Capítulo 12

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Depois daquele episódio na casa de Rara, firmei-me a limpar as últimas lágrimas que despenhavam sobre o meu rosto, e a tranquilizar-me para que rapidamente me despedisse dela, pois necessitava retornar à casa, dado que já se fazia tarde. Peguei um táxi, porque como havia dito, não queria incomodar o senhor Park. Durante o percurso para casa, recebi uma ligação por parte de Milena, dizendo que precisava falar sobre um assunto severamente urgente, porém, eu apenas dissera que, naquele momento, não estava com cabeça para tratar de assuntos relacionados à empresa e, que não se preocupasse, sendo que no dia seguinte, haveria de ajudar-lhe com o que fosse, então, ela consentiu e desligou a chamada. Ainda assim, pude notar através de sua voz que o assunto era sério.

Regressei à casa exausta, posto que tinha vivenciado fortes emoções. Resolvi subir para o meu quarto e, dessa guisa, tomar um banho relaxante, colocar o meu confortável pijama para finalmente descansar e, assim aconteceu.

Acordei com os barulhos da água da chuva. Chovia, mas não de uma maneira intensa, ainda assim, o céu estava completamente nublado. Assim sendo, defini voltar a imergir-me abrasadoramente e aprontar-me para o novo dia. Terminadas todas as arrumações de minha parte, arrio as escaleiras para tomar o pequeno-almoço. Encontrei Matilde cantarolando e, desse modo, pude sorrir-lhe e continuar a realizar a minha actividade. Concluo o meu pequeno-almoço e, me despeço dela, com o meu suave beijo em sua testa. Me dirijo ao senhor Park que prontamente leva-me à empresa.

Indroduzindo-me nela, encontro o diário clima caloroso e ameno por parte de meus funcionários, retribuo os cumprimentos e vou rumo ao meu gabinete. Descolo a porta, cerrando a mesma seguidamente e, ando em direcção a minha simples e adorável mesa feita de Mármore, quando neste igual segundo, me deparo com alguém que meramente não deveria estar lá, porque fora demitido, o que me deixou ainda mais irritadiça.

— Por que raios estás aqui? — Atiro descarinhosa — Perdeste a memória, ou simplesmente apetece-te brincar com tudo isto? — Pergunto rude e alterando minha tonalidade.

Ele apenas mantém-se cabisbaixo, sem expressar quaisquer palavras e, quando ia ligar à Alice, a fim de que pedisse aos meus seguranças que o tirassem de lá, Milena abre subitamente a porta de meu escritório, causando um pequeno barulho.

— Eu vim explicar exactamente isso. — Comunica sem papas na língua e apontando o dedo a ele.

Limitei-me a ordenar ao meu ex assistente para que saísse de lá, permitindo, dessa maneira, que eu e Milena conversássemos.

— Que raios se passa contigo? — Questino rigorosa e impaciente.

— Tu demitiste-o sem motivos realmente cordiais e, eu tentei avisar-te, mas não deu, porque supostamente não estavas com cabeça para tal — Refere exercendo uma folga — Fui eu quem o contratou e, então, serei eu quem o vai demitir algum dia, porém, esse dia ainda não chegou, visto que eu não demito pessoas excelentemente profissionais. — Discorre no mesmo tom.

— Sem motivos realmente cordiais? — Replico irónica — Pessoas excelentemente profissionais? — Prego zombeteira — Este tipo a que julgas profissional, beijou-me, consegues perceber? — Inquiro sarcástica e fazendo gestos com as mãos.

— Sim percebo, percebo um homem que está desesperadamente apaixonado por uma mulher, mas que infelizmente, não é correspondido, percebo alguém que limitou-se a expressar e demonstrar seus puros sentimentos e, tu podes até negar, porém vê-se claramente nos teus olhos que também gostaste — Garante constituindo outro intervalo — Agora pergunto, isso realmente são motivos suficientes para punir alguém desse modo? — Interroga Milena com lágrimas nos olhos e destemida.

Preparava-me para retrucar Milena, no entanto, por mais uma vez, a porta de meu escritório se descerra, revelando Romando à porta e, percebendo, imediatamente o clima tenso que pairava dentro da sala.

— O que se passa aqui? — Questiona preocupado.

Milena lança-me um olhar ríspido e prossegue falando, rompendo, desse jeito, aquele clima.

— É apenas a senhorita Lúcia que decidiu punir alguém, porque simplesmente a ama. — Declama ácida e fazendo algum movimento com os seus braços, enquanto falava.

— E como podes afirmar isso? — Devolvo grosseira — Tu nem sequer o conheces, portanto, não chames aquilo que ele sente de amor, porque nem sequer sabes o que isso realmente significa. — Redarguo fria e seca.

— Posso não o conhecer tão bem e, também posso não conhecer o "amor" na tua perspectiva, mas eu tenho olhos, e se para ti, um homem chorar feito uma criança porque está apaixonado, não significa nada, então, para ti, o que é o amor? — Expõe Milena na igual entoação.

Nesse instante, oiço um estrondo vindo de minha mesa, era Romando que havia batido com a palma de suas mãos, com o intuito de parar aquela discussão e, conseguindo consequentemente, entretanto, revelando um outro facto, que me deixou ainda mais incrédula e extasiada.

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