Capítulo 23

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Depois da saída de Alice de meu escritório, eu entrei num profundo grau de pensamentos, porém, fui rapidamente interrompida pelo toque incansável do telemóvel fixo que se sobrepunha em minha mesa, dando-me a entender, que Alice havia transferido a ligação para o meu escritório e, que possivelmente, era a de Dr. Miller, assim sendo, apresso-me para atender.

— Pode dizer Dr. Miller, há novidades? — Interrogo nervosa e afobada.

— Quanta pressa, querida Lúcia! — Vozeia com humor — Porém, deixemos as brincadeiras de lado e, vamos então, directo ao assunto — Inicia efectivando uma paralisação em sua narração, após ter feito as suas veteranas piadas — Bom, o juiz cedeu ao seu pedido, fazendo com que, desse modo, ele seja indiciado, ou melhor, emitirão um mandato de busca para ele. — Afirma sério.

— E para quando será isso? — Replico ansiosa.

— Acredito que ainda hoje, mas — Relata num tom apoquentado — Eu não sei se, o tempo previsto, será realmente cumprido. — Finaliza ainda apreensivo.

— Como assim? — Intervenho aterrada — Por que não? — Questiono ainda desassossegada.

 — Primeiro é que a sua prisão preventiva, foi substituída por uma domiciliar, porque não haviam vagas disponíveis no estabelecimento prisional onde haveria de cumprir a sua pena, contudo, a prisão chegou, mas com isso, o juiz decretou também, que durante o período em que estivesse preso, lhe fosse aplicado um trabalho comunitário num centro onde cuidará de crianças e, como te tinha dito, o juiz não viu o porquê de lhe estender a pena, já que não tinha encontrado nenhum indício de uma agressão mais profunda, como por exemplo, uma física. — Sintetiza Dr. Miller.

— Então isso quer dizer que? — Demando curiosa sobre os factos ainda não revelados.

— Isso quer dizer que o tempo de pena, vai depender de seu comportamento, se o seu comportamento se mantiver bom, a pena pode ser apenas de 3 meses, se for mediano, uns 6 meses, mas se for mau, então, a pena se vai estender no tal dito 1 ano. — Assegura sério.

— Isso é inacreditável, com que então, posso andar a assediar as pessoas, e a persegui-las, que nada me acontece. — Refiro expressando alguma ironia.

— Era tudo o que se podia fazer, Lúcia. — Manifesta paciente.

— Tudo bem, eu entendo e, claro, agradeço-o pela ajuda, não deixo de reconhecer que fez um bom trabalho. — Redarguo pacificamente.

— Tu sabes que podes contar comigo para qualquer coisa e, claro, já me ia esquecendo, o juiz pediu para que te mantivesse informada sobre o caso, afinal, és tu a vítima. — Esclarece fazendo as suas graças.

— Como sempre, muito prestativo. — Retruco satírica e, ele, apenas ri-se e, com aquele riso, desconecto a chamada.

Na sequência do telefonema de Dr. Miller, oiço fortes estrondos provenientes do corredor de acesso ao meu escritório. Os vidros do meu escritório eram fumados, porém, não num tom muito acentuado, o que me permitia ver tudo o que acontecia no lado de fora. E, no mesmo instante, paro imóvel com a cena que acabara de ver, eram os polícias e, o barulho, devia-se a agitação de meus funcionários perplexos com a mesma cena. Eles levavam Robert, o meu Robert, com isto ocorrendo, lembrei de imediato das palavras de Dr. Miller, dizendo que o dia em que se faria a sua detenção, seria hoje. Eu esperava por aquilo, mas de certa maneira, não podia imaginar que fosse no minuto a seguir a sua chamada. Eu estava completamente paralisada e lágrimas ameaçavam cair sobre o meu rosto, entretanto, fui severamente impedida pelas presenças das figuras de Milena, Rara e Romando em meu escritório, mostrando as suas faces completamente sem palavras e, olhando impiedosamente para mim.  Nesse instante, percebi que tudo haveria de começar, outra vez.

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