Parte II

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Desse jeito, aproximo-me à cama, sentando-me nela nos minutos posteriores, no entanto, quando me ia começar a despir, sou retida pelos sons que retiniam de meu dispositivo, que se acrescia na banca, ao lado do pilar de minha desmedida cama, dando a entender a chegada de novas notificações, pelo tinido particular que produzira. Sem perder muito mais tempo, retiro-o do local em que se localizava, ligando e deslizando a tela com um de meus leves dedos, pressurosamente. Logo após, soube que se tratara de um apelo que Rara me enviara pelo E-mail, dizendo para aceder o link que lá incluía-se, pois atinava ela que o método E-mail era infalível, sendo que se fosse uma comum mensagem, eu provavelmente não leria.

Acesso o link lá estabelecido, indo parar nos segundos a seguir, a um site de notícias, que também detinha um jornal muito confiável, dado que resumia e explicava as minúcias, a minha suposta libitina e, a minha imponente volta, com um título que não se podia questionar, cujo qual era: "O suicídio mal reportado", que se fazia acompanhar com variadas matérias abordando o ocorrido, e fotos comparando as diferenças entre mim e Lúcia Parker, mulher com o rosto e propriedades idênticas a mim. Com isso, percorri o caminho com as íris nas escrituras daquele texto, sendo surpreendida com factos que lá presentes estavam e, antonomásias envolvidas como, por exemplo, um tal dito Dr. Pierce, que outrora eu desconhecera, fazendo-me dessa feição perguntar, onde Rara havia descoberto tais informações para fornecer aos jornais e, consequentemente, jornalistas, apesar de Rara ter contactos em vários recantos de Manchester, sendo os jornais um deles, pela influência que a British Company exercia e, sendo ainda mais, a incumbida pelo sector de comunicação social a nível da empresa.

Tinha até aspectos que revelavam o porquê da minha longa demora ao refluir, o que me deixou ainda mais incrédula, posto que em nenhum momento, dissera a eles as razões para tão tardiamente revir, porém, agora percebo o motivo de não me terem bombardeado com perguntas, assim que penetrara a minha "Mini mansão" com Ryan, sendo que isso processou-se, não apenas pelo facto de já saberem a verdade a respeito de meu presumido decesso, mas porque Rara, assim como Ryan, eram dotados de uma sagacidade enorme e, com os meus olhos denunciando-me a todo instante, no espaço de minha extensiva sala, com certeza, conseguiu ver, tal como Milena e meu Robert, por intermédio deles, que o porquê pela minha tão tarde volta, relacionava-se principalmente a Robert, por querer deixá-lo livre para experimentar um amor numa nova perspectiva e, assim, alcançar a felicidade fora do abismo de Lúcia Morgan, mas como também, pela causa da existência de uma sósia, ao todo, semelhante a mim, onde todos acreditavam que pudesse ser eu e, estar, respectivamente morta.

E foi com esta "explicação de sósia", que Rara clarificara as origens da minha morosa revinda, visto que não haveria de expor o meu Robert e nem a mim, a nível de toda imprensa, falando acerca do nosso romance.

Interrogava-me incessantemente, todavia sou tirada de meus pensamentos inacabáveis pelo envio de mais um alerta de Rara, que desta vez, era uma habitual mensagem, que felizardamente lera, pelo meu telefone ainda se incorporar em minhas mãos, dizendo que estava apta para ressurgir ao trabalho no dia seguinte, sendo novamente abismada, pois sucessivamente ao seu aviso, Romando ligara-me por meio de uma chamada de vídeo, que logo me apressara para atender.

— És realmente tu? — Interpela Romando visivelmente emocionado, através de sua câmara telefónica, do outro lado da linha.

— Eu creio que já não hajam dúvidas. — Declaro com os órgãos visuais alagados, supondo que Romando já devesse ter lido a notícia que se firmava, a esta altura, em muitos sites, sobre o meu imaginado traspasse e minha suntuosa vinda, olhando similmente para a câmara.

— Eu quase não pude acreditar quando li relevante notícia, mesmo que depois disso, Rara me tivesse ligado a esclarecer. — Garente Romando ainda veemente e dissipando qualquer suposição que se pudesse criar de minha parte, designando um curto adiamento em sua argumentação, ainda assim, prosseguindo seguidamente — Nunca mais repita isso, Lúcia, tu estás expressamente proibida de voltar a fazê-lo, isso não é um pedido, é uma ordem! — Esbraveja Romando em lágrimas que já despencavam de seu rosto.

— Eu garanto minha pequena Rô, que não voltarei a fazê-lo! — Contravenho a exclamação e, também, com prantinas.

— E é apenas hoje que te permito chamar-me desta maneira, porque tu sabes que eu desgosto. — Atesta Romando de forma anedótica, com cara de poucos amigos e já limpando os ludibriadores pingos.

— Já se calou quem algum dia falou. — Devolvo recreadora, repetindo a sua anterior acção, no que diz respeito ao vagido.

— Então, já posso começar a traçar o meu retorno para a minha doce Manchester, para te poder finalmente abraçar e uns tabefes te dar! — Brame Romando alegremente.

— Dispenso os tabefes, porém, os abraços são bem-vindos, estarei aqui esperando-te incansavelmente. — Proclamo sossegadamente e de guisa graciosa.

— Nem penses que te escapas aos tabefes, pois precisas. — Comunica Romando reptador do outro lado da linha.

— Pois bem, vou defender-me com esta carinha. — Encabeço mostrando uma careta de tamanha fofura, que Romando não resistira quando fazia.

— Isso é jogo baixo, Lúcia! — Vozeia Romando bestificado.

E aí nós nos desatamos a rir e, era isso que eu buscava, isto é, o sorriso de minha pequena Rô, depois de tanto sofrimento que a minha escassez já lhe propiciara.

— E quando virás? — Surjo com interesse.

— Em alguns dias, pois preciso organizar tudo antes da minha saída, sendo ainda mais que Rosnan está de férias. — Indica Romando pacificamente, identificando o seu substituto, quando viesse a hora de partir para o retrocesso à Manchester.

— Tudo bem, enquanto isso, vou melhorar o meu escudo para os teus posteriores ataques. — Denoto álacre, fazendo com que Romando risse também.

— I miss you a lot little girl*. — Reconhece Romando amavelmente antes de encerrar a conexão, posto que o dever o chamava e, também, porque já fazia movimentos próprios para clicar no botão de encerramento.

— I miss you too. — Redarguo sua doce afirmação e, de parecida feição, antes que finalizasse a ligação, que logo a seguir, se concedeu.

Continua...


Tradução

* I miss you a lot little girl:

«Eu sinto muito a sua falta pequena menina», para o português PT.

«Eu sinto muito a sua falta pequena garota», para o português BR.

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