Parte III

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— Por que não me contaste? — Insisto com os órgãos oculares molhados, quase que aos sussurros.

— Porque eu sabia qual seria a tua reacção e, eu não queria que pensasses, que te estava a abandonar, visto que as minhas férias já haveriam de terminar. — Afirma Ryan, transparentemente, exaurido.

— Mas elas pareciam indeterminadas. — Reposto andando no correspondente acento.

— Contudo, até as indeterminações chegam aos seus pontos finais. — Explica Ryan sossegadamente, esforçando-se para confortar-me.

— Eu não queria ter-te batido, eu... — Corta-me, impedindo dessa maneira, a progressão do meu discurso e, colocando como, outrora, havia feito, os seus dedos sobre os meus lábios — Não precisas de te desculpar, pois ela ficará como uma lembrança da minha intransigente maninha. — Consuma Ryan com amenidade, deixando uma aquecida osculação em minha bochecha.

— O que eu farei sem os teus braços para me poder reconfortar? — Inquiro sem evitar que um carpido, decaísse de meu rosto.

— Terás os braços do homem que te espera, desesperadamente, há 2 anos, além disso, tu sabes que sempre podes visitar-me, pois tens uma casa em Liverpool para sempre contar e, ainda mais, a exploração a nível da Islândia, será num abrir e piscar de olhos. — Denota Ryan, limpando as últimas lágrimas que desciam sobre o meu fronte, já numa pronúncia humorística.

— Em quanto tempo será? — Reposto ainda manhosa e, posso reparar, a expressão de intranquilidade no frontispício de Ryan.

— Bom, eu creio que em 1 ano. — Relata Ryan, nitidamente, nervoso.

E, naquele momento, era como se estivesse praticamente perdida, pois perdida eu estava, porque me encontrava prestes a perder, o porto que havia-me segurado durante estes anos e, que cujo qual, eu já tinha laços indestrutíveis, perdida eu estava, quando me situava naquele imenso mar e ele me salvara e, perdida eu estava, porque agora a distância nos havia de separar, e eu não sabia como retroceder, porém, antes mesmo que mais pingos de água me fizessem companhia, Ryan sorrira prosperamente para mim, e exercia movimentos com as mãos, permitindo com que dessa guisa, eu me recordasse que ainda tinha uma realidade por reviver e, que se tivesse que gastar choros, que fossem de emoções que precisavam luzir.

Desse igual modo, saíra, na mesma ocasião, do seu atraente Maserati, indo de sentido ao porta-malas, para que retirasse as minhas médias malas, que continham memórias dos doces períodos vividos ao lado de Ryan, no curso desta cinesia, dirigi-me em passos lentos a minha memorosa porta e, já com Ryan atrás de mim, posto que conseguia sentir a sua presença. Como não detinha a chave em minha posse e, muito menos, desejava tocar a minha eviterna campainha, para não causar nenhum espanto repentino à Matilde, dado que eu creio que, sem dúvidas, ela continuara a vir para cá, visto que tínhamos um vínculo bastante forte, para mais, possuía a chave da minha relembrável porta, que eu lhe tinha amavelmente dado e, isso, não era algo que sabia, era algo que sentia, uma vez que ela era uma mãe para mim, e eu sei que nenhuma mãe está disposta a enterrar os seus filhos, ou a esquecer deles totalmente, sendo ainda mais a minha residência, o único lugar que ela poderia, permanentemente, sentir-se mais próxima a mim.

Entretanto, eu tinha a esperança de que a porta pudesse estar aberta, e revelar Matilde saindo da cozinha, com o aroma inebriante da sua magnífica refeição, como há 2 anos se fazia. Com esse histórico presente em minhas contemplações, sem nem pensar correctamente, descartando a possibilidade de que, talvez, estivesse fechada, rodo a minha incansável maçaneta.

Depois disso, a porta se desenverga, mostrando desse jeito, que minhas esperanças constituíam-se certas, e assim sendo, entro para a minha extensa casa, com Ryan sempre atrás de mim, já que sua assiduidade, a todo soflagrante, conservava-se, a minha "Mini mansão" prosseguia intacta, e o meu DNA seguia bem mantido, por entre as paredes daquela que considerava a minha aerosfera, flashbacks, a todo segundo, passavam por minha reminiscência de todas as épocas, isto é, desde as mais felizes, até aquelas tidas como menos alegres, vivenciadas dentro daquelas taipas e, quando me pilotava aos degraus, a fim de continuar percorrendo a minha "Mini mansão" ressuscitando memórias, sou aturdida por Matilde, que saía da cozinha animadamente, com uma bandeja em suas mãos, que continha três chávenas de chá e, pela fragrância que emitia, logo soube que se tratara de chás de frutos vermelhos, no entanto, antes mesmo que lágrimas declinassem e, de eu entender quem eram os donos daquelas chávenas, que englobavam o líquido avermelhado, Matilde, imperceptivelmente, deixou que a bandeja que carregava em suas mãos, escorregasse por entre os seus dedos, impondo um espalhafatoso ruído, na ocasião de se terem chocado contra o chão.

Era claro, o imenso espavento que exibia, porque eram, pontualmente, os mesmos sentimentos que nutria, nenhuma de nós conseguia expressar quaisquer palavras, dado que não havia dizeres para se descrever aquele grandioso comenos. Já com os olhos repletos de gotas de água, eu compunha-me para abraçá-la e, assim, experienciar o calor de seus macios braços, exprimindo assim, a enorme falta que tinha por ela, entretanto, no átimo em que me guiava para realizar tal acto, sou interditada pelos comparecimentos inquestionáveis e, identicamente paralisados de Rara, Milena e do homem, cujo qual, o meu ser pertencia, pelo motivo que sem dúvida, o barulho provocado pelos cacos de vidro que chocavam contra o chão, foi audível em muitos compartimentos da casa e, os quartos, eram um deles.

Agora chegara a hora, o momento e o dia, que eu a todo custo tentara esconder, todavia, eu não apreendia o que poderia suceder, já que eu compreendia que não haviam justificativas para inibir os factos, mas de uma coisa eu tinha firmeza, Milena e Rara relumbravam as suas comoções por entre seus olhos que transmitiam ledice, porém com tons de desperança, o mesmo acontecia com o homem a que inegavelmente, eu me tinha apaixonado, que fazia reluzir os sentimentos pelos seus notáveis olhos castanho-claros parecidos com o mel, que não haviam mudado, sendo que uma coisa era verdadeira, o meu Robert continuava estupidamente lindo, e as suas íris propagavam o amor que a inteiro empenho, ele queria viver e experimentar, pois eu percebi todas essas peripécias, quando os nossos olhos se encontraram, e eu estava ali para reavivar aquelas sensações, mesmo sabendo que, possivelmente, todos eles não me haveriam de perdoar.

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