parte e, no momento em que Milena se alinhava, para lançar-me com alguns papéis, a fim de fazer-me parar de regozijar, o seu telefone tocara abundantemente, revelando o envio de novas mensagens, dado que era cognoscível pelo seu som característico.
— Creio que sejam as informações, que Joseph havia dito que enviava. — Narro ainda com o riso entre meus lábios.
— Tu ainda me pagas por isso, Rara. — Aponta já nas estribeiras, confirmando assim, a minha afirmação anteriormente dita.
— Ai pago? — Volto provocativa.
E quando Milena, finalmente, atirou-me os papéis, em um movimento já bem estudado por mim, sou tirada do local em que me encontrava por minhas próprias pernas, antes que aquilo pudesse atingir-me.
— Eu creio que essa tensão que tens, só alguém do outro género, te vai poder saciar. — Pronuncio ainda em júbilos e, saio do seu gabinete, no minuto a seguir, previamente a minha aniquilação.
Já fora da sala de Milena, oriento-me ao meu parecido escritório, para poder dar o dia de hoje como encerrado, pois já se fizera o comum trabalho. No seu interior, direcciono a minha mão, para o núcleo de minha carteira, para ligar ao senhor Park, e assim, nos poder vir buscar, refiro-me a um "nós", visto que incluía Milena em nosso percurso. Lúcia tinha dado férias ao senhor Park, antecedentemente, a maior tragédia de todos os tempos e, no intervalo em que regressara ao seu habitual posto, depois de férias terminadas, teve a pior notícia receptiva de todos os tempos. Senhor Park ficara, totalmente, arrasado, sendo que ele gostava muito de minha Lúcia, já que ele laborava ao lado dela por longos anos e, com isso, um elo forte se estabelecera. E, eu conhecia essa qualidade, assim como Milena e Romando, porque senhor Park era como Alice e Joseph, dado que já estão dentro da British Company, desde que ela era um embrião.
O carro com que senhor Park me transporta, tal como Milena, é o meu veterano Porsche, sendo que o veículo de minha Lúcia, fora devolvido, depois daquele trágico dia, ele permanecia intacto e fechado em sua garagem, tal e qual ao seu invariável estúdio, visto que não nos atrevíamos a usar, nenhum dos dois itens, já que cada um deles, tinha a essência de minha Lúcia, que nós não queríamos que fosse, de alguma forma, perdida. Milena detinha o seu admirável Volvo na oficina de minha Lúcia, que continha espaço para 4 viaturas, todavia, como rotineiramente nos dirigíamos para o mesmo local, não havia necessidade de utilizarmos ambas viaturas, sendo ainda mais que, senhor Park se predispôs, amavelmente, na deslocação desse percurso, mesmo já sendo o seu recorrente ofício.
Efectuara a chamada ao senhor Park, e como sabia que era bastante eficaz em seu posto, defini, simultaneamente, ir ao exterior da empresa, onde habitualmente se coloca. Chegando e acertando, pelo motivo de que, o senhor Park, já lá estava, introduzo-me ao meu veterano Porsche, efectivando, na sucessão, uma outra conexão, cujo destinatário era à Milena, sendo que depois daquele episódio em seu escritório, o mais provável, era de que me quisesse aniquilar, por isso, decidi vir ao meu veterano Porsche, sozinha. Após Milena atender a minha comunicação telefónica, transmito-lhe a informação passada diariamente a ela, de que já nos montávamos a sua espera, para voltar para casa, ou melhor, para o aposento de minha Lúcia.
Na sequência de alguns minutos, Milena comparece ao exterior da empresa, completamente, alegre e sorridente, o que me deixou admirada, uma vez que pensara eu, que ainda estivesse com a cara de poucos amigos, no desenrolar de uma eventualidade em seu gabinete, o que despertou uma curiosidade de minha parte, para saber qual, ou quem era o motivo para a sua desmedida exultação. Sendo que a rir daquela maneira, só podia significar uma coisa, com isso, assim que adentrara ao meu veterano Porsche, delibero, por conseguinte, questioná-la.
— O encontro às cegas foi assim tão proveitoso? — Interrogo fomentadora e, notara que Milena, mostrava uma expressão de confusão em sua verônica.
— Ao que te referes? — Repõe Milena, ainda com o mesmo baralhamento, e já com o senhor Park eufórico, porque percebera, no que me estava a referir.
No período em que Milena se preparava, para retrucar a minha pergunta, dado que sua boca fazia movimentos característicos, o som de seu telefone se faz presente, indicando o envio de mais novas mensagens e, com Milena, regozijando-se aos sons dos 4 ventos.
— O quão rápido vocês estão — Estimulo para obter alguma resposta — O que será que eu e senhor Park perdemos? — Questiono olhando para o senhor Park, que continha risos, mas quando dirigiu o seu olhar a mim, desatou-se a desfrutar, fazendo desse modo, com que eu me risse, ao mesmo tempo.
Milena nos ignorava profundamente, já que a razão em sua tela, era mais recompensadora do que aturar duas pessoas, fruindo de suas acções e, nós, entendíamos o porquê. E, foi quando então, senhor Park dá início, ainda em gracejos, ao trajecto, nos movimentando à casa. E era dessa harmonia que eu sentia falta, mas mesmo assim, faltavam sorrisos, sorrisos esses para que pudesse estar, na totalidade, completa.

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EYES & EYES
RomanceArrogante para muitos e incompreendida para os mais próximos. Fria, ríspida e asentimental, assim é Lúcia Morgan, a mulher que esconde em seu olhar, a sombra de um passado turbulento, no que diz respeito ao amor, portanto, abstém-se do mesmo. Alegr...