Milena
Entre desvios e algumas normas de trânsito, a nível das ruas de Manchester, mostrei-me à casa de Rara, ainda em tempo recorde, por incrível que pareça. Sem muitos atrasos, apressara-me para desarrimar, o íntimo de meu magnífico veículo e, assim, introduzir-me ao espaço do domicílio de Rara. Dito isto, dispunha-me neste intervalo, a tocar a sua veterana campainha e, depois de alguns segundos, a porta se descerra, expondo a sua silhueta, que se revestia por intermédio de um pijama rosado de duas peças, sendo uma calça e uma camisa, cuja imagem ilustrativa, no bolso superior da camisa, era a Puka, o que não me admirava, pois esse, era o visual "receptivo" de Rara, caso decidisse não optar por uma lingerie, porém, apesar de seu vestuário não me extasiar, o que me deixava estupefacta, era a tensão que Rara sentira perante a minha fisionomia, dado que era visível através de sua expressão corporal.
— Será que ainda há espaço para uma pacífica conversação? — Inquiro meigamente, a apreensiva carne de Rara, em minha visão frontal.
— Espaço sempre haverá, apenas creio que o momento não... — Interrompo-a sem a deixar terminar — Rara, pelo amor de Deus! — Apresento-me em brincadeiras — "Mal prevenida", como de costume, que me vais impedir de conversar contigo — Termino num timbre anedótico, fazendo análises as roupas que exibira perante mim, à porta de sua casa e, já entranhando em seu acolhedor endereço, sem dar espaço, para atrapalhar-me.
Em seu aposento, caminho em passos lentos pelo seu hall, pela qual acabara de entrar, em direcção a sua dilatada sala e, ainda aos sorrisos, todavia, quando chegara a sua extensiva divisão, fui amargamente surpreendida por uma das configurações, que era um dos rostos, que de nenhum jeito, quisera ver, uma vez que o meu corpo, se encontrava, naquele exacto momento, paralisado. Era aquela devassa mulher, fazendo com que o regozijo, que esboçara há milésimas, se transformasse num álgido olhar, antes que me voltasse a verônica de Rara, que agora, dava origem a minha vista fronteira, retirando a hipótese, daquela desrespeitosa mulher, poder pronunciar qualquer verbo, seja a nível de fala, como a nível de aparência corporal e, com o mesmo frígido espectar avistando Rara, principiámos, outra vez, aquilo que pedia internamente, para não mais acontecer, pois me rasgava por completo, porém, não era algo que pudéssemos retroceder.
— Eu não posso acreditar nisto, Rara — Estreio sem poder crer — Que raios significa isto? — Elevo extremamente exasperada e, totalmente, descaroável.
— Milena, acalma-te! — Prega Rara, alterando-se.
— Acalmar-me?! — Contraponho satírica e aos gritos — Como diabos podes pedir para acalmar-me, se esta libertina mulher, a que tanto proteges e a qual julgas defender, faz parte da pior espécie de rameiras! — Coloco um ponto final aos meus vocábulos, no mesmo tom e, igualmente, aos berros, elaborando notas, àquele formato que partilhava, as mesmas 4 paredes, juntamente comigo e Rara.
— Milena, eu sou capaz de entender as tuas frustrações, mas não te admito que cuspas palavras desta classe, em que na qual, podes vir a arrepender-te! — Vozeia Rara severamente intensa.
— Eu também sou tua amiga e, tu não és capaz de reparar, o que esta promíscua mulher, me há feito! — Zombo burlesca — Mas tudo bem, eu já percebi qual é o meu devido papel e lugar na tua vida, que com certeza, não é o primeiro, segundo e, tampouco, o terceiro lugar — Disparo acídula — Já agora e, de igual modo, te replicando, apenas me arrependo do dia, em que esta rameira mulher, há compartilhado as mesmas emoções e conquistas em que hei vivido. — Termino ríspida constituindo comentários, àquela descarada mulher, partindo do domicílio de Rara.
