— Mas que diabos se passa com vocês?! — Pergunto aborrecida.
— Nós só estamos a tentar ajudar-te, porque queremos a tua felicidade — Diz na mesma entoação — Mas como é que sabes que fomos nós? — Interroga Rara desconfiada, mas consistente.
Apenas debruço-me a apresentar um sorriso satírico e, avanço na sequência.
— Tu achaste mesmo que eu não saberia? — Inquiro zombeteira — Então, vou gritar bem alto para que vocês me possam perceber e, não haja fuga de informações. — Informo agastada e noto que Rara, me olha pasmada.
— Vocês chamaram-me de arrogante uma vez, porque supostamente, tenho problemas com os meus sentimentos, pois segundo vocês, não sei discerni-los, mas agora eu vos pergunto: Arrogantes não serão vocês, que não sabem respeitar as escolhas de outros? — Lanço descortês — Não serão vocês, que julgam saber o que os outros sentem? — Digo fazendo uma pausa, suspirando e rindo sarcasticamente — Então, este será o vosso último aviso, se vocês tentarem mais uma vez se colocar neste assunto, lembrem-se que: "A corda sempre rebenta para o lado mais fraco". — Termino e saio em lágrimas, deixando Rara ainda mais abismada.
O mal dos meus melhores amigos, é de a todo tempo me subestimarem, porém, eu até gosto disso, sendo que, de certa maneira, nunca saberão até onde posso chegar. Rara havia posto microfones em sua casa, para que Milena e Romando pudessem escutar a conversa entre mim e, o homem, que se diz me amar. Verifiquei isso, enquanto estava a discutir com ele, por isso, deduzi que era algo já premeditado, o que não me admirava, pois sentia isso, na medida em que me aproximava de sua casa. Abandono seu domicílio, adentrando ao meu simples Ranger, dado que assim como havia dito ao senhor Park, ele não se manteve longe e, então, pedi-lhe para levar-me à empresa, por incrível que pareça, sendo que o último lugar onde queria estar, era a minha casa, já que compreendia que os meus pensamentos, não haveriam de me deixar em paz.
Durante o trajecto até à empresa, pude sentir o olhar atento e preocupado de senhor Park, mas eu apenas delimitei-me a constituir um gesto, dando-lhe a entender, de que estava bem. Regresso à empresa e, assim que arrio do meu simples Ranger, embrenho e subo directamente para o meu escritório, aproveitando que todos estavam em seu horário de almoço, passei pela recepção, sem ter de encarar vistas inquietas por parte de meus funcionários, entretanto, quando chego perto de meu gabinete, observo que a única que havia ficado na empresa, era Alice, minha eterna secretária. Eu apenas aceno-lhe, para que não percebesse em que estado me encontrava.
Descolo a porta de minha sala e, sento em minha adorável mesa de Mármore, libertando assim, todas as frustrações que tinha experimentado nas últimas horas. Defino labutar, mas era inútil, pois minha cabeça estava em outra dimensão, com isso, decido levantar-me e perambular pelo meu escritório, que era amplamente vasto.
Vou andando para lá e para acolá, até que a porta de meu escritório se desata, revelando Alice extremamente agoniada e, de alguma forma, não conseguia entender o porquê, até que por sua trás, aparece o rosto que era o último que desejava ver naquele momento.
— Desculpe senhorita Lúcia, eu realmente tentei impedi-lo, mas ele é muito resiliente. — Garante Alice desconsolada.
— Tudo bem, não se preocupe. — Afirmo reconfortando-a e, desse modo, ela parte de minha sala.
Depois da ida de Alice de meu escritório, o ar tenso que reinava em casa de Rara, tinha regressado, assim como toda dor e palavras pronunciadas.

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EYES & EYES
RomanceArrogante para muitos e incompreendida para os mais próximos. Fria, ríspida e asentimental, assim é Lúcia Morgan, a mulher que esconde em seu olhar, a sombra de um passado turbulento, no que diz respeito ao amor, portanto, abstém-se do mesmo. Alegr...