Capítulo 50

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Rara

Apresentamo-nos à casa por volta das 4h00 da tarde. Milena durante todo o trajecto para casa, havia ficado entretida com o ecrã de seu telefone, dado que a cada 5 minutos que se passavam, novas mensagens surgiam e, atinava isso, porque, todas as vezes, olhava para o relógio presente em meu veterano Porsche, o que não deixou de me manter siderada, sendo que Milena, raramente, continuava por longas épocas presa a uma tela, já que ela rapidamente retinha a sua cabeça, disponível para um trabalho, ou para um livro, que eram as actividades que mais tinha vontade em realizar, quando não se encontrava connosco, isto é, eu, Romando e a nossa eterna Lúcia.

Após regressarmos, o senhor Park estacionou, deliberadamente, o meu veterano Porsche na infinda garagem de minha Lúcia e, depois de executarmos a genérica descida do meu considerado automóvel, nos dirigindo para a memorável porta de minha Lúcia, o senhor Park despediu-se de nós, pelo motivo de que tinha algumas pendências, que precisavam de ser examinadas, posto que eu sabia da sua agenda, já que agora labutava, lhanamente, connosco, ou melhor, eu e Milena.

Presentes na rememorável porta de minha Lúcia, decido andarilhar a minha carteira com a minha mão, com o propósito de alcançar as chaves da porta, pois desde que nos mudáramos para a sua ampla casa, Matilde nos havia dado uma cópia e, como não a queríamos importunar, tocando a campainha para que nos viesse atender, eu e Milena delineamos, descerrar a porta com a chave, que já estava em minhas garras. Coloco a singular chave metálica sobre a fechadura da porta e, rodo a maçaneta, para que pudesse abri-la. Já descolada, eu e Milena metemo-nos à casa e, com Milena, comprimindo a porta atrás de si, no mesmo instante. No momento em que eu e Milena nos pilotamos aos degraus, para que fôssemos ao piso superior, somos surpreendidas com a presença de Matilde, que saía da cozinha com uma bandeja, que continha uma chávena* de chá de frutos vermelhos em seus membros, depreendia este específico aspecto, porque o indiscutível aroma, se fazia presente.

— Oh! — Grita Matilde — Por que não tocaram a campainha de modo a avisar-me que tinham chegado? — Analisa Matilde prosperamente, exercendo uma pouca paralisação em sua exteriorização, porém, seguindo instantaneamente — Não me teria custado ir atender-vos. — Finda Matilde com a mesma nota.

— Nós agradecemos imenso mãe Matilde, mas nós não queríamos incomodá-la. — Confidencio carinhosamente, chamando-a pelo doce apelido, que eu e Milena a havíamos posto.

— Ao menos não hoje! — Vozeia Milena — E já agora, temos visita? — Busca Milena estimulada.

— Ah sim! — Recorda Matilde — O senhor Robert Gold se faz presente. — Cessa sossegadamente.

Na hora em que ouvimos o nome da figura que lá se punha, eu e Milena ficáramos, ruidosamente, fortunosas, dado que o enlevo era legível em nossos rostos, sendo que entreolhamo-nos, tautocronamente. Sem mais tardanças, eu e Milena pilotamos os nossos corpos, para que começássemos, por fim, a alçar as escaleiras, mas antes que inaugurássemos a mobilização, eu fizera um pedido à Matilde.

— Desculpa explorar-te mãe Matilde, mas será que poderias adicionar, gentilmente, mais duas chávenas de chá, sendo uma para mim e outra para Milena? — Abordo com humor.

— O que seria de mim, sem vocês meninas? — Apostrofa Matilde — Mas é claro que sim! — Retribui Matilde na mesma harmonia.

Na prossecução, nos despedimos de Matilde para ir ao encontro do nosso velho Robert. Fazia algum tempo que Robert não nos visitava, ou melhor, Robert não nos visitava desde a morte de minha Lúcia, pois apesar de nós o vermos, frequentemente, na associação, era Milena e eu que íamos, sempre que pudéssemos, ao seu domicílio, visto que com certeza, a localização do assento de minha Lúcia, não era um lugar propício para ele, pelo suplício que as lembranças ainda lhe produziam, ainda mais quando ele já havia tentado tirar a sua vida, num dos dias que jamais eu, Milena e Romando haveríamos de esquecer, porque Robert era uma das pessoas que nós mais gostávamos. Entretanto, mesmo sabendo da sua difícil ida até nós, eu e Milena, até ao presente, nutríamos a doce esperança de que em alguma data, ele pudesse vir e, por isso, sempre separávamos roupas masculinas que ficavam por cima da cama de minha Lúcia, pois compreendíamos que esse era o local, que mais conservava a essência de minha Lúcia, e porque também, era o ponto de conexão que serviria para uni-los.

Sem mais limitações, comparecemos à porta do quarto de minha Lúcia, descolando-a, delicadamente, logo de seguida e, quando a abertura foi dando lugar a uma dimensão maior, eu e Milena nos deparamos com uma visão que era, simplesmente, intolerante. Era ele. Robert, o nosso Robert, ao pé da grande fissura presente na parede, com um carpido imparável que caía sobre o seu fronte. Quase que em um acto reflexo, aproximei-me dele, dando-o um abraço, para que o pudesse reconfortar, deixando, desse modo, Milena ainda perplexa à porta, entendia isso, porque na medida em que me acercava de Robert, olhava ligeiramente para Milena, ainda à porta.

— Nós sabíamos que algum dia, tu cá chegarias. — Conferencio com os órgãos visuais molhados, e já me desentrelaçando dos seus confortáveis membros.

— Ela...está...viva. — Discursa Robert, ofegante e com um tom baixo, sendo que as regulares gotas de água que ainda despencavam sobre seu frontispício, abafavam a sua voz.

Continua...


Glossário

* Chávena = Xícara

Chávena é utilizada pelo português PT.

Xícara é utilizada pelo português BR.

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