Com lágrimas inacabáveis que se precipitavam de meu rosto, estabelecia-me no exterior da moradia de Rara e, no momento em que me guiava ao meu admirável Volvo, para que abandonasse o local em que me descobria, sou importunada pel sonância própria de meu apetrecho, que se escondia em minha carteira no grau de minhas garras, indicando que uma notificação, que posteriormente, seria uma informação, chegara. Decido, então, dessa maneira, retirá-lo de onde se amorava, com o interesse de poder saber, do que se tratava. Com ele em uma de minhas mãos, pude perceber, que o referente da tal dita solicitação, que na verdade era uma mensagem, correspondia àquele desprezativo homem.
Sinceramente, não sabia do que se abordava e, muito menos, queria saber o assunto que tinha a discutir comigo, uma vez que tudo que precisava dizer, havia sido dito, no dia anterior. Portanto, limitara-me a colocar, outra vez, o meu considerado telefone no interior de minha carteira e, assim que começava a dar origem a passos, para por conseguinte, dirigir-me ao meu meritoso Volvo, oiço gritos estridentes, provindos do núcleo do assento de Rara. A princípio, tencionava poder recuar e, penetrar novamente, em sua estância, para perceber, o que se passara, porém, eu apreendia que nada adiantaria, porque as nossas pertinácias, ainda não estavam assentes, ainda mais, quando acabáramos de altercar, mais uma vez.
Isto posto, delimitara-me a chegar perto de meu seleto Volvo e, introduzir-me nele. Já preparada para instaurar, o procedimento de saída daquele ambiente, sou impedida pela impremeditável figura de senhor Park, que estacionara o carro, no minuto a seguir, daquela imoral mulher, de uma maneira brusca e repentina, que era algo que não acontecia com senhor Park, sendo que ele, sempre fora alguém muito cuidadoso, no que dizia respeito a condução, dado que ele fora o responsável pela nossa deslocação, digo nossa, pois também incluía Rara, no período em que ainda constava, no endereço daquela desonrada mulher.
Assim que arriara do veículo, senhor Park caminhara apressadamente, o que queria dizer, que algo realmente, estava a acontecer, pois era um evento incomum demais para ser desconsiderado e, ao fim de alguns poucos segundos, senhor Park saíra do interior do domicílio de Rara, segurando aquela mulher, numa posição que era a tal dita e conhecida "posição de noiva", juntamente com Rara, que assim que seus olhos se encontraram com os meus, à medida que iam andarilhando de sentido ao Ranger posto em seu ândito, lançara-me um duro e cruel olhar, posto que, em nenhum momento, as minhas íris se esquivaram a situação que estava a suceder.
Aquele avistar de Rara, significava repreensão e, ao mesmo tempo, reprovação. Era real, Lúcia Morgan estava desacordada entre os braços de senhor Park e, por mais que não me quisesse reconectar àquela mulher e, partir dali, ignorando todo este facto, eu não conseguia, já que a vericidade, é que as minhas estúpidas emoções, não me permitiam parar de se inquietar por sua figura, assim como sempre ocorrera, apesar de me ter dilacerado por completo, na companhia daquele sórdido homem. E, eu sabia que se não me juntasse, ao carro que fazia parte da minha visão frontal, e em que cujo qual, se punha a sua conformação, até ao destinatário que era conhecido por nós, sendo nada mais e nada menos do que o hospital, eu me arrependeria, porque, mais uma vez, em minha recorrente vida, eu preferira partir-me, assim como cacos que se estilhaçam ao redor de um frio chão, do que partir alguém, nesse mesmo grau de intensidade.

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EYES & EYES
RomanceArrogante para muitos e incompreendida para os mais próximos. Fria, ríspida e asentimental, assim é Lúcia Morgan, a mulher que esconde em seu olhar, a sombra de um passado turbulento, no que diz respeito ao amor, portanto, abstém-se do mesmo. Alegr...