Robert
— Se me tivesses dito, que era daquele homem que se tratava, por mais que me desesperasse em perder-te, eu teria te compreendido e te deixado partir. — Lanço anelante por causa de minhas intermináveis lágrimas, porém, num sonido audível, pois sabia que minha pequena Lúcia, tinha ouvido, uma vez que seus ruídos, por motivo de seu vagido, haviam-se tornado mais intensos e, assim sendo, largara o seu presente escritório.
Desnorteado e perdido, caminhava pelos corredios que davam acesso ao egresso de emergência, ou melhor, onde se encontravam as escadas de urgência, sendo ainda mais que aquela saída de ocorrências, era relativamente mais próxima da "Morgan & Gold", posto que conhecia todas os possíveis exteriores da British Company e, era para lá, onde me estava a orientar, apesar do pouco período em que trabalhara neste local. Isso deve-se a "Morgan & Gold", que ficava a alguns metros da British Company, e com dois anos ao cargo de "cabeça" da "Morgan & Gold", predispusera-me a estudar todo seu perímetro, assim como os recintos ao redor dela, sendo um deles, a British Company, o que permitiu, dessa maneira, saber formas eficazes de chegar nela e, por conseguinte, eu sabendo as possibilidades de evacuação da British Company, além de que, frequentemente, eu cá vinha, durante os últimos dois anos, porque a senhorita Rara e a senhorita Milena, sempre me queriam por perto, pela razão do estado em que me punha, causado pela ausência de minha pequena Lúcia, para mais, a princípio, ajudavam-me a progredir no cargo que, elas mesmas, me tinham dado e, isso, significava minha presença constante na British Company.
Uma vez que não quisera partir pelo habitual corredor de introdução, visto que não queria encontrar nenhum conhecido e, muito menos, que todos que prestavam algum trabalho na British Company, me vissem naquela condição, principalmente Alice, que poderia se abater, com a visão que poderia ter, acerca da minha figura, que não estava no seu balcão, no passadiço de entrada de minha pequena Lúcia, já que provavelmente, deve ter ido realizar uma outra função, naquele horário. Neste momento, ainda derrotado e desorientado, pela posição em que me inseria, esbarrara em alguém, que logo discernira, pois pós o nosso choque, direccionara os meus olhos a figura à frente de mim, para que pudesse desculpar-me, porque a nossa colisão, não surtira um efeito, a ponto de poder desequilibrar-me, que de correspondente guisa, me observara, pelo motivo de que firmáramos um contacto visual, porém, inquietada e espantada, era senhorita Rara e, sua expressão a nível do rosto, a denunciava, isso com certeza, pela forma que me apresentava.
— Robert, que raios aconteceu para estares assim? — Atira senhorita Rara extasiada.
— Senhorita Rara, peço-lhe para que proteja a minha pequena Lúcia e, de igual modo, a senhorita Milena, para que não possa, semelhantemente, descobrir. — Digo já sem qualquer fôlego e, mais a fazer referência, ao carpido que me acompanhava.
Senhorita Rara, apercebendo do que afirmara, porque seu semblante, mais uma vez, a entregava, pois sem vocábulos estava, dado que já avaliava que senhorita Rara pudesse saber, o que acontecia entre a minha pequena Lúcia e aquele imoral homem, uma vez que era uma de suas melhores amigas e, nesse género de vínculo, poucos segredos se mantêm escondidos, além de que seu ar, a nível do rosto, serviu para uma vez mais, confirmar o que outrora já calculara, no entanto, neste caso, senhorita Milena não poderia ficar sabendo, pois seria a quebra desse laço, visto que era uma das susceptíveis peças deste jogo, assim como eu, ainda assim, não me sentia mal por não me ter dito, sendo que era compreensível o porquê, dado que de um lado tinha a sua melhor amiga e, do outro, o homem que morbidamente a amara e, isso, era uma tarefa bastante árdua para suportar e arcar.
Assim sendo, senhorita Rara depois de um abismal silêncio, que se fazia presente desde a minha última exibição, prosseguira com o seu relato, dando origem a mais comentários.
— Robert, peço-te que vás para casa e, que não tentes nenhum infortúnio, pois se tentares, eu jamais te irei perdoar. — Argumenta senhorita Rara, com os olhos encharcados e, de feição, preocupada, fazendo menção, a tentativa minha de ir ao encontro de minha pequena Lúcia, há dois anos.
Afirmara com um gesto que fizera através do rosto, dando a entender a senhorita Rara, que não haveria de me tentar matar, assim que saíra do corredor em que nos encontrávamos, sem dúvida, indo em direcção ao escritório de minha pequena Lúcia e, sabia desta especificidade, não apenas por lhe ter feito um pedido, mas porque também, era legível apenas com um olhar superficial, a perplexidade em sua face, além de sua estupefação.
E, lá estava eu, andando outra vez, o caminho até aquela saída de emergência dantes inconcluído e, ainda lacerado e desolado, entretanto, desta vez, já sabia que itinerário haveria de cruzar, que não seria o de minha tentativa de morte e, muito menos, a casa de minha pequena Lúcia, posto que não poderia e nem conseguiria pela tamanha dor, uma vez que muitos momentos passamos em sua residência e, todos eles, eram alegres, o que contribuiria mais, para o arrasamento de minha figura, pela minha incapacidade de poder aguentar, mas sim, seria a estância deixada por Cassandra a mim, que se estivesse presente, seria capaz de a todo custo, comprometer-se em sarar as feridas invisíveis que se espalhavam pelo meu corpo, cuja intensa algia, apenas eu, poderia sentir. Todavia, ela não se encontra e, sendo assim, somente eu poderia e, deveria, me tentar sarar, mesmo sabendo que era completamente irreal.

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EYES & EYES
RomanceArrogante para muitos e incompreendida para os mais próximos. Fria, ríspida e asentimental, assim é Lúcia Morgan, a mulher que esconde em seu olhar, a sombra de um passado turbulento, no que diz respeito ao amor, portanto, abstém-se do mesmo. Alegr...